sábado, 13 de agosto de 2011

Indução ou Atração



Existem dois fenômenos na física, mais apropriadamente, no estudo do eletromagnetismo, conhecidos como Indução Eletromagnética e Atração Magnética. Na indução eletromagnética, de forma grosseiramente explicada, o campo magnético de um imã em movimento acaba gerando, em um fio, uma diferença de voltagem e, por consequência, uma corrente elétrica. A atração eletromagnética é mais conhecida, e notadamente mais simples, pois é a simples atração de objetos eletricamente carregados, sejam imãs ou pentes que você esfregou na cabeça e aproximou de papeizinhos.

Não! Embora minha curiosidade pela física seja enorme, pouco sei sobre essa ciência. Sei menos ainda sobre eletromagnetismo. Então, porque raios (sacou a piada?) estou falando sobre isso?!

Simples - mais simples do que física. Na última aula de Ética surgiu a discussão sobre a corrupção intrínseca da política brasileira. Minha professora evocou (sim, estou erudito hoje) a máxima de Nietzsche “O que não nos mata nos fortalece”, modificada pelo cineasta Terry Gilliam da seguinte forma: “O que não nos mata só nos deixa muito mais cansados”. Ela se referia ao impeachment do presidente Fernando Collor. O movimento que o tirou do poder não foi suficiente para limpar o cenário político brasileiro e a corrupção continua entranhada em praticamente todos os níveis do nosso governo. Prova disso foi a suposta “faxina” pela presidente Dilma no Ministério dos Transportes e que se vê às voltas, também, com os Ministérios da Agricultura e do Turismo.

Depois de algumas definições sobre a ética que nos torna humano, a professora perguntou por que os políticos acabam por roubar e desviar dinheiro e todas aquelas lambanças se sabem que é errado? “Todo mundo fazer, porque não vou fazer?”, foi uma das possíveis explicações, concluindo no velho “o meio afeta o indivíduo”. Daí questionou-se o livre arbítrio, ou seja, se a escolha pelo errado é dada pelo meio, então o sujeito não tem poder de escolher o certo, o livre arbítrio, mas é inegável que todos nós o temos.

Nesse ponto me ocorreu uma frase dita pelo Detetive Tritter, na terceira temporada da série House, M.D.: “A medicina atrai aqueles que são atraídos pelo poder”. Nesse cenário a escolha se dá, não sob influência do meio, mas por causa dele. Exemplo: o vandalismo atrai aqueles que possuem um fraco pela depredação - seja para se auto-afirmarem, seja pela pura delinquência. Quem não vê graça em destruir a propriedade alheia e a pública não se mistura com grupos de vândalos.

Não acredito que seja diferente na política. Uma pessoa que não tem qualquer interesse em governar não põe seu nome para concorrer a um cargo. Políticos são atraídos pelo poder.

Claro que apenas isso não explica a corrupção intrínseca da política brasileira, afinal é possível exercer poder de forma correta. Acontece que a política brasileira é um terreno fértil para a corrupção; uma combinação básica de leis ineficazes, que dificultam condenações, com eleitores alienados, que não conhecem seus candidatos e, portanto, não podem fiscalizar nem cobrar honestidade e transparência.

Seguindo a minha teoria de atração, um meio propício à corrupção atrairá que tipo de político? Aquele propenso à corrupção! O sujeito não muda ao chegar o poder, influenciado por aqueles que já estavam ali e roubavam; ele se prontificou à governar porque sabe dos espólios fartos provenientes da pilhagem de cofres públicos, e que, mesmo que seja flagrado roubando, dificilmente será condenando, tanto pela justiça quanto pelos eleitores. Não há qualquer “indução” do meio, há a “atração” por ele.

Solução para esse problema: certamente não são impeachments ou demissão dos corruptos ou já teríamos resolvido isso, há muito tempo! Não se muda um jogo ruim retirando os jogadores. Muda-se um jogo pelas suas regras. Quando o cenário ou o meio forem mudados, quando forem menos amigáveis a saqueadores de dinheiro público, então a corrupção acabará.

Para permanecer na minha metáfora inicial, um meio só pode ser induzido eletricamente se ele for, primeiro, condutor.

p.s.¹: sim, é um texto confuso. Eu mesmo não sei onde comecei e onde terminei esse texto. De eletricidade, fui pra Ética, depois pra política, depois pra Nietzsche, pra House, pra psicologia social, pra política de novo e acabei terminando na eletricidade. Mas vocês são pessoas inteligentes, sei que vão entender o que quis dizer. E depois vão me explicar, porque eu não entendi bulhufas!

p.s.²: não consigo mais me lembrar da frase “o que não nos mata nos faz mais fortes” (what doesn’t kill us makes us stronger) sem associá-la à fala parodiada pelo Coringa, em Batman The Dark Knight, na cena em do assalto ao banco: “o que não nos mata nos faz mais estranhos” (what doesn’t kill us makes us... stranger).

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