quarta-feira, 13 de julho de 2011

Defeituoso

Velho.
Obtuso.
Cansado.
Raso.
Quebrado.
Fraco.
Perdido.
Esquecido.
Ignorado.
Encarcerado.
Feito em pedaços.
Defeituoso.

Farpa

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Às vezes,tenho a sensação de que há uma farpa enfiada na minha mente. Sabe aquela coisa insana que, apesar de você não saber de onde vem, incomoda, arde. Existe algo dentro de mim que me deixa em um estado permanente de inquietude. Uma farpa enfiada na minha mente, me enlouquecendo.

Acredito que seja essa maldita farpa que faz de mim o que sou: essa criatura descontroladamente insatisfeita com o que quer que seja, incapaz se sentir confortável em qualquer posição.

E não! Isso não é uma coisa boa! É irritante estar com essa farpa permanente na cabeça, porque felicidade depende principalmente de satisfação; e como estar satisfeito se tem alguma coisa ali, fincando, machucando? Não dá, né?!

Metaforicamente falando, você poderia dizer: “tira essa farpa daí, oras!” OK! Mas não é tão fácil. Aliás, é impossível tirar uma farpa metafórica da cabeça! Ela só existe na minha mente.

Essa farpa tem nome: eu!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pelo Jornalismo (Mais) Opinativo




Existe, no jornalismo (o sério, pelo menos), a instrução “incontestável” da procura pela matéria objetiva e imparcial. Imparcial porque, há quem acredite, que a opinião expressa numa notícia poderia influenciar o consumidor daquela notícia (sei que “consumidor”, nesse contexto, é uma péssima palavra, ao mesmo tempo que não me passa mais nada na cabeça, dentro de mesmo contexto). Fato é que muita gente realmente não tem inteligência para discernir a subjetividade nas linhas dos jornais, mas a culpa disso é de quem?… Continuando…

Na minha opinião, a primeira premissa errada dessa “teoria” é que é impossível para uma ser humano - que, afinal, é quem produz as notícias (“produz” também é uma péssima palavra no contexto, mas dificilmente há outra mais apropriada) - dissociar sua opinião sobre um acontecimento na hora de redigi-lo para as redações. Na lingüística, a própria escolha de palavras, na hora de montar uma frase, é uma marca de subjetividade. Ou seja, ser imparcial é uma batalha perdida logo no começo.

Segundo - e de novo, na minha opinião - a realidade não muda de espectador para espectador; a realidade é imutável - alguns filósofos vão, com certeza discordar de mim. O que varia de pessoa pra pessoa é a interpretação que se faz daquela realidade, interpretação essa sujeita às experiências individuais.

Faço, agora, uma curva na minha teoria, para depois arrematá-la.

Vivemos um mundo conectado, em que é fácil enviar e-mails e mensagens pelo espaço quase instantaneamente. Na prática, qualquer jornal pode cobrir qualquer evento em qualquer lugar do mundo; basta ter um acordo com agencias de notícias ao redor do globo e pode, então, retransmitir os boletins localmente. No entanto, a facilidade tecnológica facilita a burrice tecnológica. Por quê? Agora, não falo apenas como um graduando em jornalismo, mas também como um consumidor (vide acima) dos principais portais de notícia do Brasil: é lamentável visitar diferentes sites de notícia e encontrar as MESMAS matérias! Não estou falando das mesmas pautas. Falo de encontrar a MESMAS matérias, com as mesmas palavras, os mesmo títulos, as mesmas citações e, às vezes, os mesmos erros! O ctrl+c/ctrl+v é o verdadeiro desserviço à prática jornalística no mundo digital!

No entanto, esse desserviço é sustentado pela imutabilidade da realidade que nos cerca - se um fato é invariável, a matéria sobre esse fato também não precisa variar. Isso empobrece os jornais, transformando-os em meros retransmissores. Para isso, não precisamos de jornais, basta assinar feeds de notícias internet a fora.

Uma postura menos imparcial, com inferências opinativas mais expressivas nos corpos das matérias, ao invés de relegá-las às colunas de análises e editoriais, transformaria esse panorama seco e, nos casos de ctrl+c/ctrl+v, medíocres do jornalismo.

É preciso lembrar que, ao contrário do que Sócrates poderia dizer, opiniões não diminuem a veracidade de um fato, quando ele é apurado com seriedade, ética e profissionalismo. É mais honesto com o leitor ou espectador assumir posturas parciais mais nítidas, além de contribuir para algo que anda escasso na massa que é a discussão do que acontece no mundo. E é impossível levantar discussões sem ter opiniões ou, no mínimo, argumentos; e ambos fogem ao alcance dessa linha “objetiva e imparcial” de fazer jornalismo.

A única coisa que não pode mudar é o compromisso com a verdade.

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Raul Seixas - Metamorfose Ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

domingo, 3 de julho de 2011

Usando Anakin Skywalker Para Explicar o Fracasso da ONU Diante de Kadafi




Este post pode ser uma tentativa Nerd (para não mencionar infantil) de explicar algumas incoerências do nosso mundo civilizado atual: porque Kadafi ainda não foi derrotado pelas forças da ONU?

Eu sou um fã inveterado de Star Wars - e ao contrário dos saudosista, prefiro a nova trilogia do que a antiga, embora ela tenha memoráveis erros de execução - e acompanho The Clone Wars. No fim da última temporada, Anakin Skywalker e Obi-Wan são enviados em uma missão de resgate, para salvar um outro Jedi e sua tripulação, que guardavam um segredo de guerra que poderia dar a vitória para o lado que o possuísse. No desenrolar dos acontecimentos, Anakin, com sua personalidade já meio torta, discute com um dos capitães aprisionados sobre o andamento da Guerra dos Clone e da postura Jedi diante de certos cenários. Chegam à conclusão, assim, que o Código Jedi muitas vezes impede que a República ganhe diversas batalhas contra os Separatistas, pois os impede de fazer o que é “necessário” para conseguir a vitória.

Isso é um fato. Claro que a ONU não possuí nenhum Código Jedi, mas tem que responder às críticas do mundo civilizado, que vê no respeito à vida e ao inimigo como um sinal de moral e - sabe-se lá porquê - de superioridade. Tanto que ela é mal-vista por ter matado civis nas campanhas equivocadas que faz na Líbia. Kadafi não tem a mesma preocupação, ou seja, não há bússola moral que o guie, a não ser a própria arrogância messiânica e egocêntrica que guia todos os tiranos. Ele pode matar quem ele quiser, usar qualquer artifício que tiver em mãos para se manter no poder; as Forças da ONU não podem, primeiro, pela própria moral e, segundo, pela opinião pública que segue a mesma moral.

Não estou dizendo que devam se igualar a Kadafi e esquecer os valores sobre os quais o Ocidente se baseou. Mas enquanto a ONU não decidir se mantém seus ideais ou se para de passar vergonha, essa história vai se prolongar. A obsolescência não parece ser uma opção agradável…