quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Apatia Desmedida




Este ano, boicotei a Copa do Mundo. Mas mesmo que eu quisesse, não conseguiria ficar longe de saber o que acontece, afinal de contas, eu praticamente vivo de olho na internet. É eu sei que falar de Copa agora é um pouco defasado, mas vou chegar a onde quero em breve.

Logo na primeira fase, se não me engano, a Europa ainda enfrentava as conseqüências daquela crise pavorosa que quebrou meio mundo. A recessão enfrentada pela união européia foi a maior catástrofe econômica já enfrentada pelo bloco desde sua criação. A Grécia foi a primeira a chiar, depois Espanha, e então o castelo de cartas começou a cair. Governos anunciaram medidas drásticas para tentar reverter a situação; medidas como congelamento de salários aumento de impostos e outras ainda mais polêmicas. Não me recordo direito, mas foi num dia de jogo ou da Grécia ou da Espanha em que a população torcedora desses países saíram às ruas para protestarem contra as medidas econômicas que prejudicavam, principalmente, a classe trabalhadora. Olha o quão surreal é isso para um brasileiro!

Vamos dizer, por medidas pedagógicas, que a seleção e país em questão seja a Espanha - aliás, campeã do mundial. Imagine então, que é dia de jogo da seleção espanhola, logo da fase eliminatória, aquela expectativa, e o povo espanhol vai às ruas protestar contra seus governos e a União Européia por estratégias econômicas equivocadas.

Sabe porque estou citando este episódio? Sabe quando isso aconteceria no Brasil? NUNCA! E não é questão de um país ter maior ou menor paixão por futebol, não! É questão de maior e menor paixão por sua nação, pela sua vida pública, pelo seu patriotismo que se estende muito além de um gramado verde e meia dúzia de idiotas correndo atrás de uma bola!

Ontem, 29, a Europa inteira se mobilizou contra as chamadas medidas de austeridade pronunciadas pela União européia, que intensificam as ações de arbitrárias que seriam uma tentativa de recuperar a economia, jogando o peso oneroso nos ombros da população! Não é brincadeira! De Lisboa à Bruxelas, de Madri à Atenas, vários países parando e dando dor de cabeça à governos por não aceitarem tamanho abuso! De novo: quando isso aconteceria no Brasil? A resposta é a mesma: NUNCA! É até difícil de acreditar que fomos colonizados e influenciados por mais de cinco séculos por países europeus!

Uma nação que se une sobre uma só bandeira é milhares de vezes mais apática do que um continente com dezenas de nações e bandeiras diferentes, que se organizam e combatem aquilo que acham injusto! Hoje o Brasil está estável economicamente, mas há tanto o que fazer e protestar, mas nós, brasileiros, preferimos parar o país quando é Copa do Mundo - pra assistir um timéco de m**** - e trocar de canal quando está passando debate político pra assistir A Fazenda 3!


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p.s.: pra quem não sabe, a imagem do post é de Europa, um dos satélites galileanos de Júpiter.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pesadelos

Nestes últimos tempos, no cenário sócio-político brasileiro, nada me tira mais o sono do que o medo da Censura. Ok, medo pode ser um tanto demasiado. Já falei sobre isso em outras oportunidades de modo muito raso, mas nunca parece ser demais bater na mesma tecla, principalmente quando os outros insistem em seguir o mesmo ritmo...

Décadas atrás, o AI 5 era a forma como a Ditadura Militar impedia que as notícias de seus abusos de poder fossem veiculados entre a sociedade. Não é possível nem classificar essa medida como ilegal ou inconstitucional na época, tendo em vista que fora o próprio governo que a elaborar (mas também não estou dando uma de Dunga e ignorando as repercussões claramente trágicas). Hoje, a Censura tem vindo de órgãos que deveriam ajudar a manter a liberdade de expressão. Juízes aprovam liminares para impedir que determinados tópicos sejam discutidos nos meios de comunicação. É o que está acontecendo no Tocantins, em que o candidato a Governador (ou algo parecido) pelo PMDB é acusado de esquemas de corrupção. O que ele fez, com quem ele fez, como ele fez, não me interessa hoje; afinal, político é político e certas variáveis são irrelevantes para a esta equação. Também não interessa se ele estava certo ou errado, se é inocente ou culpado de corrupção. O que me importa hoje é a absurda idéia de que a justiça esteja protegendo uma única pessoa em detrimento do interesse coletivo.

O processo pode até estar correndo em segredo de justiça; mas daí a censurar completamente dezenas de veículos de comunicação? Parece um pouco demais, não? E esse caso isolado não aumenta meu medo. O que me dá medo é que tal candidato a reeleição faz uma coligação com o PT, que nesta campanha fez várias declarações que deixam clara sua posição em relação à mídia livre e à verdadeira democracia.

Anti-PTista? Anti-Lulista? Eu? Sinceramente, não. Mas parece, sim, haver um movimento da atual situação (pra quem não sabe, na linguagem política "situação" é antônimo de oposição) para vetar o que é dito na imprensa que possa ser prejudicial aos seus interesses.

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p.s.: é muito fácil voltar atrás no que se é dito. Carlos Guadim (o citado governador) e Lula fizeram isso, ao serem veemente criticados por suas posturas diante da mídia. Essa retratação seria verdadeira?...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Todos Estão Mudos




Como já disse neste mesmo blog, acho que a Pitty é uma das artistas do cenário atual no Brasil que tem as letras mais pertinentes - principalmente diante de BIZARRICES como Restart e companhia. No seu último álbum, Chiarousco, a última faixa Todos Estão Mudos tem essa característica. Uma letra que diz bem algo que percebo na sociedade brasileira, principalmente nesse momento de eleições.

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TODOS ESTÃO MUDOS - Pitty


Já não ouço mais clamores
Nem sinal das frases de outrora
Os gritos são suprimidos
O corvo diz: "nunca mais"

Não parece haver mais motivos
Ou coragem pra botar a cara pra bater
Um silêncio assim pesado
Nos esmaga cada vez mais

Não espere, levante
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar

Há quem diga que isso é velho
Tanta gente sem fé num novo lar
Mas existe o bom combate
É não desistir sem tentar

Não espere, levante
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar

domingo, 19 de setembro de 2010

Poder, Dinheiro, Fama e Morte


Hoje vou postar o rascunho da redação que fiz para último vestibular que prestei. Estou pra postá-lo há muito tempo e só agora lembrei de escrevê-lo aqui. Dentre os temas para a redação, foi pedido para abordar as relações de poder e dinheiro que levam as pessoas famosas ao crime, bem quando o caso do goleiro Bruno estava em evidência. Como achei os outros temas muito chatos, preferi fazer desse mesmo, embora não aguentasse mais ouvir falar em Caso Bruno.

Gostaria de dizer também, que estreei duas seções hoje, no blog. Uma é a "Nostalgia", onde reescrevo alguns dos meus textos mais antigos que acho terem ainda alguma relevância. E a outra é a "Rapidinhas", onde escrevo breves pensamentos que me ocorrem todos os dias, mas que não valem um texto inteiro. Leiam e divirtam-se.

No mais, até a próxima.

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O Poder não muda as pessoas, apenas revela quem elas realmente são. Pegue, por exemplo, o caso do goleiro Bruno, do Flamengo, suspeito de envolvimento na morte da amante Eliza (Samudio). Um crime de motivo banal, recheado de requintes de crueldade, que revela a frieza e a falta de respeito pela vida humana. Ameaçado por ma ex-amante, Bruno decide simplesmente eliminá-la. Tal - ilusão de - poder vem dos privilégios que a fama e a fortuna trazem.

O instinto criminoso, provavelmente, não aparece logo no começo. Há de se considerar os inúmeros exemplos divulgados exaustivamente de pequenos e médios delitos ignorados por oficiais da lei em troca de dinheiro. A sensação, certamente inebriante, de "comprar" privilégios, acessos, facilidades, gera a ilusão de que todo o resto pode ser resolvido através do dinheiro ou influência; inclusive, quando a solução mais fácil parece ser matar ou aterrorizar alguém, e o medo da punição por tais crimes caí por terra quando se acha que pode, também, barganhar a Lei ou, até, ser alheio à ela.

No entanto, não se pode culpar apenas o dinheiro por estes desvios de caráter. Temos que atentar também - se não principalmente - para fatores sociais e econômicos do criminoso. Numa sociedade como a nossa, em que a ascensão meteórica, embora rara, é possível, alguém sem um exemplo do que o dinheiro pode ou não, deve ou não fazer, confunde seus papéis e adquire uma noção deturpada de seus limites, ou seja, desconhece ou ignora os rigores da lei que deveria seguir, trocando-as pelas próprias.

Claro que isso não justifica a barbárie dos crimes de uma dita elite brasileira. É preciso lembrar a eles e à sociedade que ninguém está acima de nenhuma lei, seja por dinheiro, fama, influência ou simplesmente arrogância. Todos os infratores devem ser julgados, condenados e punidos por seus crimes, independentemente de quem sejam.

Rapidinhas: Felicidade

Descobri porque pessoas religiosas são felizes: ignorância é felicidade.

Nostalgia: Egoísmo, Amino-ácidos e a Minha Inveja

Cheguei ao ápice da minha paciência (óbvio que isso é mentira! ou melhor: drama!). Não sei porque, mas cansei de olhar para esse mundo e ficar de fora. Qual o sentido primo de tudo o que vivemos? Será que não existe sentido? Será que não existe nada em qual nos apoiar? Não falo de um motivo momentâneo. Quero algo que me motive de verdade, que me faça tomar fôlego e dizer: aqui vou eu! Mas não vejo nada assim! Por um lado vejo pessoas se acabando em orgasmos e orgias, por outro vejo o desinteresse em massa pelo bem coletivo, vejo a destruição de uns que se acham deuses. Vejo egoísmo, hipocrisia, mentira, traição, leviandade, inconseqüência.

Para ser muito sincero, isso é apenas inveja. Inveja de não ser assim, de ter aprendido os valores "errados" da vida. Queria ser desenfreado, desimpedido, gozar por gozar, pisar na cabeça dos outros, roubar e ter a coragem para dizer que não fui eu. Pior! Dizer que foi o outro! Quero ter irresponsabilidade para engravidar uma garota de 14 anos, quero ter o sangue frio ou a loucura para matar meu melhor amigo! Quero ser promiscuo o suficiente para fazer uma suruba num banheiro de rodoviária!

É inveja! Pura inveja! Inveja de não ser lindo, gostoso e mau-caráter! Só os maus-caracteres evoluem! Imaginem se as primeiras cadeias de aminoácidos fossem éticas, onde estaríamos nesse momento?! Seriamos meras cadeias de aminoácidos com bilhões de anos, não! O mal impera! Temos que ser destruidores para prosseguir.

Mais uma vez perdi a minha linha de raciocínio... O que aliás não é tão surpreendente. Afinal, parece que o mundo perdeu sua linha de raciocínio também.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Luíz, José, Mídia e Bom-senso




Extirpar: [Do lat exstirpare.] V.t. d. 1. Arrancar pela raiz; desarraigar; desenraizar. 2. Extrair (ferida, cancro, etc) 3. Extinguir, destruir: extirpar a corrupção. [...]

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Época de eleição geralmente é um inferno. Essa tem sido ainda pior. Talvez, porque minha consciência política tenha amadurecido ou porque situação esteja um pandemônio.

Não acredito que seja possível, sequer, discutir a questão de quebras de sigilo banalizadas ou tráfico de influências na Casa Cívil. Falar que o processo eleitoral se resumiu a escândalos ao invés de se concentrar nas propostas de campanha para melhorar o Brasil, também seria chover no molhado.

O PT se diz vítima de perseguição da mídia "elitista", que defende os ideais e interesses peesedebistas por inúmeras razões e que maximiza, exagera, distorce e manipula a interpretação dos fatos para prejudicar a campanha do PT (porque Dilma já é considerada praticamente eleita, e só mesmo a Marina e o Serra pra continuarem a ter esperança). Sim, não vou dizer que a mídia não seja tendenciosa e manipuladora. Estaria mentindo se afirmasse o contrário. No entanto, o poder manipulativo da mídia acaba quando o telespectador desenvolve seu senso crítico (ok, 90% da população brasileira sequer sabe o que significa senso, o que dirá crítico) e consegue transcender a opinião do veículo de mídia (seja ele Globo, Record, Folha de São Paulo...) e perceber o fato noticiado, e então, desenvolver sua própria opinião.

Outro aspecto que o PT e os partidos de esquerda em geral se esquecem com freqüência (e talvez propositadamente) é que, por mais tendenciosa que a mídia seja, ela jamais inventará fatos! Pode manipular, explorar, vender, exaurir uma notícia. Mas nenhum empresa de comunicação cometerá o suicídio público de inventar uma notícia, independentemente de sua posição política! Chavéz (por quem EU realmente não sinto simpatia nenhuma) é vítima de sucessivas críticas severas da mídia internacional; mas ninguém pode negar o fato que o sujeito está no poder há mais de dez anos, descaracterizando a democracia ao minar as forças de oposição de todo modo possível.

Desse ponto queria analisar duas coisas que me deixaram chocados em questão de dias. A primeira delas foi a declaração do (ainda) presidente Luíz Inácio Lula da Silva (aliás, fiquei pasmo ao saber que "Lula" não é só apelido, é de fato um sobrenome dele!!!) que o partido DEM deveria ser "extirpado" da política brasileira. "Extirpado"... Agora eu lhe pergunto? Ele usou essa palavra como metáfora. Bem, espero que sim, porque os sentido literal é ainda mais sombrio. "Extirpado"...

Ok, eu não fiquei sabendo ainda de nenhum político/candidato filiado ao DEM que fosse honesto. Quando ouço falar no tal partido eu associo imediatamente à políticos corruptos. Se existem algum honestos no partido?... Acredito (espero) que sim, mas é como cabeça de bacalhau: ninguém nunca viu. A questão nem é se deveria ou não extirpar essa especifica legenda, por conta de falcatruas ou por posição política... Não! O "x" da questão (e que Dilma fará questão de salientar na maior inocência que é mais um factóide) é que, mesmo que Lula estivesse "brincando", foi uma terrível escolha de palavra. Na pior das hipóteses, Lula deixou claro ao usar o "extirpar" a intensidade de seus pensamento (se não, sentimentos) em relação à este partido de oposição, consciente ou inconscientemente. Extirpar é uma expressão muito forte para se usar levianamente. E tomara que outras pessoas tenham percebido que essa péssima escolha de palavra apenas corrobora a hipótese gerada pela mídia (e não só ela, mas também de analistas políticos) de que Lula e o PT estão encaminhando as eleições pra garantir uma maioria no Senado e na Câmara e, assim, minimizar as forças de oposição ao ponto de se tornarem insignificantes frente ao seu governo, e, assim como Chavéz, descaracterizar a democracia brasileira; transformando-a numa espécie de oligarquia partidária mascarada.

José Dirceu (lembra, daquele envolvido com um monte de maracutáia uns anos atrás?), numa palestra na Bahia, disse que "há excesso de liberdade de imprensa no Brasil". Bem, é o que os jornais têm colocado em suas manchetes e, aqui, tenho mesmo que dizer que é estratégia para distorcer o entendimento do leitor. Ele não afirmou exatamente isso. A declaração descontextualizada gera confusão. O que foi dito por ele é que no Brasil há um abuso dessa liberdade, que a imprensa abusa do "poder de informar". É triste dizer, mas ele está certo. A mídia esgota, sim, todas as possibilidades de dar informação à sociedade, e muitas vezes equivocadamente.

José Dirceu ainda rebate a idéia de que o PT (e leia aí, todo mundo dessa patota) pretende censurar a imprensa. Mas faça as contas: um presidente afiliado ao partido que diz que deveríamos "extirpar" o DEM, que tem se mobilizado para reduzir a ameaça da oposição em futuros governos, e a mídia é fortemente atrelada a esse movimento. Usando o bom-senso, é óbvio que haverá algum movimento negativo em relação à ela.

É hora de sermos alarmistas e esperarmos uma ditadura, que a democracia está ameaçada? Não acredito. Ainda não, pelo menos. Mas é hora de começarmos a ler nas entrelinhas e perceber que nem tudo que se pinta de vilão é vilão, nem tudo que se pinta de mocinho é mocinho. A política brasileira é cheia de áreas cinzentas, embora os mais afoitos adorem dividir linhas que não existem.

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p.s.: só gostaria de dizer uma coisa. Os únicos governos que temem/odeiam a mídia são as ditaduras e as tiranias.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Outro Reality Show? Really?!...




Ainda me perguntou: por que perco tempo vendo televisão? Claro que não vejo sempre. A Internet já chegou ao ponto em que tudo que preciso de cultura e informação, eu tiro dela, e tiro com muito proveito, obrigado. Mas infelizmente, a televisão ainda é uma onipresença em certos lugares. Mais precisamente, quando não há Internet por perto... Por exemplo: neste exato momento, estou na casa do meu namorado, offline (escrevendo no Word), assistindo o mais novo Reality Show nojento da Globo: Hipertensão.

Acredito que esse filão seja uma mistura de Saw (Jogos Mortais) homeopático com No Limite - lembra, aquele que tentaram ressuscitar o ano passado e não deu muito certo porque ninguém mais agüenta ver gente anônima comendo olho de cabra? Então... esse mesmo! O Hipertensão lembra também aquele fracasso que foi apresentado pelo Paulinho Vilhena, em que os participantes tinham que pegar dinheiro em meio a um monte de nojeiras. Pensando melhor, esse último talvez fosse um piloto desse Hipertensão. Que, aliás, também tem aquela coisa de casa, confinamento... BBB - aliás, as inscrições da 11ª edição já começaram. Vou correndo pegar minha câmera e fazer um vídeo e mandar pro Bial [ironia mode: on (¬¬”)] - Enfim... A Globo não se contentou em fazer vários programas péssimos e juntou-os num único, pra fazer um superior à todos os outros!

Primeira consideração: Necessidade

Pra quê inventar um “Reality Show fora de época”?! BBB já não era ruim o bastante para a programação televisiva e para a cultura brasileira?! Tinha mesmo que fazer outro?!

Mas não é só apenas outro (a redundância foi proposital) Reality Show! Ele tem um quê de adrenalina, de esporte radical, além da nojeira de ratos, baratas e cobras. Ou seja. A demanda da audiência não se limita mais à simplesmente ver a convivência “real” (porque aquilo é tudo, menos real) de anônimos estranhos entre si dentro de uma casa; Não! A mediocridade cultural brasileira tem que ir além! Agora eles querem adrenalina, hipertensão! Isso me lembra um pouco o comportamento de dependentes químicos. Com o tempo o viciado precisa de drogas mais pesadas!

Eu até assistiria, se não houvesse cabos de segurança, pára-quedas, toda aquela parafernália que anula as chances de um acidente fatal e que os bichos nojentos não fossem pegos de viveiros isolados, que fossem devidamente limpos. Ou seja: que a coisa fossem perigosa mesmo!

Segunda Consideração: Peitinhos

O Hipertensão já perdeu a pouca simpatia que eu poderia ter logo no primeiro episódio. Por quê? Na primeira prova, na chamada dos participantes, me aparece uma mulher, de braços cruzados, girando num efeito maravilhoso de câmera... de topless! Pagando peitinho!!! Peitinho!!! Agora, você imagina e pense comigo... Como uma mulher se presta a fazer uma coisa dessas? Claro, a Cléo Pires foi capa da Playboy semana passada (foi semana passada mesmo?) e pelo que vi de algumas fotos foi um trabalho excepcional! Milhares, centenas de milhares de mulheres pagam peitinho em incontáveis filmes pornô (algumas pagam até útero...). Qual o problema do raio da mulher pagar peitinho no Hipertensão?! A diferença é que a Cléo Pires se prontificou a pagar peitinho num veículo de comunicação que se presta a mostrar o peitinho das mulheres. O Hipertensão se presta a quê? Mostrar mulheres pagando peitinho também?

“Ah! Mas você é gay! Viadinho não quer ver mulher pagando peitinho na televisão!”, você poderia argumentar, caro leitor. Mas homens saradões semi-nus também me incomodaram. Se eu quisesse ver homem lindo, tesão, bonito, gostosão e tatuado, era só ir no Pornotube, que veria bem mais coisa. Só tem UM, 01, I, um único homem menos definido. A palavra chave aqui é “menos”! Aliás, esse programa poderia também se chamar Next Brasilian Top Model - afinal, já que é pra ser ruim, vamos ao fundo do poço e colocar o nome em inglês. Não há uma só pessoa, macho ou fêmea, que não possa ser modelo dentro desse jogo! Alguns precisam de alguns retoques, mas em via de regra, não tem uma única pessoa feia participando do programa! E isso me faz pensar o seguinte: seria esse o artifício de um programa vazio pra conseguir atrativos e, assim, audiência? Mostrar gente bonita se ferrando em provas teoricamente perigosas? Até por que, quem quer ver um gordo pulando numa piscina com pedras de gelo?... Ou uma baranga berrando diante de um prato de pizza de minhocas?... Ninguém né?

Éh! Por esse lado posso entender. Um programa totalmente sem conteúdo tem mais é que lançar outros pseudo-artistas e pseudo-modelos enquanto o martírio de janeiro não chega [ironia mode: ainda on (¬¬”)³]

Conclusão

Sabe o que é pior? Não ter Internet neste momento, onde eu possa escolher o que ver, na hora que eu quiser. Mulher pagando peitinho, homem de sunga, gente pagando mico ou se ferrando no Youtube.

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p.s.¹: Você poderia dizer também, caro leitor: “Porque não desligou a p**** da televisão e foi ler um livro?” Sim, concordo que teria perdido menos neurônios e menos da minha parca paciência; mas minha revolta foi instantânea e vim partilhá-la com vocês. Sim, a adorável peculiaridade de aproximar as pessoas da Internet.

p.s.²: Pra você que não saca nada de inglês e não entendeu o título, aí vai a tradução/explicação: o “really” é uma expressão de espanto em inglês, equivalente ao nosso “mesmo”. Tipo, alguém vira pro você e fala: “Sabe fulano? Morreu!” e você responde: “Mesmo?!” Então é isso.

p.s.³: Não sei o que pode ser pior... Na minha cidade, a emissora regional exibe nas noites de domingo um programa de entrevistas com pessoas importantes e proeminentes (existe alguma diferença?) das redondezas. Ou seja, ninguém que realmente valha a pena entrevistar. Resumo da ópera... estou f*****!

p.s.4: Poderia também, ligado o Media Player, mas estranhamente hoje, não estou com saco nenhum pra ouvir música... Mas se o tivesse feito, não teria feito esse lindo post. =DD

p.s.5: Sem mais ps’s...


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Demos




Democracia vem do grego demo (povo) kratos (governo), sendo assim, governo do povo. Platão era contra essa democracia. Fato comprovado em sua diversas obras, principalmente aquelas que seguem a morte de seu mestre, Sócrates, condenado à morte pelas sua reflexões filosóficas sobre a religião ateniense. Claro que Sócrates não foi morto só por isso; sua filosofia questionava os fundamentos religiosos, que os políticos usavam para manter o poder. Platão, então, critica esse governo que serve aos propósitos particulares.

Platão defendia uma aristocracia do saber, onde a polis seria governada pelos filósofos, os homens sábios da época, argumentando que os homens comuns não tinham esse saber aprofundado das coisas, portanto eram incapazes de governar corretamente.

De certa forma, concordo com Platão. Não no que diz respeito à capacidade dos "homens do saber" de governar, principalmente do ponto de vista da filosofia. Concordo quando Platão diz que o povo não tem capacidade para se governar uma vez que não possuí a exata compreensão do que é o governo. Brasileiro, então? Nem se fala.

Como esperar que um povo eleja seus governantes, se seu conhecimento das engrenagens do poder é limitado, parco, impreciso, muitas vezes manipulado? As estruturas de um governo são complexas demais para que alguém de fora as compreenda de forma adequada. Quem sabe pra que serve o Senado, a Câmara dos Deputados, a Casa Cívil? Fomos criados para acreditar que democracia é apenas ir nas urnas de quatro em quatro anos (ou dois em dois, se você contar as eleições pra prefeitos e vereadores), que governar é ser apenas eleito, que governar é apenas ganhar nas urnas e tomar posse de presidente. E continuamos a acreditar nisso.

Talvez por não percebermos a real profundidade dos governos é que sempre escolhemos errados nossos representantes, transformando a nobre idéia de democracia dos gregos (que nem era tão nobre assim) numa oligarquia maquiada de livre escolha do povo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Não Se Engane



Continuo minha cruzada pelos confins de mim mesmo, correndo o risco de soar demasiadamente fútil em tempos tão conturbados. Mas, diante das obrigações da minha nova vida acadêmica e dos interesses viciantes por política, economia a afins. Gostaria de avisar, também, acompanhando essa nota de esclarecimento, que tenho vivido um momento de crise intelectual. Todo o meu conjunto de idéias sobre o mundo e tudo que ele contém sofreu um sério ataque e estou meio em órbita. Talvez um dia eu volte ao normal, mas é provável que não. Sem mais delongas... o post de hoje:

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Não Se Engane
Por Igo Araújo dos Santos


Não se engane, não se engane
Não quero a ti, não quero mais
Roubado fui, uma vez basta
O que foi não volta mais
Esperança, perdão, amor

Não se engane, não se engane, não
Em minha mente está, não mais no peito
Roubado fui, morto fui
Feridas abertas sobre feridas abertas
O sangue que foi não volta mais, não
Vontade, paixão, estupor

Não se engane, não se engane
Memórias vívidas, memórias sombrias
Roubado fui, uma vez basta
O que foi não volta mais
Amor, amor, amor