quinta-feira, 31 de julho de 2008

Aceitar?



[Igo Araujo dos Santos]


Aceitar a verdade?
Aceitar a beleza?
Aceitar o mundo?


Aceitar a loucura?
Aceitar a razão?
Aceitar a sanidade?


Aceitar a mente?
Aceitar o corpo?
Aceitar o coração?


Aceitar o ódio?
Aceitar o amor?
Aceitar o quê?


Aceitar o inevitável?
Aceitar o inaceitável?
Aceitar-se?


Aceitar as opiniões?
Aceitar as críticas?
Aceitar as adversidades?


Aceitar os outros?
Aceitar as outras?
Aceitar?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Procura-se




Onde foram parar os meus genes? Eu os perdi em algum lugar! É sério!




Sabe aquela instrução primitiva e auto-consciente, que a maioria das pessoas tem, de viver? Eu perdi, me tornei uma mutação genética que não sabe pra onde vai, porque vai, quando vai, pra que vai!




Fico olhando para as pessoas na rua e sinto tanta inveja delas! Elas fazem parecer tão fácil viver, tão fácil continuar, resistir. Comos se executassem suas funções sem o tormento das "auto-perguntas". É tão fácil pros outros, viver sem se questionar. É automático! A vida pode ser dura o quanto for, pode ser insuportável, mas elas suportam!




Eu não sei,... não sei o que pode ser de mim, agora. Sinto que realmente perdi os genes que me fazem querer passar meus genes a diante! Sabe, toda aquela história de "nascer, crescer, reproduzir e morrer"?... Não consigo! Não há nada que motive a levar a diante!




Perdi o encanto pela vida! Não no sentido suicida do termo! Não é uma dicotomia "a vida está uma merda, então vou morrer"! Não estou falando de morte, estou falando de viver! Mas perdi esse encanto. Me deparei com tantas coisas ao longo da minha curta e miserável vida, que perdi o encanto. Família, filhos, amores, trabalho, dinheiro... NADA! Nada disso enche os olhos mais. Não quero fazer mais nada disso! Não vejo porque fazer isso! Tento pensar em todos os motivos possíveis pra querer viver, mas nenhum deles satisfaz. NADA!




Vim com defeito de fabricação, com certeza!




Perdi alguns pares de cromossomos! Se alguém os achar, por favor, devolva...

domingo, 27 de julho de 2008

Anarquia: A Ordem DO Caos (Why so serious?)


Assunto do momento: The Dark Knight! Quem ainda não viu??? Corra! Veja! O melhor filme do ano com toda certeza! Você pode até não gostar do Batman, mas e daí. O filme não é mais sobre ele. Claro q não! É sobre várias outras coisas, o Batman agora é só um personagem e não mais a história!

O filme é sobre ordem e caos! Não é nem sobre bem e mal! É sobre democrasia e anarquia! Sobre justiças e injustiças, sobre insanidade e sanidade. O Coringa não é apenas louco. Ele é um "libertador". Tirando a psicopatia, ele traz uma nova idéia, a da anarquia: que a grande falha do sistema é justamente esse, ser um sistema, organizado, padronizado, planejado. Onde tudo pode ser previsto e que qualquer alteração é catastrófica! Planejamos para ter controle!

O Coringa é um desafio a nós mesmos, ao nosso sistema, à nossa vida! Ele nos joga diante da besta q temos dentro de nós! Ele nos joga diante do caos, do medo que temos de ficarmos "loucos", de perdemos o controle. O coringa critica a obsessão que as pessoas tem em "prever" tudo - o que, de fato, é irritante. Óbvio que não dá pra levar o Coringa a sério - afinal, ele é louco. Ele não é o standart de uma idéia a ser posta em prática, ele é apenas o questionamento sobre nossas vidas medíocres.

Quando saí do cinema, passei por uma loja de peixes e me maravilhei em ver que somos exatamente o que tinha na vitrine: peixes vivendo em aquários, e pensei se o Coringa não estava certo...

Não, não estava. Não digo nem pelos seus métodos (que são geniais e me convenceria a qualquer coisa...). Suas idéias não se aplicam ao mundo em q vivemos. A anarquia seria a solução para muitas coisas na vida, mas só quando não precisássemos mais da ordem, quando nosso próprio comportamento for ... não sei... ordenado... quando não precisarmos mais do mundo externo pra nos guiar. Quando as leis como as conhecemos forem inúteis. O caos seria a solução para muitos problemas, mas trataria milhões de outros...

O Coringa que me desculpe, mas ainda prefiro o Batman...

domingo, 13 de julho de 2008

Excessos

Os problemas do mundo são causados por excessos. Excesso de gente, excesso de carros, excessos de casas, excesso ruas, de crianças, de velhos, de doenças, de fazendas. Excesso de consumo. Novidade?, não...

Temos 6 bilhões de pessoas no planeta por conta da agricultura familiar, quando os fazendeiros pequenos tinham que ter números gigantescos de filhospra ajudar no plantio e no sustento da familia. Temos milhares de carros por conta da imbecilidade juvenil masculina, do fascínio pelo ronco do motor. Temos milhares de casas por acharmos que teriamos empregos pra sustentá-las. Temos milhões de toneladas jogadas no rios por acharmos que nossa merda simplemente sumiria na água.

Milhares de pessoas morrem por dia no mundo inteiro, vítimas do excesso de arrogância. Assassinos, bandidos, serial killers. Excesso de descaso, excesso de traumas, excesso de desrespeito. Traficantes matam aos poucos jovens e adultos com suas drogas infernais por desejo de um poder virtual, o poder do dinheiro. Excesso de egoísmo. Homens descontrolados matam suas esposas infiéis, excesso de descontrole. Milhares de pessoas se entregam a sexo com estranhos, o que seria um excesso de solidão?... Excesso de "auto-destruição"?... Excesso de desespero?...

Familias passam fome, não tem o que vestir, não tem o que calçar! Excesso de quê?... Jovens se perdem no mundo. Excesso de irresponsabilidade. Pessoas não votam nos políticos que deviam! Excesso de responsabilidade, não para com a nação e si mesmo, mas para com o sustento de sua familia!

Nossa raça é a raça do excesso. Achamo-nos imortais, irredutíveis, inabáláveis. Pode parecer que não, mas ainda somos arrogantes o bastante para ignorar nossos excessos. Espero que não demore muito, ou seremos consumidos.

domingo, 6 de julho de 2008

Memórias

Estava pensando na minha vida esses dias... em como eu era há alguns anos atrás. Sabe, muitos conceitos mudaram. Parece bom, não é? Coisas sobre pais, conflitos, sexo, amizade, mundo. A ingenuidade se foi.


Aprendi que nossos pais não são tão bonzinhos como queriamos acreditar que são, porque todos nós somos guiados pelos nossos próprios interesses. Conflitos não são resolvidos da noite pro dia, eles ficam ali, na sua cabeça, por horas, dias, semanas, meses, até mesmo, anos. Aprendi que amigos não são eternos, que as pessoas que queriamos que nos seguisse para todo lado de nossas vidas, têm que seguir suas vidas também. Aprendi que o mundo não é uma fantasia em que podemos mudar cm um embate heróico, o mundo é um lugar sujo, um lugar impiedoso, onde heróis são martires um um campo de batalha confuso, em que cada lado se proclama o lado do bem.

Aprendi que alguns defeitos são até louváveis. Ser mentiroso é uma característica necessária, pois a sinceridade infantil machuca. A mentira é um berço tranquilo para dormir a noite, enquanto a verdade pode ser um eterno travesseiro de pedra. Aprendi que fidelidade é circunstancial, assim como tudo na vida! Que culpa é anulada pelo erro do outro, que responsabilidade só se tem para consigo mesmo, pois os outros não vão te respeitar. Aprendi que é mais fácil abortar um bebê, do que criá-lo. Que é mais fácil abandonar o erro, do que encará-lo. Aprendi que a raiva é o combustível mais poderoso do ser humano e que a esperança é uma fraqueza infantil.

Aprendi que não existe tanta coisa assim entre o céu e a terra, do que sonha nossa vã filosofia. O mundo em que estamos é o único mundo real. Que nosso desejo por um outro mundo é apenas a mente querendo fugir para um outro lugar. Aprendi que a covardia é que nos mantém vivos e a coragem é a estúpidez dos nobres. O medo é nossa ferramenta de sobrevivência e qualquer um que a descarte está fadado a morte.

Aprendi que existem mais vilões dentro de nós do que heróis. Não existe equilíbrio, não existe dicotomia alguma. Tudo é tudo, misturado, indecifrável, impossível de ser discernido ou separado. Aprendi que se não fosse a ganância de alguns, o mundo ainda seria uma caverna. O avanço vem dos inconformados e infelizes. Se existesse felicidade plena para todos, não haveria competição, não haveria progresso.

Tantas coisas aprendi. Coisas que não queria ter aprendido. Preferia o mundo que eu imaginava quando criança, quando eu sabia que as linhas eram sólidas e vísiveis. Agora, piso em ovos para qualquer lugar que vou. O mundo é um lugar delicado agora, volúvel, instável. Longe do mundo infantil que tinha antes.

Crysis

Estou em crise... Simples assim... Aliás, isso não é uma novidade, como já devo ter dito antes. Eu vivo em crise. Afinal de contas, uma das coisas que mais me orgulho é de ser instável, e a instabilidade tem seu preço.

A crise de hoje é velha, e difícil de engolir. Venho ruminando sentimentos amargos por tempo de mais e, creia-me, não é só porque estou desabafando que vou passar por cima disso. Não. Outra de minhas características é a capacidade inumana de tomar altas doses do meu próprio veneno, para me torturar em febre e aflição - sim, estou muito dramático hoje. Claro que se fosse uma ação controlável, seria melhor não tomar tal veneno, mas nem eu mesmo posso me controlar. Sinto ódio e não posso controlá-lo.

Invejo os monges budistas, que tem pleno controle sobre seus sentimentos, abstraem a mente daquilo que os atormenta. Eles não meditam para entrar em equilíbrio, porque vivem equilibrados. Queria ser assim.

Devo ter algum distúrbio dentro do cérebro que me faz sentir assim. Sabe, essa ira toda...

O mais estranho é que foi justamente essa raiva que me salvou no começo da adolescência. Se não fosse a raiva, teria sucumbido a depressão e com certeza ao suicídio. Mas sabe, quando você tem uma doença e acaba tomando tanto remédio que eles não fazem mais efeito. Acho que é isso que está acontecendo. Através dos anos, a raiva deve ter se aglomerado no fígado e agora está necrosando-o aos poucos. A raiva já não me salva mais.

Poderia salvar, me tornaria um Lex Luthor ou quem sabe um Coringa - que é bem mais charmoso, diga-se de passagem. No entanto, ainda existe muia bondade dentro de mim e é justamente essa combinação que se torna tão letal. Começo a achar que deveria matar o meu Superhomem interno e deixar que o vilão apareça, só pra desintoxicar.

Contudo, não posso. Me tornar um "vilão" causará danos irreparáveis que talvez não fosse capaz de suportar na consciência - embora, se eu me tornasse o coringa, isso não seria muito o problema, afinal, eu seria um palhaço insano. Muito inteligente e "divertido", mas insano...

Então vivo esse quimerismo injusto... essa crise. Sou o hospedeiro de um sentimento repulsivo, que só drena as forças. Para que se tornasse uma relação simbiótica, teria que descer ao nível da minha raiva e poderia ser irreversível...

Sabe o que seria melhor pra mim? Eu sei...

Coma!

Sério! Coma!

Sim, sou um covarde, mas antes um covarde do que um louco. Antes apagado, do que envenenado por mim mesmo.

AAh! curiosidade. Um escorpião jamais se mataria com seu veneno, afinal... ele tem os antidoto para si próprio. Eu devo ser uma aberração da natureza né?...