quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Se Não Houvesse Religião...




Se não houvesse religião, haveria paz no Oriente Médio
Se não houvesse religião, haveria paz na Irlanda
Se não houvesse religião, milhões seriam poupados de perseguições religiosas
Se não houvesse religião, não haveria fanáticos religiosos
Se não houvesse religião, haveria uma desculpa a menos para tanta iniqüidade

Se não houvesse religião, as pessoas viveriam livres de tanta culpa descabida
Se não houvesse religião, haveria menos hipocrisia
Se não houvesse religião, o bem e o mal seriam mais claros
Se não houvesse religião, haveria menos aproveitadores do dinheiro de desesperados
Se não houvesse religião, as pessoas se preocupariam mais com o aqui e agora

Se não houvesse religião, a moral seria, de fato, universal
Se não houvesse religião, haveria mais inteligência
Se não houvesse religião, haveria menos mesquinharia
Se não houvesse religião, haveria menos pessoas sofrendo no leito de morte
Se não houvesse religião, haveria menos pessoas morrendo de doenças tolas

Se não houvesse religião, haveria mais racionalidade, mais consciência
Se não houvesse religião, o mundo não acabaria na devassidão e na imoralidade
Se não houvesse religião, haveria menos mentiras úteis e mais verdades inevitáveis
Se não houvesse religião, haveria menos dor
Se não houvesse religião, haveria mais liberdade

Se não houvesse religião, haveria mais humanidade.


sábado, 20 de agosto de 2011

A Verdade Por Trás das “Verdades”

sofism

Entendo que seja obrigação moral de todo e qualquer jornalista (ou pretenso) destrinchar a verdade por trás das “verdades”. A vida é assim mesmo, camadas de verdades, umas sobre as outras, principalmente quando se trata de ideologias - na minha opinião, ideologias expressas em palavras são meias-mentiras e meias-verdades quando ideologia é usada como doutrinação, já chegou a ser mentira-e-meia.

Pois bem…

O problema de se ser uma pessoa atenta às notícias é que às vezes você chega a materiais deploráveis. Hoje, navegando por aí encontrei esta notícia: “Silas Malafaia: ‘Governante vai ter de dizer em que acredita’”. Não que seja fã deste sujeito. “Mantenha seus amigos perto, seus inimigos mais perto ainda” é um dos ditados mais verdadeiros que já chegou aos meus ouvidos. É, claro, um inimigo metafórico, pois presta um desserviço, não só à minha classe, mas à sociedade de uma maneira geral. Mas como ninguém nota que a bússola moral da religião está torta à uns vinte séculos, o que ele diz deve ser trazido á luz da razão e tirado do obscurantismo tacanho que infesta esse tipo de discurso.

A matéria é, na verdade uma entrevista com Malafaia, sobre os pontos mais espinhosos que atualmente ronda a pauta evangélica: política e homossexualidade (coloquei em negrito para que fique claro que homossexualismo não é mais um termo aceito pelo Conselho Federal de Psicologia, pois não constitui nenhum tipo doença ou perversão. Fato vonluntariamente ignorado por Malafaia, porque, dizem, é psicólogo e deveria saber. Mas o que não é a religião se não a escolha voluntária pela ignorância?). Destacarei alguns pontos importantes para os propósitos desse post:

ÉPOCA – O que é, em sua opinião, a homossexualidade?
Malafaia –
O homossexualismo é comportamental. Uma pessoa é homem ou mulher por determinação genética, e homossexual por preferência apreendida ou imposta. É um comportamento. Ninguém nasce homossexual. Não existe ordem cromossômica homossexual, não existem genes homossexuais. O cromossomo de um homem hétero e de um homem homossexual é a mesma coisa. O resto é falácia, é blá-blá-blá. Só existe macho e fêmea, meu amigo.

Nada no comportamento humano é 100% comportamental ou 100% genético. O comportamento humano é uma confluência dos dois: ambiente e genética. Sim, homens héteros e homens gays possuem os mesmo cromossomos XY, mas se prestasse mais atenção em biologia, ao invés de se preocupar com sofismos contaminados, perceberia que os cromossomos sexuais determinam apenas o sexo - aparelho genital e características primárias e secundárias - do indivíduo e não seu comportamento sexual como um todo. No caso da homossexualidade, ainda há teorias que consideram o período embrionário como uma etapa importante do desenvolvimento sexual. E se fosse puramente comportamental, como ele explica o surgimento de homossexuais em famílias de indivíduos hétero?…

ÉPOCA – Por que o comportamento homossexual se desenvolve?
Malafaia –
A Bíblia diz que, aos homens que não se importaram em ter conhecimento de Deus, Ele os entregou um sentimento perverso para fazerem coisas que não convêm. Do ponto de vista comportamental, é promiscuidade mesmo, meu amigo. O ser humano quer quebrar todos os limites. Quanto mais ele quebra limites, mais insaciável se torna. Ninguém nasce homossexual. É a promiscuidade do ser humano.

Nessa ele me perdeu quando disse “a bíblia”; para citar o próprio: “é falácia, é blá-blá-blá”. Impossível argumentar com dogmas… Mas sim, o ser humano é promíscuo. Se não fosse não haveria raça humana. Todos são promíscuos, homossexuais e heterossexuais. Alguns só são hipócritas demais pra admitir que pensam em sexo 24h por dia. (Pequeno parênteses. “A bíblia” diz: “crescei-vos e mutiplicaí-vos”. Isso é ou não é um convite à promiscuidade?…)

ÉPOCA – É possível alguém deixar de ser homossexual?
Malafaia –
Nossa igreja está cheia de gente que era homossexual. O cara não nasceu (homossexual). Se não nasceu, amigo... Ninguém nasce homossexual. É uma opção, por uma série de elementos: ou porque foi violentado, ou porque escolheu por modelo de imitação. O ser humano vive por modelo de imitação.

ÉPOCA – E como se dá essa reversão?
Malafaia –
Meu filho, essa reversão é o cara voltar a ser macho e a mulher voltar a ser fêmea. Dar forças para o cara vencer isso. Acredito no poder do Evangelho para transformar qualquer pessoa, inclusive homossexuais.

Esse era o objetivo principal do post de hoje: as terapias de conversão.

Malafaia defende que é possível alguém deixar de ser homossexual. O mito do “ex-gay”. Este, talvez, seja o único ponto em que concorde com esse senhor: sim, é possível reduzir ou eliminar o comportamento homossexual, porque afinal, é um comportamento… embora tenha sinceras dúvidas de que vá reduzir ou eliminar a natureza homossexual. Malafaia ainda acredita (ou deve acreditar)que é um direito do indivíduo procurar terapias para se livrar do “fabulous” que há nele. Porém, a lei não permite essas terapias e é fortemente repudiada por conselhos de psicologia, porque, como disse, não vêem a homossexualidade como uma doença, logo, não necessita terapias.

Por mais absurdo que possa parecer, eu concordo com Malafaia mais uma vez! Deveria haver serviços (por falta de uma palavra melhor) que possibilitassem essa “mudança de hábito”, afinal, as pessoas têm que ser livres para serem o que quiserem. E se a condição de homossexual o desagrada, porque não haveria de ter terapias. Pessoas com TOC procuram terapias… com manias. Tímidos procuram terapeutas para desenvolverem suas habilidades sociais…

NO ENTANTO (ênfase no “no entanto”), o que passa pela minha cabeça e o que não passa pela cabeça do Malafaia e todos a quem ele simbolicamente representa é: o que leva uma pessoa a querer deixar de ser gay? Malafaia e seus representados poderiam dizer algo do tipo: “porque a presença divina que há no indivíduo reconhece a impureza e o pecado de seus atos”. Bem… isso “é falácia, é blá-blá-blá”. Alguns mais sensatos (ou menos ignorantes), ou até os próprios gays poderiam dizer: “ser homossexual é angustiante, por causa de todo preconceito, de toda violência. Do medo de ser excluído, medo de ser deixado de lado por parentes e amigos. Ser homossexual é angustiante.”

Aí está a resposta. Ninguém quer deixar de ser gay por causa de uma certeza intrínseca e natural da “anti-naturalidade” de ser gay (e não é!). As terapias de conversão seriam a “saída de emergência” daqueles que tem medo de enfrentar a sociedade ao redor, porque ela lhe será hostil por conta única e exclusivamente de sua homossexualidade. Não é uma escolha livre do ser humano suprimir sua expressão sexual, ela é suprimida por agente externos, pelo medo da repressão, da “vingança divina”.

Num ambiente (ainda muito) preconceituoso como o nosso, como um indivíduo poderia tomar a livre decisão de deixar de ser gay? Resposta: não, não dá!

Quando houver um cenário livre de preconceitos e discriminação, eu apoiarei as terapias de conversão. Até lá, usarei meu intelecto para destrinchar as verdades ideológicas da obsolescência.

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ps.: desculpem pelo texto longo… eu mesmo quase parei de escrevê-lo umas cinco veze…

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"Posso não concordar com nenhuma de tuas palavras,
mas morrerei defendendo o teu direito de dizê-las."
Voltaire

sábado, 13 de agosto de 2011

Indução ou Atração



Existem dois fenômenos na física, mais apropriadamente, no estudo do eletromagnetismo, conhecidos como Indução Eletromagnética e Atração Magnética. Na indução eletromagnética, de forma grosseiramente explicada, o campo magnético de um imã em movimento acaba gerando, em um fio, uma diferença de voltagem e, por consequência, uma corrente elétrica. A atração eletromagnética é mais conhecida, e notadamente mais simples, pois é a simples atração de objetos eletricamente carregados, sejam imãs ou pentes que você esfregou na cabeça e aproximou de papeizinhos.

Não! Embora minha curiosidade pela física seja enorme, pouco sei sobre essa ciência. Sei menos ainda sobre eletromagnetismo. Então, porque raios (sacou a piada?) estou falando sobre isso?!

Simples - mais simples do que física. Na última aula de Ética surgiu a discussão sobre a corrupção intrínseca da política brasileira. Minha professora evocou (sim, estou erudito hoje) a máxima de Nietzsche “O que não nos mata nos fortalece”, modificada pelo cineasta Terry Gilliam da seguinte forma: “O que não nos mata só nos deixa muito mais cansados”. Ela se referia ao impeachment do presidente Fernando Collor. O movimento que o tirou do poder não foi suficiente para limpar o cenário político brasileiro e a corrupção continua entranhada em praticamente todos os níveis do nosso governo. Prova disso foi a suposta “faxina” pela presidente Dilma no Ministério dos Transportes e que se vê às voltas, também, com os Ministérios da Agricultura e do Turismo.

Depois de algumas definições sobre a ética que nos torna humano, a professora perguntou por que os políticos acabam por roubar e desviar dinheiro e todas aquelas lambanças se sabem que é errado? “Todo mundo fazer, porque não vou fazer?”, foi uma das possíveis explicações, concluindo no velho “o meio afeta o indivíduo”. Daí questionou-se o livre arbítrio, ou seja, se a escolha pelo errado é dada pelo meio, então o sujeito não tem poder de escolher o certo, o livre arbítrio, mas é inegável que todos nós o temos.

Nesse ponto me ocorreu uma frase dita pelo Detetive Tritter, na terceira temporada da série House, M.D.: “A medicina atrai aqueles que são atraídos pelo poder”. Nesse cenário a escolha se dá, não sob influência do meio, mas por causa dele. Exemplo: o vandalismo atrai aqueles que possuem um fraco pela depredação - seja para se auto-afirmarem, seja pela pura delinquência. Quem não vê graça em destruir a propriedade alheia e a pública não se mistura com grupos de vândalos.

Não acredito que seja diferente na política. Uma pessoa que não tem qualquer interesse em governar não põe seu nome para concorrer a um cargo. Políticos são atraídos pelo poder.

Claro que apenas isso não explica a corrupção intrínseca da política brasileira, afinal é possível exercer poder de forma correta. Acontece que a política brasileira é um terreno fértil para a corrupção; uma combinação básica de leis ineficazes, que dificultam condenações, com eleitores alienados, que não conhecem seus candidatos e, portanto, não podem fiscalizar nem cobrar honestidade e transparência.

Seguindo a minha teoria de atração, um meio propício à corrupção atrairá que tipo de político? Aquele propenso à corrupção! O sujeito não muda ao chegar o poder, influenciado por aqueles que já estavam ali e roubavam; ele se prontificou à governar porque sabe dos espólios fartos provenientes da pilhagem de cofres públicos, e que, mesmo que seja flagrado roubando, dificilmente será condenando, tanto pela justiça quanto pelos eleitores. Não há qualquer “indução” do meio, há a “atração” por ele.

Solução para esse problema: certamente não são impeachments ou demissão dos corruptos ou já teríamos resolvido isso, há muito tempo! Não se muda um jogo ruim retirando os jogadores. Muda-se um jogo pelas suas regras. Quando o cenário ou o meio forem mudados, quando forem menos amigáveis a saqueadores de dinheiro público, então a corrupção acabará.

Para permanecer na minha metáfora inicial, um meio só pode ser induzido eletricamente se ele for, primeiro, condutor.

p.s.¹: sim, é um texto confuso. Eu mesmo não sei onde comecei e onde terminei esse texto. De eletricidade, fui pra Ética, depois pra política, depois pra Nietzsche, pra House, pra psicologia social, pra política de novo e acabei terminando na eletricidade. Mas vocês são pessoas inteligentes, sei que vão entender o que quis dizer. E depois vão me explicar, porque eu não entendi bulhufas!

p.s.²: não consigo mais me lembrar da frase “o que não nos mata nos faz mais fortes” (what doesn’t kill us makes us stronger) sem associá-la à fala parodiada pelo Coringa, em Batman The Dark Knight, na cena em do assalto ao banco: “o que não nos mata nos faz mais estranhos” (what doesn’t kill us makes us... stranger).

sábado, 6 de agosto de 2011

Numa Democracia, Até o Mau Gosto Merece Ser Mostrado



Sim, por mais contra-senso que isso pareça, até o mal gosto merece ser mostrado numa verdadeira democracia (coisa que o Brasil, por estas e outras, ainda parece longe de ser). Se você acha o contrário, por qualquer razão que seja, você está no começo do caminho para a censura. Lembre-se: nenhuma censura jamais foi instaurada por razões ruins ou más intenções. O impulso de vetar a informação sempre tem fundamentos nas mais belas e honrosas intenções...

Assim acontece com "A Serbian Film - Terror Sem Limites", do diretor Srdjan Spasojevic. Não vou discutir o conteúdo do filme, que, pelo que andei lendo, está abaixo do tal mal gosto que havia mencionado no título. Cenas de incesto, necro e pedofilia das mais brutais, tudo com um pano de fundo de crítica política. Ou seja, é o supra sumo da mediocridade pseudo-intelectual. No entanto, isso não é desculpa para censurá-lo, como fez o estado do Rio de Janeiro. "Uma juíza proibiu a sua pré-estréia no sábado, dia 23. Ela concedeu uma liminar impedindo a exibição a pedido do DEM do Rio de Janeiro. O ex-prefeito Cesar Maia, que não viu a fita, considerou que sua exibição seria danosa para os brasileiros e violava o Estatuto da Criança e do Adolescente.", diz Reinaldo Azevedo, em seu blog na Veja.com. Essa é uma síntese do imbrólio.

A pergunta que fica é: alguém no Brasil ao menos sabe o que é Liberdade de Expressão? A resposta é: não só sabem sabem como a destestam...

Vou destrinchar primeiro o caso do "A Serbian Film" e depois parto para questões mais abrangentes.

O Artigo 5º, da Constituição Brasileira de 1988 - sim, aquela mesma, feita depois da Ditadura Militar -, no parágrafo IX, diz: "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença". Ponto. 

Há quem diga e argumente que a Liberdade de Expressão não é absoluta e que, em certos casos ela não se aplique. Ela seria conflitante por exemplo com no Artigo 1º, paragráfo III, que diz "A República Federativa do Brasil [..] tem como fundamentos: a dignidade da pessoa humana". Com base nesse parágrafo, argumenta-se que "A Serbian Film" é uma afronta a dignidade humana, por apresentar cenas de sexo com cadáveres, parentes, menores de idade e até bebês e, portanto, o Estado tem o direito - se não, o dever - de proibir sua exibição.

Como eu disse, a censura nunca vem com seu rosto malévolo, mas, sim, com uma máscara de defensora da moral e dos bons costumes.

Me pergunto, se a exibição do filme - por mais repugnante que seja - não seria mais útil à promoção "dignidade humana" do que sua censura. Até onde sei, o filme é um protesto político, portanto, uma denúncia de alguma situação deplorável que chegou ao conhecimento do diretor! Segundo - e aqui, admito a possibilidade de estar errado -, o Estado não deveria se ocupar de riscos reais à "dignidade humana"? Que riscos reais à dignidade humana um filme pode oferecer - além do óbvio atentado ao bom-gosto.

E se a censura ao filme em questão é para proteger a "dignidade humana", o que dizer de filmes como a franquia "Jogos Mortais" ou "O Albergue", com cenas de tortura e morte de pessoas apenas para divertimento? Não cheguei a ver toda a série Jogos Mortais, mas lembro que uma das "jogadoras", para escapar das armadilhas, tinha que abrir o corpo namorado para encontrar a chave que a libertaria. Em "O Albergue 2", há uma cena particularmente perturbadora, em que um jovem (lembro-me bem, porque era o ator que fez Victor Krum, em Harry Potter e o Cálice de Fogo) está amarrado em uma mesa, se debatendo, enquanto um senhor alegremente fatia pedaços da sua coxa e as come cruas... Claro que sexo com bebês é mais grave e mais perverso, mas todas essas situações não estão no hall dos atentados à "dignidade humana"? E porque nada foi feito para censurar esses e outros filmes de terror/suspense? Resposta: "A Serbian Film" não veio de nenhum super estúdio hollywoodiano e diz ter um viés político. A censura só deixa exposta a hipocrisia dos governos e governantes que permitem quando ganham e querem proibir quando perdem.

Mesmo que a Liberdade de Expressão não seja um direito absoluto, eu digo (e não só eu) que ela deveria ser! Qualquer um deveria ter o direito de expressar suas idéias e pensamentos livremente, sem que o Estado o cale antes de saber o que a dizer. Os simpatizantes da censura dizem que a Liberdade de Expresão absluta abriria brechas para a impunidade. Isso é uma afirmação falsa e perigosa! Nós deveríamos ser livres para expressármos nossas idéias, mas isso não nos isenta de responder pelas consequências do que foi dito. Consequências, estas, muitas vezes definidades pelas leis. No caso de um péssimo filme como "A Serbian Film", a consquência é ser criticado e boicotado por expectadores pensantes e de seus criadores é serem levados ao ostracismo pela opinião do público e pelo meio cinematográfico. 

Se este fosse um caso isolado no Brasil, as implicações seriam, obviamente, menores. No entanto, a censura ainda é um vício no país que impede a exibição não apenas de filmes de péssimo gosto, mas também notícias de real relevância ao interesse público; políticos (em geral) não tem qualquer respeito pela profissão jornalística e insistem em desmerecê-la quando, no exercício de sua função, denunciam os descalabros corruptos do poder. 

O flerte com a censura, de qualquer espécie, é a marca de um Estado que não tem qualquer interesse com seu povo. Seus interesses são apenas para com a manutenção do poder e a alienação. Quanto tempo levará para que a proibição de um filme se torne a proibição de certas notícias pertinenetes ao público e impertinentes aos jogos de poder?

A prova da verdadeira democracia é a relevância até do que nos é contrário. Aquilo que tem aversão à contrariedade chama-se ditadura.

Deixem que até o mau gosto seja mostrado!


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Defeituoso

Velho.
Obtuso.
Cansado.
Raso.
Quebrado.
Fraco.
Perdido.
Esquecido.
Ignorado.
Encarcerado.
Feito em pedaços.
Defeituoso.

Farpa

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Às vezes,tenho a sensação de que há uma farpa enfiada na minha mente. Sabe aquela coisa insana que, apesar de você não saber de onde vem, incomoda, arde. Existe algo dentro de mim que me deixa em um estado permanente de inquietude. Uma farpa enfiada na minha mente, me enlouquecendo.

Acredito que seja essa maldita farpa que faz de mim o que sou: essa criatura descontroladamente insatisfeita com o que quer que seja, incapaz se sentir confortável em qualquer posição.

E não! Isso não é uma coisa boa! É irritante estar com essa farpa permanente na cabeça, porque felicidade depende principalmente de satisfação; e como estar satisfeito se tem alguma coisa ali, fincando, machucando? Não dá, né?!

Metaforicamente falando, você poderia dizer: “tira essa farpa daí, oras!” OK! Mas não é tão fácil. Aliás, é impossível tirar uma farpa metafórica da cabeça! Ela só existe na minha mente.

Essa farpa tem nome: eu!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pelo Jornalismo (Mais) Opinativo




Existe, no jornalismo (o sério, pelo menos), a instrução “incontestável” da procura pela matéria objetiva e imparcial. Imparcial porque, há quem acredite, que a opinião expressa numa notícia poderia influenciar o consumidor daquela notícia (sei que “consumidor”, nesse contexto, é uma péssima palavra, ao mesmo tempo que não me passa mais nada na cabeça, dentro de mesmo contexto). Fato é que muita gente realmente não tem inteligência para discernir a subjetividade nas linhas dos jornais, mas a culpa disso é de quem?… Continuando…

Na minha opinião, a primeira premissa errada dessa “teoria” é que é impossível para uma ser humano - que, afinal, é quem produz as notícias (“produz” também é uma péssima palavra no contexto, mas dificilmente há outra mais apropriada) - dissociar sua opinião sobre um acontecimento na hora de redigi-lo para as redações. Na lingüística, a própria escolha de palavras, na hora de montar uma frase, é uma marca de subjetividade. Ou seja, ser imparcial é uma batalha perdida logo no começo.

Segundo - e de novo, na minha opinião - a realidade não muda de espectador para espectador; a realidade é imutável - alguns filósofos vão, com certeza discordar de mim. O que varia de pessoa pra pessoa é a interpretação que se faz daquela realidade, interpretação essa sujeita às experiências individuais.

Faço, agora, uma curva na minha teoria, para depois arrematá-la.

Vivemos um mundo conectado, em que é fácil enviar e-mails e mensagens pelo espaço quase instantaneamente. Na prática, qualquer jornal pode cobrir qualquer evento em qualquer lugar do mundo; basta ter um acordo com agencias de notícias ao redor do globo e pode, então, retransmitir os boletins localmente. No entanto, a facilidade tecnológica facilita a burrice tecnológica. Por quê? Agora, não falo apenas como um graduando em jornalismo, mas também como um consumidor (vide acima) dos principais portais de notícia do Brasil: é lamentável visitar diferentes sites de notícia e encontrar as MESMAS matérias! Não estou falando das mesmas pautas. Falo de encontrar a MESMAS matérias, com as mesmas palavras, os mesmo títulos, as mesmas citações e, às vezes, os mesmos erros! O ctrl+c/ctrl+v é o verdadeiro desserviço à prática jornalística no mundo digital!

No entanto, esse desserviço é sustentado pela imutabilidade da realidade que nos cerca - se um fato é invariável, a matéria sobre esse fato também não precisa variar. Isso empobrece os jornais, transformando-os em meros retransmissores. Para isso, não precisamos de jornais, basta assinar feeds de notícias internet a fora.

Uma postura menos imparcial, com inferências opinativas mais expressivas nos corpos das matérias, ao invés de relegá-las às colunas de análises e editoriais, transformaria esse panorama seco e, nos casos de ctrl+c/ctrl+v, medíocres do jornalismo.

É preciso lembrar que, ao contrário do que Sócrates poderia dizer, opiniões não diminuem a veracidade de um fato, quando ele é apurado com seriedade, ética e profissionalismo. É mais honesto com o leitor ou espectador assumir posturas parciais mais nítidas, além de contribuir para algo que anda escasso na massa que é a discussão do que acontece no mundo. E é impossível levantar discussões sem ter opiniões ou, no mínimo, argumentos; e ambos fogem ao alcance dessa linha “objetiva e imparcial” de fazer jornalismo.

A única coisa que não pode mudar é o compromisso com a verdade.

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Raul Seixas - Metamorfose Ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

domingo, 3 de julho de 2011

Usando Anakin Skywalker Para Explicar o Fracasso da ONU Diante de Kadafi




Este post pode ser uma tentativa Nerd (para não mencionar infantil) de explicar algumas incoerências do nosso mundo civilizado atual: porque Kadafi ainda não foi derrotado pelas forças da ONU?

Eu sou um fã inveterado de Star Wars - e ao contrário dos saudosista, prefiro a nova trilogia do que a antiga, embora ela tenha memoráveis erros de execução - e acompanho The Clone Wars. No fim da última temporada, Anakin Skywalker e Obi-Wan são enviados em uma missão de resgate, para salvar um outro Jedi e sua tripulação, que guardavam um segredo de guerra que poderia dar a vitória para o lado que o possuísse. No desenrolar dos acontecimentos, Anakin, com sua personalidade já meio torta, discute com um dos capitães aprisionados sobre o andamento da Guerra dos Clone e da postura Jedi diante de certos cenários. Chegam à conclusão, assim, que o Código Jedi muitas vezes impede que a República ganhe diversas batalhas contra os Separatistas, pois os impede de fazer o que é “necessário” para conseguir a vitória.

Isso é um fato. Claro que a ONU não possuí nenhum Código Jedi, mas tem que responder às críticas do mundo civilizado, que vê no respeito à vida e ao inimigo como um sinal de moral e - sabe-se lá porquê - de superioridade. Tanto que ela é mal-vista por ter matado civis nas campanhas equivocadas que faz na Líbia. Kadafi não tem a mesma preocupação, ou seja, não há bússola moral que o guie, a não ser a própria arrogância messiânica e egocêntrica que guia todos os tiranos. Ele pode matar quem ele quiser, usar qualquer artifício que tiver em mãos para se manter no poder; as Forças da ONU não podem, primeiro, pela própria moral e, segundo, pela opinião pública que segue a mesma moral.

Não estou dizendo que devam se igualar a Kadafi e esquecer os valores sobre os quais o Ocidente se baseou. Mas enquanto a ONU não decidir se mantém seus ideais ou se para de passar vergonha, essa história vai se prolongar. A obsolescência não parece ser uma opção agradável…

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Homofobia Existe Sim!

Há quem diga que homofobia não existe no Brasil. Há quem afirme isso sem sombra de dúvidas, como se fosse uma certeza sobrenatural, superior. Mas ainda há os mais pragmáticos - e talvez mais perigosos - que estão atrás de provas para poder afirmar que não existe homofobia no Brasil. Não existe igualzinho não havia Holocausto na Alemanha nazista...

O ponto de partida para o argumento é que, num num universo de 50 mil assassinatos por ano no Brasil, e “apenas” 260 são de homossexuais, o que chegaria a 0,5% do número de assassinatos, não existe Homofobia. Ao meu ver se houvesse apenas 1 gay morto (o que chegaria a 0,002% do número de assassinatos/ano) só por ser gay, já seria o suficiente pra dizer que há alguma coisa de errada.

E, sim, numa sociedade violenta como a brasileira, claro que homossexuais também morrem pelos mesmos motivos que todo o restante da população. Latrocínio, crime passional, acidente de trânsito, de trabalho, suicídio… Mas quantas classes sociais podem se dar ao “luxo” de dizer que tem uma motivo pra assassinato exclusivamente sua?… (Assim, de imediato, só me passa a dos policiais - que em certas regiões, pode ser morto por bandidos só por ser policial, e, mesmo assim, se ele estiver incomodando a bandidagem). Essa condição me faz lembrar que, 300 anos atrás, pra ser escravo, bastava ser negro. Ou pior, filho de negros… e, daí pra morte, era um pulo…

E homofobia não é só assassinato! Agressões físicas, verbais, psicológicas também configuram homofobia! É uma, do mesmo modo como gritar “"Ôh! Crioulo!”, na rua, para um negro - que não seja seu amigo - e o sujeito se ofender, é considerado crime de racismo. Por que um gay aceitaria ser ofendido de bicha (mesmo que seja uma bicha)?! Por que o “ofensor” não seria penalizado pela ofensa?!

E, há, claro, provas cabais de que EXISTE, sim, homofobia! Por exemplo:

Que causou isso:


Essa é famosa. Alguém sabe de algum outro motivo para que esse ato de barbaridade tenha acontecido, se não o agressor ACHAR (ênfase no ACHAR) que a vítima era gay?!… Existem outros exemplos com toda certeza; os que ganharam a atenção da mídia e os que continuam relegados ao anonimato.

Não, não há homofobia entre os evangélicos. Minto. Há, sim! Mas em uma dose muito menor do que nos fazem querer achar. O que há, em larga escala, em massiva quantidade, é o preconceito travestido de “defesa da família”, de “defesa da moral”. O PL122 pode ser inconstitucional no que tange a liberdade religiosa. Mas a liberdade religiosa de uns, investida numa máquina política recheada do dinheiro do dízimo, está ferindo a liberdade de viver a vida de outros. Pior, o dinheiro do dízimo está sendo investido para produzir mentiras em favor de uma agenda retrógrada.

Homofobia existe no Brasil, sim! Se deus te disser que não existe, ele está mentindo!

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Para compreender melhor o que estou falando, clique aqui e aqui.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

V


Liberdade!
Não é pedir demais. É pedir tudo que importa! Direito a informação livre, direito à conhecimento sem barreiras.
A Internet não é terra de ninguém, é terra de todos! Não há, no mundo real, um ambiente tão participativo quando o da Internet. Compras em grupo, redes sociais, enciclopédias participativas! Todos contribuem para o crescimento da informação na Internet.
O grupo Lulzsec Brasil alega que “na última década, o governo tem tentado assumir o controle de nossa internet”. Verdade? Sim. E não só o brasileiro! Por quê? Estratégia de dominação: tome do povo, aquilo que é do povo, e você os dominará. É a lógica de qualquer governo. Quem domina um poço d’água, numa região desértica controla quem vai beber daquela água. Quem controla a “linha direta” com deus, controla quem vai pro céu... Quem controla informação e conhecimento, controla mentes e idéias.
Os ataques de Lulzsec tiveram alguma relevância, alem do incomodo gerado administradores dos sites e à segurança eletrônica deles? Não! Não revelaram dados importantes, não derrubaram serviços vitais, não lucraram nada com os ataques. Mas a idéia de defender a liberdade de informação na Internet é uma bandeira que vale a pena levantar. E atos prejudiciais aos serviços públicos que fossem danosos à população apenas diminuiria a nobreza de suas intenções.
Esses hackers são criminosos? São! Mas alguns criminosos do passado se tornaram revolucionários.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Filhos



Foi-se o tempo em que eu queria tê-los. Hoje, vejo pessoas com filhos nas ruas e a única pergunta que me passa pela cabeça é: como alguém pode ser tão irresponsável?

Não consigo mais me imaginar criando um filho no mundo em que vivemos hoje em dia. Um mundo no qual os valores são tão esquizofrênicos, tão insanos que chega a ser uma verdadeira afronta ao direito humano de uma criança viver.

Como criar um ser humano descente nesse lugar tão avassalador, em que se tem para todos os lados milhares de distrações daquilo que realmente importa ao alcance da mão ou dos dedos?!

Como criar uma personalidade honrosa, inteligente e crítica num mundo em que o ideal é ser justamente acéfalo? Como fazer sua criança entender que ficar alucinado não leva a lugar nenhum, quando existem dezenas de milhares de pessoas que acham que é "legal".

Como fazer seu filho entender que, por mais que sexo seja certo, existem milhares de pessoas servindo de exemplo errado?!

Como ensinar seu filho a respeitar os outros, quando os outros não se dão ao respeito e, portanto, ele acaba por aprender a desrespeitar os outros e a si próprio?

Como dedicar tempo ao seu filho, num mundo em que nosso tempo é cada vez mais escasso?

Não desisti de ter filhos por desumanidade ou por frieza.

Não ter filhos foi a escolha mais humana e piedosa que eu poderia ter.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Raso


Deito-me em águas rasas,
como na beira de uma praia deserta e fria.
O mar me toca,
inconsistente,
inconsciente,
inconstante.

Não quero ter que pensar,
Deitado aqui, esparramado por ali
Com gotas de sal coçando a pele
Tal qual eu coço a própria mente

Não são sensações boas,
Essas que se tem para sentir
Tal qual não são bons esses pensamentos
Para se pensar.
São quebra-cabeças que não se encaixam em mim.
Sou eu que não me encaixo em mim.

Por isso essas palavras tortas,
Perambulando bêbadas e torpes
Nestas páginas de fútil conforto
Nestas páginas de fútil solidão.

Por que assim sou eu nestes novos tempos
Bêbado, torpe, fútil.
Como o mar no qual me deito: raso.

Nota

Inspiração foi embora!

Não deu aviso de quando volta.



Deixe seu recado.

sábado, 4 de junho de 2011

Quebrou-se o Silêncio




Veio a nós, finalmente, a voz de Palocci, ontem, no Jornal Nacional. Veio para explicar - ou tentar - a multiplicação por 20 do patrimônio de sua empresa.

E explicou. Se convenceu, eu já não sei. A mim pelo menos não.

Porque esse silêncio durou tanto tempo. Claro que na política, as coisa não podem acontecer às pressas; mas toda a movimentação do governo e do PT para “blindar”, como andam dizendo por aí, Palocci me parece obscuramente suspeito. O esforço não deveria ser tão grande se o enriquecimento do ministro da Casa Civil fosse perto de ser lícito, toda articulação política - feita inclusive equivocadamente por Lula - para impedir que as explicações viessem em tempo hábil do próprio Palocci me prece estranha.

Outro fato que me intrigou foi: durante a entrevista no Jornal Nacional, Palocci se recusou em falar números. Acho que ele confundiu as bolas. Lembrando-se do que é ética, decidiu não citar as cifras de sua empresa. A ética diz que uma pessoa pode - e na maioria das vezes, deve - proteger a identidade de clientes e empresas, salvo alguns casos. No entanto, a ética não diz nada sobre proteger números. A recusa do ministro em esclarecer quanto sua empresa faturou só me remete a uma expressão bem conhecida: números não mentem. Fiquei com a impressão de que, no momento, em que começasse a falar quanto ganhou durante os quatro anos, seria obrigado a mentir - e, mais tarde, ser desmentido pelos números - ou se enrolaria ainda mais; o que não aconteceria se fosse tão inocente quanto quer se fazer parecer.

A verdade é que na entrevista Palocci pouco explicou, perto da montanha de dúvidas que ainda existem. Era mais uma aparição performática; para dizer “pronto, vim e falei”.

Mas pouco importa. Não é a primeira vez que Palocci se envolve em confusão. No governo Lula, coisa semelhante havia acontecido. Como é de praxe nega-se tudo, mesmo contra as evidências. Resultado: volta ele algum tempo depois.

Na pior das hipóteses, mais tarde Palocci volta pra continuar de onde parou.

Essa crise foi pior pra Dilma do que pra Palocci.

domingo, 29 de maio de 2011

Cannabis: Sim ou Não? 2; O Retorno


Semana passada foi um fuzuê!

Já escrevi sobre esse assunto aqui uns dois anos atrás, mas já que eles insistem em falar sobre isso, eu também tenho que insistir.

Primeiro: sou a favor da liberação da maconha? Não! Acho a coisa mais estúpida do mundo usar, liberar seria ainda mais!

Os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha argumentam que sua causa é benévola, pura. Afinal, cannabis possui uma “inegável” função medicinal. Faz bem, vejam só!

O que não explicam para esse povo, é que o princípio ativo da maconha de “inegável” bem medicinal é preciso ser isolado dos outros componentes que fazem mal. É preciso haver tratamento apropriado para que a maconha faça bem à saúde. Não é qualquer “tapinha” na erva que vai te curar de algum mal bizarro - provavelmente criado na sua cabeça por conta do uso da mesma! Sem contar que os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha não levam em consideração a posologia: ou seja, a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem.

E não! Não acredite quando dizem que maconha não vicia! Não é um baratinho legal pra passar o tempo, pra abrir a mente, pra libertar! Não! Maconha vicia, assim como álcool, tabaco, baralho, dados, CS e até sexo! E desconfie se alguém usar artimanhas, comparando “se cerveja que altera a consciência, vicia, porque maconha não pode?”. Pelo simples fato de que não são a mesma coisa!

E não! Não acredite quando dizem que liberar, legalizar a maconha vá acabar com o tráfico de drogas. Vai diminuir? Vai! Consideravelmente? Não! O mercado drogas ilícitas é muito variado pra que a legalização da maconha diminua consideravelmente o poder do tráfico! Se legalizarem cannabis e for vendida na padaria da esquina, você acha mesmo que os traficantes não vão arrumar outra coisa pra vender no lugar? O oxi está aí!... não mais confinado à selva amazônica.

E não! Não é só porque na Holanda dá certo, não significa que daria certo aqui! As pessoas gostam de comparar o incomparável e construir um argumento volátil! Holanda e Brasil vivem duas situações sociais completamente distintas! O que funciona lá, não funcionaria aqui nem que os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha prometessem se comportar!

Não se pode legalizar um crime para solucioná-lo. È o mesmo que deixar que as pessoas falem “nóis pega os peixe” só pra dizer que o ensino está funcionando. As políticas públicas de combate às drogas têm que mudar? Sim! Têm! Mas não legalizando o que é ilegal! Fechando as fronteiras no norte, proporcionando melhores condições de vida para a população pobre, como educação e empregos; projetos sociais mais eficientes, que impeçam que crianças e adolescentes de entrarem no mundo da droga ou do crime; enfim... fazer uma política melhor, ao invés de multiplicar o próprio patrimônio por 20 ou fingir que nada disso jamais aconteceu...

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Pharmaecopia, by Mudvayne

Halcium and morphine,
5-methoxy-n, n-dimethyltryptamine,
Psilocybin, mescaline, aspirin, histomine,
Brushite, darvaset, valium, caffeine, cannabis, and LSD,
Ayahuasca, harmine give it all to me I want it

These are just a few of my favorite things

Trisolam and zanex, serotonin, mdma, ibogaine, dopeamine,
Tetra-hydro-chloride, atenolol,
Amanita muscaria,
Boric oxide, arrabinitol, psilocin, and flamizine,
Cylotec and harmaline
Give it all to me I want it

Does your god come in a capsule to sedate you,
Tear the walls down, headless prison,
Cannibals chew to consume you,
Bring the alien

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Absurdo!




Sei que postei muito recentemente sobre a Crise Palocci, e não tão recentemente, um manifesto sobre os mitos levantados pelos religiosos sobre os homossexuais. Mas diante de uma notícia dessas (são duas, essa e essa), é difícil ficar quieto e não discutir o absurdo que acontece na nossa política!

Na verdade eu não sei o que pode ser mais absurdo! Vou tentar estabelecer uma linearidade, apenas a título de organização e não de magnitude.

Primeiro absurdo - Dilma cedeu à pressão da bancada evangélica e suspendeu o “kit-gay”: a intervenção de uma bancada religiosa numa decisão política, num Estado que SE DIZ laico. Mas pra quem tem um Ministério da Educação que “permite” que o sujeito fale “nóis pega o peixe”, não é de surpreender que seja difícil para os políticos entenderem o significado da palavra laico. O material anti-homofobia preparado pelo MEC é de baixa qualidade, é questionável, é equivocado. Então, que se discuta suas falhas técnicas ou didáticas; mas não perpetrando preconceitos que não correspondem à realidade! (Leia-se: não, nós não queremos converter seus filhinhos à homossexualidade. Se ele já é viado ou já é “macho”, não vai ser kit-gay que vá mudar isso!)

Segundo absurdo - A bancada religiosa CHANTAGEOU (não conheço outro termo mais apropriado. Se souber, me avisem) Dilma, ameaçando chamar Palocci para depor em CPI, caso não suspendesse o “kit-gay”: Palocci não foi depor ainda por quê?! Sua convocação não deveria ser negociável! Ainda mais como uma moeda de troca numa negociação tão equivocado quanto a mistura de religião com política!

Faltam-me adjetivos para qualificar o que se passa nessa situação. Vergonhosa? Revoltante? Incompreensível?

Não! Criminosa!

È a expressão mais sórdida do descaso dos políticos brasileiros, todos eles, para com a sociedade! É a expressão magna de que o interesse particular dos políticos é maior que o bem-maior do povo.

É um insulto ter que testemunhar a pregação religiosa numa Câmara de Deputados travestida de “pelo bem da instituição familiar”; é um insulto ter que assistir apuração de uma “irregularidade” (pra não chamar de crime) virar condição e vantagem política, quando ela se faz necessária e obrigatória!

Mas é desesperador ter que ver o cruzamento obsceno entre os dois.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mágica




Eu cresci no meio de certos idealismos. Como estudei em colégio municipal, a presença do sindicato dos professores era forte. E com esses sindicatos, a ideologia política de que o que é do Estado e vem do Estado é bom. Naquela época o PT ainda gozava de boa imagem entre os sindicalistas. Não que hoje não goze, mas era mais forte. Havia menos desilusão, provocada pelo escândalo do mensalão e vários outros que vieram desde que Lula chegou à presidência.

Felizmente, eu amadureci. Talvez, nem tivesse precisado, mas deu-se o fato. Não que eu partilhasse a desilusão dos professores. Meu cinismo cresceu sozinho ao longo dos anos. Político mente! Político rouba! Político é a expressão personificada da corrupção! Uns mais do que outros?, sim! Mas é mais fácil você lidar com o plano geral do que com as particularidades. Político é safado.

No entanto, apesar das minhas dúvidas a respeito dos políticos, continuei a acreditar que Lula seria melhor do que Serra, ou Alckmin. Talvez ele tenha sido. Só não temos como provar, afinal, passado é passado.

Aí vieram as eleições 2010, Dilma inexpressiva, vinda do Escândalo da Casa Civil. Em menos de seis meses de governo Antonio Palocci, uma das baixa do Mensalão, retorna e consegue multiplicar seu patrimônio por 20! Ele fez 10 milhões nos poucos primeiros meses deste ano! Ministro escolhido a dedo, vindo de outros carnavais e com a cara de pau de fazer uma maracutaia dessas!

Então, refletindo sobre a honestidade e a idoneidade daqueles que compõe a equipe política de Dilma Rousseff (e do PT de uma forma geral), decidi abraçar meu lado liberal. Ou seja, abandonei qualquer sonho ideológico de que um partido de orientação socialista pudesse fazer do Brasil um país melhor. Abandonei a crença de que Lula fez do Brasil um país melhor. Me parece mais crível que o país tenha melhorado, não sozinho, mas levado por uma onda (não uma marola) que impulsionou outros diversos países. Aliás, impulso que foi mais forte para esses outros “diversos países”!

É preciso retificar meu pensamento!

Não foi o PT e o Lula e a Dilma que fizeram o país avançar! Não! Eles e sua quadrilha de criminosos acima da lei e da moral estão é nos envergonhando. O trio vermelho que faz de tudo para se livrar e se blindar das acusações que lhe são feitas! É a política do Homem-Teflon: nenhuma sujeira é capaz de grudar!

Isso é uma vergonha.
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p.s.: O título “Mágica” e a imagem do post são uma referência ao Caso Palocci. Como diria minha amiga Amanda Magalhães, “fica na mente da galera”...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Açacinando o Portuges



É incrível como em certas situações o Brasil avança e em outras ele simplesmente retrocede.

Semana retrasada foi legalizada a “união homoafetiva” (termo politicamente correto, embora alguns políticos não achem nem o termo, nem a prática corretos). Essa semana (foi essa semana mesmo?) o MEC divulgou, lançou ou qualquer coisa parecida... um livro para ensino de adultos que diz que não é errado dizer “nós pega o peixe”. Justificativa: é uma oralidade legítima da língua portuguesa. Se fosse apenas um problema de lingüística eu ficaria quieto. Porém...

Lingüistas argumentam que os idiomas evoluem no uso diário que as pessoas fazem desse idioma e, por tanto, ele não é imutável, está em constante transformação, inclusive por causa do uso errado das regras gramaticais e ortográficas. Disseram também que não é errado não conjugar sujeito e verbo no mesmo tempo e número; é apenas inadequado, dependendo do contexto em que se fala.

Sim, está tudo certo. A não ser o incentivo à mediocridade intelectual. A ineficiência educacional brasileira é tão grande que se aceita o errado como certo. A língua evolui quando todos, ou pelo menos a maioria os falantes passam a adotar aquele “erro” e, principalmente, quando o acordo ortográfico decide o que será permitido ou não! É uma questão de lógica! Fazendo uma analogia com a “união homoafetiva” (termo odioso), até semana retrasada, não era permitida, hoje é. Assim funcionaria com a conjugação verbal do MEC e outras “peculiaridades” lingüísticas mais.

E não é apenas uma questão de normas e regras, é questão de lógica. Se dois executam uma ação como um verbo não vai para o plural?!!!

Outro argumento pífio do MEC é que classificar como inadequados certos erros da oralidade da língua, reduziria a baixa auto-estima do falante, diminuiria o preconceito e blá, blá, blá. Primeiro, várias pessoas na escola aprendem a falar certo na escola, porque outras não podem? É pra isso que escola serve, não é?! A pessoa deveria sentir vergonha de falar errado, não! Mas deveria sentir de não aprender a usar o português corretamente e persistir no erro!

Pior ainda é o MEC dizer que “tudo bem” e contribuir para o detrimento da língua portuguesa.


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ps.: esse foi o desabafo louco de alguém que passou mais de quinze anos (e contando) num banco de escola pra aprender e escrever corretamente. Também foi o desabafo de alguém que não tem medo de corrigir, nem de ser corrigido!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manifesto

O Excelentíssimo Deputado Federal Bolsonaro distribuiu 50 mil panfletos alertando sobre os perigos da “Agenda Gay”. Entre outras acusações infundadas, ele coloca no mesmo patamar homossexualidade e pedofilia. Segundo ele, o próximo passo depois de legalizar a união homoafetiva seria descriminalizar a pedofilia. A lógica distorcida provavelmente usada por esse homem é: se pode homem com homem, mulher com mulher, porque não homem com menino? Ele monta seus argumentos pela lenda de que gays se atraem por crianças e, por conta dessa atração, seduzem e aliciam menores de idade para o sexo. É um argumento falacioso, um sofisma, uma idéia que não se sustenta nos fatos. Além de ser uma acusação injusta e leviana, não (só) com os gays, mas (também) com as vítimas da pedofilia.

Pedofilia e homossexualidade não assemelham de forma alguma. A pedofilia se caracteriza pela atração por crianças e pré-adolescentes, independente do sexo dela ou da orientação do pedófilo. Não é raro achar pedófilos de meninos que são casados com mulheres - às vezes entre as vítimas estão inclusive os próprios filhos. Homossexualidade é a atração sexual/emocional pelo gênero oposto e ponto.

E, como se não bastasse essa diferença, a pedofilia produz vítimas, gera danos e traumas psicológicos que muitas vezes são irreversíveis na criança: desde isolamento social à distúrbios de múltiplas personalidades.

Estou dizendo que não existem pedófilos homossexuais? Não! Não estou excluindo os gays dessa categoria. Eles existem, claro que existem! Mas também existem pedófilos entre os heterossexuais. Também existem pedófilos entre os religiosos. Pela lógica racional (parece redundante dizer “lógica racional”, mas faço essa ressalva, considerando que homens como Bolsonaro seguem a “lógica religiosa” ou uma “lógica” que foge aos fatos), há numericamente mais pedófilos entre os “heterossexuais” do que entre os gays, se formos extrapolar a proporção que há de homossexuais entre a população geral. Bolsonaro diz alguma coisa contra esses pedófilos? Sim, diz! Eu espero que diga! Mas me parece injusto relacionar duas coisas completamente diferentes para perpetrar a homofobia.

Nós, gays, também não queremos ser engolidos a força. Não queremos converter seus filhos ao “homossexualismo” - quem muito tenta “converter” as pessoas são, ironicamente, os religiosos. O que Bolsonaro não consegue entender é que não se converte ninguém à homossexualidade, não se transforma ninguém em gay - o contrário também é falso; não existe “ex-gay”. Bolsonaro é o tipo de pessoa que acredita que “é de cedo que se torce o pepino”. Pra algumas coisas isso é verdade, pra outras, como a orientação sexual, não há tapa nem palmada que dê jeito. Se seu filho, não importa a idade que tenha, é heterossexual, não há Kit Gay feito pelo Ministério da Educação que vá trasformá-lo num homossexual! No entanto, há a ideologia vigente da intolerância, que pode transformá-lo num ignorante, numa pessoa incapaz de conviver com as diferenças inevitáveis no atual cenário social. A qualidade do “Kit-gay” feito pelo MEC é duvidosa, deve-se revê-la e reformulá-la, até mesmo vetá-la, mas é incorreto (e perigoso) afirmar que ela vá corromper as crianças e jovens.

Bolsonaro e outros segmentos religiosos também defendem que a união homoafetiva desfigura a imagem da família que deus imaginou para a humanidade. Que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é aprovada por deus. A primeira falha desse argumento é: e quem não acredita em deus? Essa “verdade” deve ser imposta mesmo a quem não partilha desse conceito religioso de família? O direito de se constituir uma vida ao lado de quem quer que seja deve ser negado porque uma parcela da população acredita que “deus não aprova”?

Segundo: se hoje em dia a família padrão não é mais “Pai, Mãe e Filhos”, a culpa não é dos homossexuais. A culpa é da Revolução Industrial que moldou os nossos padrões de consumo e comportamento. Se hoje existem mães solteiras e chefes de família é porque, décadas atrás, as mulheres tiveram que sair para o mercado de trabalho e ajudar nas despesas domésticas e, então, conseguirem se emancipar da concepção patriarcal. O casamento gay não pode desfigurar uma imagem que já se desfigura desde o começo do século passado. Dito isso, me pergunto se o Excelentíssimo Senhor Bolsonaro (e acrescente aí o setor religioso) quererá proibir as mulheres de serem partes do mercado de trabalho sob a inglória justificativa de que elas são uma ameaça a Instituição Familiar. Temo, contudo, que este seja um sonho distante desses senhores.

Ainda há a idéia de que uma relação homossexual não pode gerar filhos, o objetivo divino pro sexo - alguns desses senhores ainda não ouviu falar de Freud. Não há argumento contra a isso. Uma relação sexual entre homens jamais irá gerar um descendente. Mas quantos relacionamentos heterossexuais também não geram, por infertilidade de um dos parceiros, ou até mesmo por opção. Se isso é um obstáculo para se reconhecer a “união homoafetiva”, porque não deveria ser para todos os casais que não tem filhos? Não nos esquecendo que o fato de uma pessoa ser gay não implica que ela seja necessariamente estéril. E há ainda as adoções e tantas outras opções que são asseguradas pela lei aos heterossexuais sem que isso diminua sua condição enquanto instituição familiar.

Outra - e infelizmente não é a última - acusação desse(s) senhor(es) é que existe uma ditadura gay, uma mordaça rosa que os quer silenciar e proibir de pregar seus “preceitos religiosos”. Ela existe? Talvez exista. Assim como há fundamentalistas do lado de lá, há, certamente fundamentalistas do lado de cá também. Se há homofóbicos, não deve ser impossível achar heterófobicos por aí. No entanto, essa última classe existe numa quantidade ínfima, pífia, quando colocada em contraste com a mastodôntica quantidade de homofóbicos. Não queremos silenciar ninguém (a maioria absoluta não quer mesmo!). Se a sua religião prega que deus não aceita a união homossexual, que a homossexualidade é um pecado, abominado por deus, pregue-a! Pregue-a a quem quiser ouvir! Se você acha que não há moralidade em um relacionamento gay, continue achando por favor. E, por favor, diga! Ninguém está dizendo que você deve se calar, ou parar de fazer panfletinhos infames (desde que pagos do seu próprio bolso). Mas lembre-se que é possível pregar, que é possível achar, que é possível se expressar sem agredir o próximo. Essa deveria ser a verdadeira essência da de uma sociedade democrática: conviver com as diferenças. O movimento gay toma ou tomou algumas direções erradas ao longo de seu caminho? Sim! Quem nunca tomou? Mas, por favor, não diga que queremos obrigar as pessoas a viver o nosso estilo de vida; não faça propaganda, insinuando que queremos calar a sociedade - até porque isso seria impossível. Não chegue ao absurdo de insinuar que a partir da legalização da União Homoafetiva todas as pessoas deverão se casar com alguém do mesmo sexo!

Não há Mordaça Gay, não existe uma Agenda Gay, não existe um plano gay pra “Tentar Dominar o Mundo”. Nem pra estuprar crianças, nem para destruir os valores familiares, morais ou religiosos.

Há, sim, um plano! Um plano para conseguirmos nossos direitos, para que sejamos aceitos como iguais numa sociedade que parte justamente do principio da igualdade. Tudo o que queremos é a liberdade de viver em paz, com nossas famílias. Como vocês.

Guerra

A ponta cruel da ignorância, mirando a inocência com ferro e pólvora. A guerra não conhece limite. A guerra não conhece honra. A guerra só conhece o desespero. Matar, morrer, sobreviver. Sobreviver nos escombros, na poeira, dos cacos e restos que restam inteiros no chão; sob retumbante som das metralhadoras, dos morteiros, dos mísseis, granada. Sob o som das ordens ideológicas de homens que só fazem falar, incitar, inflamar a loucura com gasolina, napalm e C4.

Exércitos marcham para lugar nenhum, armas em punho, capacetes nas cabeças, patriotismo (?) no coração; munidos da fé inabalável que o alvo na linha de tiro é o inimigo. Pelo gatilho dispara, a bandeira o exime da culpa de matar soldados, generais, homens, mulheres, velhos e crianças.

A ponta cruel da ignorância não distingue alvos.

As mais tristes baixas da guerra são os inocentes.

sábado, 7 de maio de 2011

Reconhecimento



Juro que neste post farei o máximo de esforço para não tocar no assunto de religião ou da babaquice irracional de uns e outros, baseada na existência de um deus.

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Ganhei um ótimo presente de aniversário. No dia 5 de maio, o STF decidiu por unanimidade, validar (ou qualquer que seja o termo) a “união estável homoafetiva”. Aliás, quem foi o viado que inventou a palavra “homoafetiva”?? É gay mesmo!!! Voltando ao assunto… Para fins legais, casais gays (gays mesmo, nada de homoafetiva) terão os mesmos direitos assegurados por lei a casais heterossexuais (a lista você provavelmente já conhece).

Alguns chegaram muito perto do infarto (#chupamalafaia); outros de uma crise psicótica. Mas a maioria dos que são contra o casamento gay ficaram só na revolta mesmo. O que é - pelo menos pra mim - incompreensível.

O grande argumento do que são contra o movimento gay (pejorativamente chamado de gayismo) é que existe uma ditadura rosa na democracia brasileira atual; que o lobby para aprovar leis que favorecem os gays é fortíssimo; que os gays querem colocar uma mordaça na boca daqueles que “não aprovam a conduta homossexual”; que o gayismo quer acabar com a liberdade de expressão.

A lógica dos argumentos desse povo é que os gays estão tramando um plano diabólico para tentar dominar o mundo. Como se uma lei que permita ou legalize ou reconheça ou legitime o casamento gay fosse obrigar todo mundo a casar com alguém do mesmo sexo! Ou que a PL-122 foi especialmente desenhada para tolher o direito de se expressar. Não é essa nossa intenção. Mas assim como eles têm o direito assegurado de se expressar, nós também queremos o direito de termos uma vida igual, com os mesmos direitos de constituir família e todo o amparo legal em que isso implica (aqui falo pelos que querem, não é um desejo pessoal meu).

Ao contrário do que muitos pensam, não queremos recrutar ninguém para um imaginário Exército do YMCA. Só queremos o direito de sermos feliz. Mais importante, de sermos respeitados.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ele Morreu

Morreu Osama em seu cafofo nada modesto nos arredores de algum vilarejo paupérrimo do Qualquerquistão. Os Estados Unidos estão felizes, afinal, fizeram justiça aos milhares de mortos nos atentados ao World Trade Center, o famigerado 11 de Setembro. Isso pra não mencionar os milhares de outros atentados que pipocaram ao longo desses 10 anos, ao redor do mundo. A comunidade internacional congratula operação que deu fim à vida do procurado nº1 do mundo.

O que isso significa? Pra Obama (cuidado ao ler e não confundir alhos com bugalhos) é a tábua de salvação para as próximas eleições. Na sociedade americana, obcecada pela guerra contra o terrorismo, nada soaria melhor do que “Foi a minha gestão que capturou e matou Osama Bin Laden”. Para Jorginho W. Bush é, em primeira instância, um alívio e, depois, uma vergonha, afinal, Obama fez em meio mandato o que ele tentou em dois.

Para os terroristas islâmicos, os EUA criaram um mártir, um Deus, um profeta. Mataram uma das cabeças da Hidra, apenas para ser usada como um símbolo mais forte dos extremistas na luta contra o imperialismo americano. Antes, Bin Laden era homem que podia ser derrotado, agora é um símbolo indestrutível, capaz de inflamar (e explodir) ainda mais seguidores do que antes. E, em seu lugar, aparecerão os mais sortidos insanos, sedentos por demonstrar que podem substituir o mestre sem deixar a desejar. Matou-se um fanático, apenas para dar lugar a centenas mais.

sábado, 30 de abril de 2011

God Is Nowhere



Existe uma passagem interessante no livro “Anjos e Demônios”, de Dan Brown (como se você realmente precisasse dessa informação), que me chamou muito a atenção quando a li, e hoje ainda me é perturbadora.

Nela, o Camerlengo do Papa, andando pelos lúdicos ambientes da Cidade do Vaticano é questionado por um guarda que o acompanhava, por que Deus permite que os homens, sua maior e melhor criação, se matem e se submetam a tanto sofrimento sem intervir com seus poderes infinitos. “Se Ele nos ama, Ele também deveria evitar nossas dores?” O Camerlengo responde, pacificamente, fazendo uma analogia. Pergunta ao guarda se este tem filhos e se os ama. O homem lhe responde que sim e que faria de tudo para evitar que sofressem. Então, o religioso lhe faz uma nova questão: se proibiria seu filho de skate. O guarda responde que não, pois para aprender a ser cuidadoso o filho teria que cair e se machucar. Assim, o Camerlengo faz sua argumentação, dizendo que Deus faz a mesma coisa: Ele deixa que nos machuquemos para que possamos a aprender “nossas próprias lições”, apesar de Seu amor.

É uma linda imagem, uma linda comparação, ou alegoria. Chame do que quiser.

Já vi esse argumento outras vezes, antes de ter lido o livro e sei que é um dos argumentos favoritos dos religiosos para justificar a omissão de (um suposto) Deus diante de tantas atrocidades nascidas da natureza humana: fome, miséria, violência, guerras, poluição.

No entanto é uma analogia covarde, se não ignorante. Se eu fosse pai - espero que nunca compadeça desse mal - certamente não mimaria o garoto e o impediria de andar de skate para que não se machucasse; mas é outra coisa completamente diferente permitir que ele mate outra pessoa, na vã esperança de que ele compreenda … sei lá… compaixão.

Não questiono o argumento leviano do Camerlengo (ou pelo menos só ele). Questiono todo o conceito de uma “Onipotência Benevolente” que permite que suas criações tão “amadas” se matem e destruam sem intervir, sem mostrar o rosto, sem mandar um raio fulminante sobre todos nós e dizer: “EI! PAREM JÁ COM ESTA P#@$%&!!!”.

Se meus argumentos não refutam a existência de (qualquer) Deus, espero, no mínimo, que os faça pensar: Deus pode não ser tão bonzinho ou tão esperto quanto padres, Camelengos e pastores fazem você achar. Se Ele existe e permite que tantas barbaridades aconteçam, estaríamos melhor sem ele.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Morte Do Cão



Caminho lentamente, meu estomago dói... Estou com sede, mas não vejo um lugar que eu possa matá-la, não sei quem esta matando quem. Continuo a caminhar, ainda que sem sentido, já não enxergo bem o que passa por mim, vez por outro esbarro em alguma coisa ou em alguém.
Finalmente caí, respiro forte, mas o ar entra carregado em meus pulmões, como se não suprisse minha necessidade de oxigênio, respiro cada vez mais fundo... e nada. Meu estomago lateja, e já não tenho forças para me levantar. Ninguém se compadece de mim, estou estirado na calçada, no calor, completamente sem forças... Levanto a cabeça num esforço inútil de tentar me levantar, vejo uma garotinha, me olhando triste, enquanto os carros vêm e vão. Sinto ainda mais sede. O tempo parece passar cada vez mais devagar, respiro profundamente, meus olhos estão fixos num ponto imaginário onde não vejo nada, e nesse momento dou meu ultimo suspiro.

Ps: Essa é a breve história de um cachorro que vi morrer envenenado numa tarde quente de verão, perto da minha casa. Não sei porquê o envenenaram, mas sei que ninguém se propôs a ajudá-lo, talvez pelo fato dele ser um desses cachorros de rua... Lembro até hoje como foi triste presenciar aquela cena.

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Esse texto não é de minha autoria. É da minha amiga,Tatiana, retirado de seu blog, o Meus Devaneios. O lindo cachorrinho que você vê na foto, era o Bidu, meu e do meu namorado. Ele morreu ontem, envenenado, como o cachorro da história da minha amiga. Uma hora ele estava nos meus pés, brincando e pulando, querendo atenção, me olhando com aqueles olhinhos inocentes. No outro ele estava tremendo descontroladamente, salivando, sem conseguir respirar. Ele morreu em questão de minutos. Quem foi? Ninguém sabe, mas nós sabemos. Por quê? Porque tem gente acha que animais não têm sentimentos. Que animais são formas de vida inferiores. Tem gente que acha que animal de estimação é só um capricho fútil que incomoda a vida alheia. O Bidu não era um capricho fútil. Era um ser por quem eu tinha sentimentos surpreendentemente fortes. Eu o alimentei, dei água, dei carinho, dei abrigo, dei banho, brinquei e passeie com ele. Mas agora ele está morto…

Eu vou sentir muitas saudades do meu Bobo-Biduiu.
Por causa de uma pessoa estúpida.

domingo, 17 de abril de 2011

Medo

 

Fui ao chão. Me fechei em posição fetal; tão primitivo quanto o instinto e os sentimentos que então me consumiam. Além da dor excruciante. Tudo que via eram relances prateados, sombrios, que me atingiam com força cruel e impiedosa; havia também rostos difusos que insistiam em me encarar com aquela máscara de ódio e desprezo, enquanto gritavam, rosnavam e berravam palavras como:

- Morre, viado!

- Não gosta de pau, sua bicha! Então, toma! - nesse momento senti um bastão de beisebol esfarelar minhas costelas. O ar me escapou, enquanto a dor me atingia. O gosto de sangue enchia minha boca e escorria pela garganta; sentia-o escorrendo pelo rosto, vertido da pele cortada; misturava-se com minhas lágrimas de dor e desespero.

Ali caído e acuado por forças maiores que a minha, tudo que podia fazer era tentar me proteger. Não era um ato racional. Encolhi-me o máximo possível, tentando proteger meu peito e cabeça. Sabia que, assim que desistisse deles, seria o meu fim. Sabia também que não tardaria para que a implacabilidade daquele ódio desmedido me derrotasse.

Sempre temi que fosse passar por este horror. Acho que uma hora todos nós pensamos nisso em algum ponto da vida. O ponto em que suas escolhas confrontam a ignorância asquerosa dos outros. O ponto que você fica face a face, frente a frente com a verdade que se tentar negar. Uma verdade simples e vil: Os homens são feitos do ódio. As vítimas são feitas do medo.

A dor é um reflexo ingrato. Um coturno com ponta de aço acertou minhas costas. A dor, um reflexo ingrato, me fez soltar os braços e me arquear para trás, gemendo com as poucas energias que ainda me restavam. Percebi , tarde demais, o meu erro.

Outro flash prateado iluminou-se na minha frente, segundos antes de me acertar em cheio no rosto, esfarelando meus dentes, abrindo fendas enormes na minha boca, afogando-me em meu próprio sangue.

A consciência se afastava de mim. Podia senti-la escorregando para longe, como meu sangue que tingia o asfalto.

Aquela seria a única benção de Deus para mim; Sua única demonstração de piedade, em meio ao horror causado em Seu nome e Sua honra: morrer sob a escuridão acolhedora do desmaio.

Mais uma vítima da ignorância dos homens.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Futuro do Pretérito Mais Que Imperfeito

 

Eu deveria ter me afastado. Eu sabia isso naquela época, mas até agora eu não consigo entender o porquê. Deveria ter feito tudo diferente. Deveria ter despertado para o que realmente acontecia entre nós. Deveria saber que só eu me machucaria.

Naquele tempo, achei que deveria ter lutado com mais vontade. Que deveria ter te agarrado com unhas e dentes. Hoje, sei que, ter lutado com unhas e dentes, foi justamente o meu maior erro, porque, na minha cabeça, eu ainda estou lutando. Revisito todas as minhas memórias, todas as palavras ditas, cada gesto feito. Cada lágrima e cada sorriso. Cada cicatriz. Volto no passado, estou preso à ele, procurando a única coisa capaz de me libertar desse martírio. Procuro por algo que eu deveria ter feito feito para que tudo fosse diferente.

Deveria ter metido menos os pés pelas mãos? Deveria ter sido mais maduro? Deveria ter me preocupado menos? Deveria ter falado mais? Alguma coisa? Qualquer coisa?! Deveria ter me dedicado mais? Deveria ter perdoado? Deveria ter sido perdoado? Deveria ter deixado as coisas saírem do controle? Deveria ter deixado tudo explodir pelos ares comigo junto? Deveria ter entendido que eu não tinha as rédeas da situação? O quê???

Nada disso. Hoje, eu sei o que eu deveria ter feito.

Eu deveria ter me afastado - Futuro do Pretérito.

Não me afastei - Pretérito Perfeito.

- Pretérito mais que imperfeito.

sábado, 9 de abril de 2011

Compactuando Com A Culpa




O desejo de justiça da sociedade é perfeitamente compreensível, ao mesmo passo em quem é completamente irracional. No caso do Tiroteio em Realengo, a imprensa procurou os parentes das vítimas para entrevistas, desdobraram o perfil psicológico da criatura que cometeu a atrocidade, entrevistou “amigos” sobre o comportamento dele. A casa em que morou Wellington Menezes de Oliveira foi apedrejada. A polícia rastreia, prende e apresenta os homens que venderam a arma ao psicopata - com eficiência exemplar, mas também restrita a episódios espetaculares. “Se eu soubesse que era para fazer isso, jamais teria feito o que eu fiz. Agora, infelizmente vou ter que pagar”, disse um deles.

E ele foi provavelmente sincero ao fazer essa declaração; talvez, se soubesse que as armas seriam usadas para massacrar crianças numa escola, não as teria vendido. Mas as vendeu e deveria ter antecipado que para coisa boa não serviriam, afinal, não é essa sua finalidade.

Por outro lado, foi absolutamente preciso ao dizer que “agora vai ter que pagar”. O problema é que seu crime foi mais do que vender uma arma ilegalmente. Para a sociedade, para a mídia e, por consequência, para a Justiça, eles serão os “culpados” pelo massacre tanto quanto o atirador, já que ele - espertamente - se matou. Na ausência de um Judas para queimar na fogueira, as pessoas vão aceitar praticamente qualquer um.

Os homens têm culpa? Claro que sim! Mas deveriam ser sacrificados pelo “bem da moral da polícia e da paz de consciência da sociedade”? Pela lógica, não deveríamos ir atrás dos culpados indiretos pela tragédia? A família que cuidou (ou negligenciou o jovem); dos vizinhos que reconheciam seu comportamento estranho, mas não se metiam; dos ex-alunos de classe de Wellington que o caçoaram e possivelmente o abusaram na escola? Por que não culpar a sociedade no qual este monstro - assim como outros tantos - foi gestado, nascido e criado? Essa sociedade que fará de tudo para encontrar um rosto qualquer e, assim, se isentar da culpa pela morte de 12 crianças, as únicas realmente inocentes nessa trágica história.

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p.s.: Não defendo em momento algum o que Wellington fez, nem diminuo sua culpa. Muito pelo contrário! Acho, inclusive, que ter se matado foi uma sentença até muito generosa para tamanha maldade. Apenas acho que é injusto procurar culpa em apenas alguns nomes ou rostos de seu “circulo social”, apenas para saciar a fome de justiça e ordem da população. Se é para apontar o dedo para aqueles que indiretamente foram responsáveis pela maldade, então, temos que olhar para além da hipocrisia social e apontar o dedo para TODOS os indiretamente responsáveis, e não apenas alguns. Ao contrário do que estão fazendo você acreditar, monstros como Wellington, cheios de motivos insanos, não nascem prontos para a maldade; sim, eles nascem com certos requisitos, mas a sociedade os aperfeiçoa para a loucura.