sábado, 30 de abril de 2011

God Is Nowhere



Existe uma passagem interessante no livro “Anjos e Demônios”, de Dan Brown (como se você realmente precisasse dessa informação), que me chamou muito a atenção quando a li, e hoje ainda me é perturbadora.

Nela, o Camerlengo do Papa, andando pelos lúdicos ambientes da Cidade do Vaticano é questionado por um guarda que o acompanhava, por que Deus permite que os homens, sua maior e melhor criação, se matem e se submetam a tanto sofrimento sem intervir com seus poderes infinitos. “Se Ele nos ama, Ele também deveria evitar nossas dores?” O Camerlengo responde, pacificamente, fazendo uma analogia. Pergunta ao guarda se este tem filhos e se os ama. O homem lhe responde que sim e que faria de tudo para evitar que sofressem. Então, o religioso lhe faz uma nova questão: se proibiria seu filho de skate. O guarda responde que não, pois para aprender a ser cuidadoso o filho teria que cair e se machucar. Assim, o Camerlengo faz sua argumentação, dizendo que Deus faz a mesma coisa: Ele deixa que nos machuquemos para que possamos a aprender “nossas próprias lições”, apesar de Seu amor.

É uma linda imagem, uma linda comparação, ou alegoria. Chame do que quiser.

Já vi esse argumento outras vezes, antes de ter lido o livro e sei que é um dos argumentos favoritos dos religiosos para justificar a omissão de (um suposto) Deus diante de tantas atrocidades nascidas da natureza humana: fome, miséria, violência, guerras, poluição.

No entanto é uma analogia covarde, se não ignorante. Se eu fosse pai - espero que nunca compadeça desse mal - certamente não mimaria o garoto e o impediria de andar de skate para que não se machucasse; mas é outra coisa completamente diferente permitir que ele mate outra pessoa, na vã esperança de que ele compreenda … sei lá… compaixão.

Não questiono o argumento leviano do Camerlengo (ou pelo menos só ele). Questiono todo o conceito de uma “Onipotência Benevolente” que permite que suas criações tão “amadas” se matem e destruam sem intervir, sem mostrar o rosto, sem mandar um raio fulminante sobre todos nós e dizer: “EI! PAREM JÁ COM ESTA P#@$%&!!!”.

Se meus argumentos não refutam a existência de (qualquer) Deus, espero, no mínimo, que os faça pensar: Deus pode não ser tão bonzinho ou tão esperto quanto padres, Camelengos e pastores fazem você achar. Se Ele existe e permite que tantas barbaridades aconteçam, estaríamos melhor sem ele.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Morte Do Cão



Caminho lentamente, meu estomago dói... Estou com sede, mas não vejo um lugar que eu possa matá-la, não sei quem esta matando quem. Continuo a caminhar, ainda que sem sentido, já não enxergo bem o que passa por mim, vez por outro esbarro em alguma coisa ou em alguém.
Finalmente caí, respiro forte, mas o ar entra carregado em meus pulmões, como se não suprisse minha necessidade de oxigênio, respiro cada vez mais fundo... e nada. Meu estomago lateja, e já não tenho forças para me levantar. Ninguém se compadece de mim, estou estirado na calçada, no calor, completamente sem forças... Levanto a cabeça num esforço inútil de tentar me levantar, vejo uma garotinha, me olhando triste, enquanto os carros vêm e vão. Sinto ainda mais sede. O tempo parece passar cada vez mais devagar, respiro profundamente, meus olhos estão fixos num ponto imaginário onde não vejo nada, e nesse momento dou meu ultimo suspiro.

Ps: Essa é a breve história de um cachorro que vi morrer envenenado numa tarde quente de verão, perto da minha casa. Não sei porquê o envenenaram, mas sei que ninguém se propôs a ajudá-lo, talvez pelo fato dele ser um desses cachorros de rua... Lembro até hoje como foi triste presenciar aquela cena.

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Esse texto não é de minha autoria. É da minha amiga,Tatiana, retirado de seu blog, o Meus Devaneios. O lindo cachorrinho que você vê na foto, era o Bidu, meu e do meu namorado. Ele morreu ontem, envenenado, como o cachorro da história da minha amiga. Uma hora ele estava nos meus pés, brincando e pulando, querendo atenção, me olhando com aqueles olhinhos inocentes. No outro ele estava tremendo descontroladamente, salivando, sem conseguir respirar. Ele morreu em questão de minutos. Quem foi? Ninguém sabe, mas nós sabemos. Por quê? Porque tem gente acha que animais não têm sentimentos. Que animais são formas de vida inferiores. Tem gente que acha que animal de estimação é só um capricho fútil que incomoda a vida alheia. O Bidu não era um capricho fútil. Era um ser por quem eu tinha sentimentos surpreendentemente fortes. Eu o alimentei, dei água, dei carinho, dei abrigo, dei banho, brinquei e passeie com ele. Mas agora ele está morto…

Eu vou sentir muitas saudades do meu Bobo-Biduiu.
Por causa de uma pessoa estúpida.

domingo, 17 de abril de 2011

Medo

 

Fui ao chão. Me fechei em posição fetal; tão primitivo quanto o instinto e os sentimentos que então me consumiam. Além da dor excruciante. Tudo que via eram relances prateados, sombrios, que me atingiam com força cruel e impiedosa; havia também rostos difusos que insistiam em me encarar com aquela máscara de ódio e desprezo, enquanto gritavam, rosnavam e berravam palavras como:

- Morre, viado!

- Não gosta de pau, sua bicha! Então, toma! - nesse momento senti um bastão de beisebol esfarelar minhas costelas. O ar me escapou, enquanto a dor me atingia. O gosto de sangue enchia minha boca e escorria pela garganta; sentia-o escorrendo pelo rosto, vertido da pele cortada; misturava-se com minhas lágrimas de dor e desespero.

Ali caído e acuado por forças maiores que a minha, tudo que podia fazer era tentar me proteger. Não era um ato racional. Encolhi-me o máximo possível, tentando proteger meu peito e cabeça. Sabia que, assim que desistisse deles, seria o meu fim. Sabia também que não tardaria para que a implacabilidade daquele ódio desmedido me derrotasse.

Sempre temi que fosse passar por este horror. Acho que uma hora todos nós pensamos nisso em algum ponto da vida. O ponto em que suas escolhas confrontam a ignorância asquerosa dos outros. O ponto que você fica face a face, frente a frente com a verdade que se tentar negar. Uma verdade simples e vil: Os homens são feitos do ódio. As vítimas são feitas do medo.

A dor é um reflexo ingrato. Um coturno com ponta de aço acertou minhas costas. A dor, um reflexo ingrato, me fez soltar os braços e me arquear para trás, gemendo com as poucas energias que ainda me restavam. Percebi , tarde demais, o meu erro.

Outro flash prateado iluminou-se na minha frente, segundos antes de me acertar em cheio no rosto, esfarelando meus dentes, abrindo fendas enormes na minha boca, afogando-me em meu próprio sangue.

A consciência se afastava de mim. Podia senti-la escorregando para longe, como meu sangue que tingia o asfalto.

Aquela seria a única benção de Deus para mim; Sua única demonstração de piedade, em meio ao horror causado em Seu nome e Sua honra: morrer sob a escuridão acolhedora do desmaio.

Mais uma vítima da ignorância dos homens.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Futuro do Pretérito Mais Que Imperfeito

 

Eu deveria ter me afastado. Eu sabia isso naquela época, mas até agora eu não consigo entender o porquê. Deveria ter feito tudo diferente. Deveria ter despertado para o que realmente acontecia entre nós. Deveria saber que só eu me machucaria.

Naquele tempo, achei que deveria ter lutado com mais vontade. Que deveria ter te agarrado com unhas e dentes. Hoje, sei que, ter lutado com unhas e dentes, foi justamente o meu maior erro, porque, na minha cabeça, eu ainda estou lutando. Revisito todas as minhas memórias, todas as palavras ditas, cada gesto feito. Cada lágrima e cada sorriso. Cada cicatriz. Volto no passado, estou preso à ele, procurando a única coisa capaz de me libertar desse martírio. Procuro por algo que eu deveria ter feito feito para que tudo fosse diferente.

Deveria ter metido menos os pés pelas mãos? Deveria ter sido mais maduro? Deveria ter me preocupado menos? Deveria ter falado mais? Alguma coisa? Qualquer coisa?! Deveria ter me dedicado mais? Deveria ter perdoado? Deveria ter sido perdoado? Deveria ter deixado as coisas saírem do controle? Deveria ter deixado tudo explodir pelos ares comigo junto? Deveria ter entendido que eu não tinha as rédeas da situação? O quê???

Nada disso. Hoje, eu sei o que eu deveria ter feito.

Eu deveria ter me afastado - Futuro do Pretérito.

Não me afastei - Pretérito Perfeito.

- Pretérito mais que imperfeito.

sábado, 9 de abril de 2011

Compactuando Com A Culpa




O desejo de justiça da sociedade é perfeitamente compreensível, ao mesmo passo em quem é completamente irracional. No caso do Tiroteio em Realengo, a imprensa procurou os parentes das vítimas para entrevistas, desdobraram o perfil psicológico da criatura que cometeu a atrocidade, entrevistou “amigos” sobre o comportamento dele. A casa em que morou Wellington Menezes de Oliveira foi apedrejada. A polícia rastreia, prende e apresenta os homens que venderam a arma ao psicopata - com eficiência exemplar, mas também restrita a episódios espetaculares. “Se eu soubesse que era para fazer isso, jamais teria feito o que eu fiz. Agora, infelizmente vou ter que pagar”, disse um deles.

E ele foi provavelmente sincero ao fazer essa declaração; talvez, se soubesse que as armas seriam usadas para massacrar crianças numa escola, não as teria vendido. Mas as vendeu e deveria ter antecipado que para coisa boa não serviriam, afinal, não é essa sua finalidade.

Por outro lado, foi absolutamente preciso ao dizer que “agora vai ter que pagar”. O problema é que seu crime foi mais do que vender uma arma ilegalmente. Para a sociedade, para a mídia e, por consequência, para a Justiça, eles serão os “culpados” pelo massacre tanto quanto o atirador, já que ele - espertamente - se matou. Na ausência de um Judas para queimar na fogueira, as pessoas vão aceitar praticamente qualquer um.

Os homens têm culpa? Claro que sim! Mas deveriam ser sacrificados pelo “bem da moral da polícia e da paz de consciência da sociedade”? Pela lógica, não deveríamos ir atrás dos culpados indiretos pela tragédia? A família que cuidou (ou negligenciou o jovem); dos vizinhos que reconheciam seu comportamento estranho, mas não se metiam; dos ex-alunos de classe de Wellington que o caçoaram e possivelmente o abusaram na escola? Por que não culpar a sociedade no qual este monstro - assim como outros tantos - foi gestado, nascido e criado? Essa sociedade que fará de tudo para encontrar um rosto qualquer e, assim, se isentar da culpa pela morte de 12 crianças, as únicas realmente inocentes nessa trágica história.

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p.s.: Não defendo em momento algum o que Wellington fez, nem diminuo sua culpa. Muito pelo contrário! Acho, inclusive, que ter se matado foi uma sentença até muito generosa para tamanha maldade. Apenas acho que é injusto procurar culpa em apenas alguns nomes ou rostos de seu “circulo social”, apenas para saciar a fome de justiça e ordem da população. Se é para apontar o dedo para aqueles que indiretamente foram responsáveis pela maldade, então, temos que olhar para além da hipocrisia social e apontar o dedo para TODOS os indiretamente responsáveis, e não apenas alguns. Ao contrário do que estão fazendo você acreditar, monstros como Wellington, cheios de motivos insanos, não nascem prontos para a maldade; sim, eles nascem com certos requisitos, mas a sociedade os aperfeiçoa para a loucura.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Chavismo Tupiniquim Planejado e Insuspeito

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Às vezes penso que a política brasileira é de uma inteligência absurda. Ao mesmo tempo, a mídia brasileira é de uma ignrância e ingenuídade mastodôntica.

Enquanto Boçalnaro falava pelos cotovelos os impropérios irracionais de um homem do século retrasado e José Alencar, enfim, morria, outras coisas aconteciam em segundo plano no cenário político. Boçalnaro surgiu para fazer audiência à mídia, e, claro, a mídia foi atrás da audiência.

Ao atrair a atenção da imprensa e da população para o discurso reacionário, homofóbico e racista de Boçalnaro, os puppet masters [controladores de marionetes] agiam em seus próprios interesses em outro lugar. Por exemplo: na votação das reformas políticas. Sabia? Não! Pois é. E já deram um jeito de ir atrás (de mais) do nosso dinheiro.

Outra maracutaia que aconteceu por aí e parece que quase ninguém deu a mínima, foi a demissão do Presidente Executivo da Vale, Roger Agnelli. Se você não sabe quem é, procure no google. Para os propósitos desse post, ele foi o presidente da Vale nos últimos 10 anos e só foi demitido por causa de atritos com o governo Lula, frutos da recusa do presidente da Vale em deixar o governo meter os dedinhos nas decisões da empresa. A batalha de Agnelli acabou e agora assumirá um personagem aprovado (leia-se: sob a tutela do) pelo governo Dilma (leia-se: o governo do PT).

Para quem achava que o conflito Capitalismo x Socialismo tinha acabado, aí está uma prova de que não. Ele continua vivo, mas apático. Não sei se posso chamar de socialismo o que vem acontecendo no Brasil. Na Venezuela, até pode ser. Em terras tupiniquins, há de se questionar até mesmo isso. É que me parece suspeito o governo querer uma influência “mais significativa” sobre a maior empresa do brasileira. Principalmente um governo envolvido em inúmeras denuncias de “recrutamento e seleção” de parentes e apadrinhados de políticos de situação, afim de compartilhar o espólio alheio entre os seus. Me parece suspeito também que o governo (um partido político) tenha tanta ambição no que é privado. Não se engane e pense que a Vale será estatizada, como aconteceu na Venezuela com diversas empresas privadas.

O Chavismo Planejado (e Insuspeito) que acontece no Brasil é ainda mais insidioso que o original venezuelano. Acaba-se aos poucos com o que é de direito privado, e não de supetão, com decisões claramente arbitrárias e sem-vergonhas. O que Chávez fez do outro lado não funcionaria no Brasil, por causa da força política que ainda resiste. Aqui, roe-se aos poucos a força das entidades contrárias e dos alvos almejados, para então dar o bote na surdina. Aproveita-se da ingenuidade da mídia para dar seus golpes, ao invés de controlá-la e silenciá-la - embora tenham tentado isso também.

Àqueles que ainda acham que isso pode ser um bom sinal, tenha cuidado. Chávez está afundando a Venezuela em dívidas, o socialismo em Cuba já provou que é incapaz de existir. O aparelhamento do Estado no Brasil é um grave erro para o qual ninguém está olhando. E se está, está se fazendo de cego.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Bicha Pegou



É complicado ter que dar audiência a uma coisa tão importante depois de uma semana. Depois que José Alencar (e não José DE Alencar) morreu e o mensalão foi considerado “página virada”, é estranho voltar a falar do Boçalnaro. Pois é…

Eu não vou fazer aquela retrospectiva chata, falando que Boçalnaro ofendeu a Preta Gil - seja porque ela é negra, seja porque o ambiente familiar dela é “promíscuo” (sic). O quês, quandos, ondes, porquês, e quens vocês podem achar por aí na internet. Nessa ele saiu pela tangente, disse que entendeu ela ter dito “gay” ao invés de “negra”, e como homofobia não é crime, se safou. Subestimou nossa inteligência, afirmou ter sido manipulado e, como disse, saiu pela tangente.

Interessante perceber que ele não saiu tão ileso quanto esperava. Enquanto o assunto estava fervendo, a OAB estava atrás dele, Preta Gil estava atrás dele, o deputado Jean Wyllys estava atrás dele, meio mundo de ONGs em defesa da igualdade racial estava atrás dele e o outro meio mundo de ONGs contra a homofobia também, ele estava “se lixando” [para ser fidedigno, ele estava se lixando para os movimentos gay]. Chorou e se fez de vítima e coitado, afirmando pra quem quisesse ouvir que não era racista, só “homofóbico”. Se ele afirmou categoricamente isso, não faço idéia, afinal, não se pode confiar no twitter alheio. Mas essa suspeita se respalda no tom e no discurso de Boçalnaro. Disse não ter medo de punições ou represarias, afinal, por ser representante de uma parcela da população que o elegeu, ele pode falar a asneira que quiser. Ou seja, se achou o rei da cocada preta.

Então, o curso da história muda. Um político diz que pode-se achar uma maneira diferente de puni-lo, outro diz que as regras da Comissão de Direitos Humanos da Câmara podem ser mudadas para evitar que ocorrência similares aconteçam no futuro… até ser chamado de estúpido, o sujeito foi. Resumo da ópera: o bicho pegou. Ou mais propriamente dito: a bicha [meu amigo Léo diria beesha].

O clímax disso tudo foi: depois que Deus e o mundo atiraram pedra contra o Boçalnaro, ele, em sua página na internet afirmou (no seu site):“não sou apologista do homossexualismo, por entender que tal prática não seja motivo de orgulho. Entretanto, não sou homofóbico e respeito as posições de cada um; com relação ao racismo, meus inúmeros amigos e funcionários afro-descendentes podem responder por mim”. Sobre ele ser racista, ele já cansou de repetir que não é, embora haja controvérsias. Mas conseguem notar a hipocrisia oportunista na sua afirmação em respeito a homofobia???

Depois das declarações absurdas que deu na televisão, exaustivamente repetidas pelos jornais, portais de notícias, twitters e o caral** a quatro, como “Isso nem passa pela minha cabeça. Eles tiveram uma boa educação, com um pai presente. Então, nem corro esse risco”, ou “quando você vê que o menino está meio, assim, ‘gayzinho’, você dá uns tapas nele que ele vira homem” [confesso que essa não é a transcrição exata, mas a idéia em geral é essa]. Até mesmo a tentativa pífia de livrar sua cara com a Preta Gil demonstra sua linha ideológica: ao dizer que entendeu a pergunta errada, ele não corrige sua resposta.

Afirmou (ou deixou subentendido) com orgulho que é homofóbico e, depois, no próprio site diz que apenas não é “apologista do homossexualismo” e que “respeita as posições de cada um”… alguma coisa tem de errado. Com toda certeza alguém lhe deu uma chamada feia por trás dos panos. Uma chamada só, não!, porque isso ele já levou várias e não mudou. Boçalnaro viu que a coisa ficou feia para o lado dele e está tentando - pateticamente - contornar as coisas.

É de se esperar que as coisas melhorem daqui para a frente. Não que todo mundo deva aceitar de bico calado o movimento GLS e suas reinvindicações - há muita coisa, sim, de errado nele, afinal, ele é composto de pessoas, e pessoas são falhas. No entanto, já passou da hora da política - e da sociedade, principalmente - parar de destilar ódio e ignorância gratuitamente contra quem quer que seja. O recuo do discurso de Boçalnaro (pelo menos, por hora) é uma amostra de que os reacionários estão perdendo força.

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p.s.¹: Houve um outro ministro pastorzinho que falou por aí que "afro-descendentes são amaldiçoados por Deus" e que gays tem "podridão de sentimentos que levam ao ódio, crime e rejeição". Ignorem, é só inveja dos holofotes. Toda Diva é assim...
p.s.²: para não dizer que estou mentindo nem distorcendo os fatos (ok, talvez eu esteja, mas não propositadamente) cliquem aqui e confiram a Nota de Esclarecimento de Boçalnaro.
p.s.³: Como falei! Cafeína faz isso comigo, às vezes... E nem sempre é um bom resultado. Vide post de hoje.

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Cazuza - O Tempo Não Para

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
Não, o tempo não para!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Nós

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Nós não somos um!
Nós não somos dois, nem cinco, nem meia-dúzia. Não somos mais nem uma dúzia.
Somos centenas. Milhares. Centenas de Milhares. Milhões! Centenas de Milhões!
Estamos por toda parte, aqui e ali, acolá! Estamos nas escolas, nas padarias, nos jornais, nas igrejas, nas multinacionais! Estamos na política! Estamos nos armários e nas ruas! Estamos nos livros, músicas, filmes e hoje até nas novelas.
Não somos heróis, também não somos vilões! Somos vítimas, mas não estamos mais acuados nos cantos escuros de uma sociedade retrógrada! Não estamos mais chegando, porque já viemos. E para ficar!
Não somos doentes! Nem pervertidos! Nem possuídos ou amaldiçoados! Não somos loucos (A não ser loucos de amor)!
Não posso dizer nem que somos especiais. Não somos! Somos iguais a você! Iguais a qualquer outro na medida em que todos são diferentes! Queremos a mesmas coisas! Almejamos o mesmo destino! As mesmas felicidades!
Não somos mais do que você.
Mas também não somos menos.

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Gloria Gaynor - I Will Survive

I will survive!
Oh, as long as I know how to love,
I know I'll stay alive!
I've got all my life to live.
I've got all my love to give.
And I'll survive! I will survive!