Estou me entregando a um novo projeto. Talvez o maior da minha vida e mais desafiador com toda certeza. E mesmo assim é por motivos de um covarde. É, estou confuso hoje. Essa foi mais uma noite em claro, estou um pouco eufórico e com os joelhos doendo por estar desde as onze da noite até agora (8:14) sentado na frente do computador. Óbvio que isso foi uma escolha deliberada, então, não tenho muito o direito de reclamar. Enfim...
Ainda não falei da minha nova meta de vida, falei? Não, não falei (nossa que vontade de escrever tudo isso em inglês! Sono + cérebro bilíngüe = Igo falando asneiras em uma língua que ele mal compreende. É que ando vendo muito House, M.D. legendado).
Meu novo projeto de vida é provar, pra mim mesmo, que Deus não existe.
Obs.: qualquer menção a Deus, não significa apenas ao criador, mas sim à religião, à fé, à crença profunda em qualquer coisa que transcenda o mundo material.
Oooooooh!
É sério! E vou seguir um princípio básico que deve ter um nome legal em qualquer matéria de Metodologia de Pesquisa Cientifica (ou similares). Minha linha de raciocínio se baseia em dois fatos simples: existem centenas (se não milhares) de religiões ao redor do mundo que acreditam em diversas coisas, diversos deuses, diversos rituais. Como pode haver um Dues, se cada povo acredita em um diferente? Podemos partir da premissa que várias pessoas acreditavam que a matéria era composta por Água, Fogo, Ar e Terra e outras pessoas acreditavam em Prótons, Nêutrons e Elétrons. Ou seja, só porque pessoas acreditam em coisas diferentes não significa que uma dessas coisas não existam. Eu posso acreditar em Maomé e você, no Senhor, e isso não exclui, necessariamente, a existência de um, de outro, ou dos dois. No entanto, antigas religiões orientais simplesmente não acreditavam em deus algum. Acreditavam no culto aos ancestrais, em boa sorte e demônios. É difícil dizer, mas sua medicina se baseava em fatos científicos (apenas a observação, logicamente), diferente das culturas dos índios americanos, que mesmo adotando eficientes remédios da natureza, na maioria das vezes, atribuíam a cura a entidades e espíritos em rituais xamãs.
Nós acreditamos em um Deus, os árabes acreditam em outro, judeus em outro, e orientais em nenhum! E tenho que dizer que eles vivem muito bem com sua consciência e moral muito bem estabelecidas (aliás, na minha opinião, muito melhor do que a de nós, teocráticos...). E sempre haverá os bons e inveterados ateus, que também vivem muito bem, obrigado. Se tantas culturas acreditam em tantos deuses diferentes e uma não acredita em nada, podemos presumir que os ateístas ganham, já que, probabilisticamente falando, sua chances são maiores de estar certo. É complicado expressar isso aqui em uma fórmula matemática, até porque a lógica é só minha. Vou tentar explicar.
Num universo de apenas três possibilidades de existência (Deus X, Deus Y e Nenhum Deus), e confrontando cada cultura com o numero de resultados possíveis, encontraríamos seria Deus X ou Deus Y ou Nenhum Deus. Se acrescentarmos os Deus Z, então teremos apenas mais um item como resultado, restando assim: 1 Deus X, 1 Deus Y, 1 Deus Z E 1 Nenhum Deus. Quando acrescentamos os ateus, a possibilidade de nenhum deus existir sobe. Ou seja. 1 Deus X, 1 Deus Y, 1 Deus Z e 2 Nenhum Deus. Probabilisticamente falando, não existe nenhum deus. Confuso? Eu também achei, mas estou conseguindo compreender meu próprio raciocínio - acredite, isso é raro!
E por que estou fazendo isso? Por que, ao contrário do que a maioria pensa, a existência de Deus não alivia nossa existência. Pelo contrário, só coloca peso nela. Porque, em dado momento da nossa vida, somos impelidos a fazer algo ou impedidos de fazê-lo, não por nossa própria segurança, mas por termos medo do que “Deus fará”. Deus não nos conforta, Deus nos acua. (Algum fanático religiosos poderia dizer que Deus nos protege de nós mesmo, mas afinal de contas, foi Ele quem nos fez! Por que não nos fez com um instinto de auto-preservação?).
Deus é o cara que nos impõe limites morais. Deus é nossa jaula. Ele nos controla. E, as vezes que rezamos, não é pra ele, e sim pra algo que nós queremos que exista. Por que quando tudo mais escapa é mais fácil pedir ajuda a alguém que (supostamente) pode tudo. Porque quanto tudo dá errado nas nossas vidas, é mais fácil culpar alguém que não se vê e que você nem tem exata certeza que existe. Deus é nosso alter ego. Por que é mais fácil admitir que o Universo segue as regras de alguém, mesmo que não saibamos quem é, mas segue às regras de alguém! Se o Universo segue regras, mas essas regras não são de ninguém, então... não são regras confiáveis. Não dá pra confiar em “ninguém”... Você confia em “alguém”, talvez você não tenha visto jamais esse “alguém”, mas é melhor confiar num desconhecido do que em “ninguém”. Deus existe para aplacar nosso medo. Porque temos a maldita mania de achar que somos mais do que sinapses nervosas e Ácido Desoxirribonucléico! Acreditamos em Deus porque queremos mais! Queremos ser mais! Deus não é nossa salvação! Pelo menos não espiritualmente falando... Deus é a salvação de nossos egos. A imagem de um deus nos impele a querer ser sempre mais do que somos, assim como o super-man ou o homem-aranha. Deus é nosso herói de quadrinhos. Just it!
Você sabe porque algumas pessoas preferiam acreditar em Água, Fogo, Ar e Terra ao invés de acreditar em prótons, elétrons e nêutrons? Porque não é possível ver partículas sub-atômicas a olho nu. No entanto, hoje sabemos que os prótons e nêutrons ainda podem ser divididos em partículas ainda menores. Ver aquilo que é achávamos que era invisível se tornou fácil pra nós. Então, temos a necessidade de olhar para aquilo que temos certeza que não vamos ver: aquilo que está dentro de nossos pensamentos, apenas para manter deus na nossa fantasia.