quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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Encerrei o ano passado fazendo um voto de que os acontecimentos ruins de 2009 não nos seguissem à 2010. Inutilmente, claro. Barbaridades e atrocidades dos mais variados graus se repetiram este ano. Mas vou me render às tentações humanas e ter fé e fazer um novo voto no fim deste ano que se aproxima.

Que 2011 seja o ano da conscientização política, do amadurecimento social, do interesse público pelo que é público, porque, afinal, 2012 é (de novo) ano de eleição. Que as autoridades sejam menos negligentes e não deixem sua população construir em áreas de risco; e que as pessoas aprendam a ter educação e não joguem lixo nas ruas. Espero que, em 2011, as pessoas recuperem a consciência e se toquem, recuperem o gosto e o senso musical e percebam que Restart dificilmente é a melhor banda do ano. Se, de um lado, goleiros e jogadores de futebol tem que aprender a seguir regras e leis, do outro a mídia tem que aprender a ser menos exaustiva e se limitar ao seu lugar de informar e não investigar crimes e condenar suspeitos. Que os jovens sejam menos intolerantes e preconceituosos, seja contra homossexuais, nordestinos, palestinos, pobres, ricos ou qualquer outra classe. Que a Igreja crie vergonha na cara e pare de acobertar padres pedófilos. Desejo que em 2011 a religião pare de se meter onde não é chamada, pare de dar pitaco na política.

E, principalmente, que mães irresponsáveis não joguem seus filhos fora, como se fosse lixo. Ainda mais no quintal do vizinho.

Feliz 2011

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um Estado Dito Laico - Parte II

Queria eu estar mais atento a certas coisas que acontecem diariamente no mundo. Infelizmente deixei essa passar.

A ATEA (Associassão Brasileira de Ateus e Agnósticos) decidiu fazer uma das campanhas publicitárias mais interessantes que tive o prazer de por os olhos. Não por ser ateu - ok isso também - mas pela inteligência. Essa é uma daquelas ocasiões em que mostrar é melhor do que falar (no caso, escrever).



É uma campanha agressiva. Não que haja elementos ou termos agressivos nas mensagens, mas porque no Brasil, falar em religião - principalmente ateísmo - é assunto proibido, indiscutível. Vale a máxima: cada um na sua. Esse é exatamente o "x" da questão: não há espaço para se discutir a crença religiosa como um fato social, existe apenas a concepção de que cada um deve viver a vida e sua religião como lhe foi ensinado, sem questionar ou debater.

Ok, até aí nenhuma novidade.

A genial campanha será lançada agora, no dia 13 de dezembro, em Porto Alegre e Salvador, e será veiculada em ônibus públicos. A ATEA chegou a assinar contrato com uma empresa de mídia para que a campanha acontecesse em São Paulo, mas a empresa se recusou a levá-la a adiante pois ela feriria uma lei municipal que proíbe campanhas que estimulem ofensas religiosas - ou algo do tipo. Na minha opinião, dentro da concepção de que religião é particular de cada um, nada mais justo que a campanha fosse vetada. Mas veja o contra-senso: existem em todos os lados campanhas que estimulam a crença em várias religiões, atividades, reuniões, celebrações cultos e um sem-número de outros eventos de cunho religioso e ninguém diz nada, ninguém proíbe, ninguém questiona! Por que não colocar uma campanha em favor dos ateus? Por que não, num Estado que se diz laico e que respeita a liberdade religiosa? O Estado pode até respeitar, mas a sociedade que o constitui não admite esse tipo de liberdade.

Os ateus são a última minoria do mundo.

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ps.: no Site da ATEA você encontra a explicação completa e mais detalhada da campanha e outros links para os desdobramentos e repercussões que o assunto trouxe. Basta clicar aqui.

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Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

[Chico Buarque - Deus Lhe Pague]

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Maior Medo da Tirania




É espantoso assistir ou ler o noticiário mundial e perceber que no alvorecer do século XXI ainda existam grandes tiranias. E o pior de tudo, elas ainda têm forças e resistem bravamente em seus pensamentos dito evoluídos. Não falo da Coréia do Norte, aquela "paiseco" cujo único trunfo é o desenvolvimento de armas atômicas. Também não falo do reino encantado do Ditador Fidel, aquela Cuba maravilhosa e socialista que está a dois passos da miséria - é fácil não ser uma sociedade consumista quando não há o que se consumir.

O que falo é do poder que ainda tem a tirania da República Popular da China. Certamente o crescimento econômico de 10% ao ano lhe subiu a cabeça. Aliás, fato curioso, é fácil crescer economicamente sem respeitar diversas leis ambientais, tendo a plataforma energética mais poluída do mundo, um governo autoritário, de partido único, censura para todos os lados. É fácil governar e crescer quando não há ninguém para se opor a você. Por isso as mornárquias absolutistas da França foram tão bem sucedidas em jogar o povo na miséria enquanto sustentava o luxo da corte. Talvez, com olho nessa história,a China tenha tanto medo da uma Queda da Bastilha Oriental e trata sua população com rédeas tão curtas.

Por exemplo, Liu Xiaobo, um dissidente chinês, condenado a 11 anos de prisão por defender a abertura democrática da China e nomeado ao Nobel da Paz deste ano. Ele é estranhamente mais conhecido no mundo do que em seu próprio país. Quase nenhum de seus conterrâneos sabem quem ele é, o que ele fez, se está ou não preso. Por quê? Porque não interessa a China que sua população saiba que há pessoas lutam pela liberdade de seu povo. Não interessa à China revelar a pressão estrangeira, a premiação do Nobel da Paz. Não interessa nem se fazer de desentendida. Isso seria admitir o erro - que eles não acham que seja erro.

Aí é que está o problema. Se não há problema algum com o modo de governar chinês, porque tanto medo de um simples prêmio, de um único homem, da democracia de uma forma geral? Se o jeito comunista da tão certo quanto os números demonstram, porque essa agressividade frente a liberdade democrática, da informação? Por que há todos os problemas. O maior medo de uma tirania é o poder de escolha do povo que há oprime; porque, a partir do momento em que o povo ganhar a consciência do poder que tem, a tirania vai a ruína e aqueles que detêm o poder não terão mais nada. Uma tirania não suporta opiniões multilaterais por isso silencia todos aqueles que são contra ela e aliena aqueles que estão sob sua influência.

A China pode até ser o país que mais deu certo nas últimas décadas e ter muito a que ensinar a países ocidentais como Brasil ou até mesmo os Estados Unidos. Mas o que as pessoas têm que se perguntar é: a que custo a China cresceu tanto? Da liberdade de opinião, da liberdade de ir e vir, da liberdade de escolher? Da Liberdade?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Gêmeas


De uma hora para a outra elas se tornaram tudo para nós. Não havia mundo exterior que não se ligasse à elas. Chegaram de supetão, de repente. É difícil chamar “sete meses” de “de repente”, mas, mesmo a espera não foi suficiente para nos preparar adequadamente para o que estava por vir. Nessas ocasiões, você só acredita no que está acontecendo quando finalmente acontece. Assim, de uma hora para outra, elas se tornaram o único motivo de nossa existência, seqüestradoras absolutas, irredutíveis e implacáveis de nossa atenção e sentimento. Pequenas mãozinhas, pequenos pezinhos, pequenos grunhidos, olhinhos espremidos e uma fragilidade aterradora. Em contraste a tudo isso, uma fome enorme, um choro potente, uma disposição elétrica, digna de seres adultos. E no nosso caso tudo isso veio em dobro.

Tão logo voltamos para casa, a visita dos amigos se tornou constante. Era engraçado perceber a atenção tão peculiar, quase religiosa ao se falar perto delas; o respeito pelo sono delicado das duas. Mas afinal, quando elas não estavam dormindo?...

Outro fato curioso era a habilidade que os bebês têm de infantilizar os adultos. Vozes engraçadas, gestos frenéticos, conversas sem sentido. A retribuição delas era aquele olhar de indiferença, quase condenatório e severo, como se não houvesse qualquer interesse no que a roda de adultos tentava conversar com elas.

As amigas que já eram mães davam conselhos à mãe de primeira viajem; as amigas que ainda não eram mães treinavam para quando fosse a vez delas. Os amigos que já eram pais se empenhavam em salientar as diversas inconveniências e responsabilidades da paternidade com um ar de sabedoria milenar; os amigos que ainda não eram pais, rejeitavam qualquer possibilidade vindoura de arrumarem um par como o nosso, ou mesmo uma simples e solitária unidade, mas podíamos perceber uma nota inconfessa de inveja em suas palavras.

Idas as visitas, sobrava o silêncio celestial, contemplativo. Nós dois, abraçados à beira do berço, observando o sono inocente da das duas, vislumbrando planos vindouros como batizados, festinhas, formaturas e toda sorte de boas esperanças. Ou esperanças de boa sorte?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aberta a Estação de Caça Aos Viados!




Primeiro, gostaria de pedir desculpas por esse gigantesco hiato de três semanas que se passou entre hoje e meu último post. É que não achei nada que valesse a penas comentar, e minha inspiração também não tem ajudado muito nesses tempos. Só por que voltei significa que ela também voltou? Acho difícil! Mas a gente faz um esforço.

Segundo, o assunto de hoje: caça aos viados!

Está aberta a estação de caça aos viados. Não é veado, o bicho, e sim viado, a bicha.

Começou semana passada na verdade. Começou semana passada, não! Como existe muito viado por aí, ele não está na lista de animais em extinção, portanto, a estação de caça é o ano inteiro. Os caçadores são pessoas que adoram comer carne de viados - e provavelmente serem comidos por eles também.

Piadas a parte, nada me espanta que ainda haja violência contra homossexuais. Mas antes de levantar a bandeirinha do arco-íris e dar uma de bicha engajada, preciso frizar uma coisa. O absurdo não é agredir homossexuais, não é pegar uma lâmpada e bate na cabeça do gay, não é puxar uma arma e atirar no afeminado. Absurdo é agredir uma pessoa! Absurdo é um ser tido humano se prestar a usar de violência contra outro sem qualquer motivo plausível a não ser o preconceito - novamente, não o preconceito contra o homossexual, mas o termo genérico de preconceito. O que dizer sobre isso. Violência gratuita é fruto da ignorância gratuita, da banalização da violência. Pior: da glorificação dela! É também fruto da omissão de pais irresponsáveis que acham que seus "menininhos" já são "hominhos" e que podem ser virar sem vigilância paterna, uma super confiança na criação que sequer deram a esses delinqüentes. E estou considerando a melhor das hipóteses, porque me recuso a acreditar que um adulto tenha ensinado a filosofia da violência a um filho!

Ainda falhamos, enquanto sociedade, a ensinar nossos jovens, as pessoas adultas, a pensarem um pouco fora da caixa, a abrir os próprios horizontes. Violência (de qualquer espécie) é crime, não apenas legal (de legalidade, ok, desavisados) mas também moral. Precisamos ensinar as pessoas a condenarem chutes e ponta-pés, assim como lâmpadas e revólveres! Assim como ofensas verbais.

Por favor, ensinem às pessoas a serem menos ignorantes!


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p.s.¹: pedido encarecido aos skinheads, playboys e homofóbicos em geral: queimem a rosca de uma vez, ao invés de ficar reprimindo esse desejo incontrolável e descontando em quem vocês gostariam de ser.

p.s.²: pedido encarecido aos fanáticos religiosos: abandonem a retórica religiosa. Citar Deus não é argumento pra nada!

p.s.³: pedido encarecido aos ateus e simpatinzantes de plantão: conscientizem as pessoas de que Deus não é argumento pra nada!

p.s.4: é incrível as coisas que você pode achar no google. A internet é uma ferramenta maravilhosa, mas também está aberta a todo tipo de absurdo. Fui buscar um pouco de material para escrever esse post e acabei tropeçando com o documento mais obtuso que encontrei na vida. É um manifesto anti-homossexualismo com ares de artigo científico, que no fundo não passa de baboseira religiosa condenando quem gosta de cruzar espadas ou botar aranha pra brigar. Na verdade é um manifesto contra a liberdade sexual de uma maneira geral, mas com foco peculiar para os homossexuais. Quem tiver a oportunidade de ler e rachar de rir [é preciso encarar as coisas com bom humor pra não revoltar e rachar o computador ao meio]. Se você retirar a retórica religiosa de fundo, não há o que se resgatar do documento. Só estou aconselhando para que você não tenha a ilusão de que o Movimento Gay esteja a salvo e fora de ameaça. Principalmente com a "cientifização da religião" e a força política que líderes religiosos ainda têm em nosso Estado (Dito) Laico. Aí o link: http://igrejaanglicana.com.br/doc/gay.pdf. Se quiser saber mais sobre o autor é digitar Júlio Severo no google. Boa Leitura (no sentido irônico da expressão, claro).

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Acabou!




Acabou! Finalmente, acabou! Depois de Lula, marqueteiros, Serra, oposição, extirpações, Erenices, mídia, aloprados, abortos, religiosos e até pitacos do Papa... acabou! Com mais de 56% dos votos válidos, Dilma foi eleita a primeira presidente mulher do Brasil. Isso é bom ou ruim? Não sei. Honestamente, espero que as coisas sejam boas, afinal de contas, só quem é muito egoísta poderia esperar que dessem errado.

Claro que há certos medos, como por exemplo, o inchaço da máquina pública que ficou ainda mais evidente durante o governo de Lula e que pode crescer ainda mais no de Dilma. Não falo de ampliação de vagas em cargos públicos, falo dessas estranhas indicações a cargos de confiança no governo. Estados muito centralizados tendem a ser hospedeiros de parasitas políticos e sabemos que esses existem aos montes no Brasil. Dilma pode prometer reforma política a vontade durante a campanha, mas fará algo para impedir a apropriação indevida de "lotes" na máquina pública?

Outro ponto que me deixa realmente intrigado, até porque me afeta diretamente, é essa cruzada colocada em prática pelo PT contra a imprensa livre - ok, imprensa é um termo que só se aplica à veículos impressos, como jornais, revistas e afins, mas você me entendeu, certo? - Lula (ele principalmente) e Dilma declararam ser a favor da liberdade de imprensa, mas nosso atual (futuro ex) presidente criou uma TV estatal, para atender única e exclusivamente os interesses do governo. Ele pode fazer isso? Claro que pode! Afinal já fez. Deveria? Absolutamente, não! Veículos de informação deveriam ser independentes de interesses particulares. Mas nem as empresas de comunicação o são, então, ficam elas por elas. Mas esse foi um jeito encontrado por Lula pra fazer frente à mídia forte que existe no Brasil, e que ele - e tomara que ninguém - jamais conseguiria derrubar, como fez Chavéz na Venezuela. Se dependesse apenas de sua vontade, com certeza só haveria TVT. Então, minha maior preocupação é: Dilma manterá seu compromisso com a imprensa livre, apesar de lhe ser uma oposição muitas vezes cruel? - em outras palavras: num futuro próximo, poderei exercer a profissão que escolhi sem medo?

Meu medos não são infundados, mas são aplacados quando penso que pra certas coisas é melhor ter esperança de que haverá quem a impeça de meter os pés pelas mãos, quando e se for o caso. Até porque, não há muito mais o que fazer...

domingo, 17 de outubro de 2010

No Time

Pessoal, a facul está me matando. Tenho quatro trabalho gigantes pra fazer, três deles só pra essa segunda-feira. Por isso não estou nem estarei atualizando o blog por esses dias.

Volte semana que vem =DD

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um Estado Dito Laico




Começou agora a campanha em defesa da vida. Serra e Dilma, para não perderem votos do filão religioso que povoa a sociedade brasileira, decidiriam defender a vida, a família e os valores sagrados que fundamentam esses conceitos. Esse problema começou com o “factóide” espalhado na internet por algum acéfalo religioso que Dilma é (ou, pelo menos, era) a favor do aborto, que já tinha declarado pública e abertamente sua posição e que a candidata petista seria então uma bruxa malvada, o diabo de saia e que quem votasse nela estaria compactuando com um governo assassino. Enfim... os absurdos ditos eu não sei especificamente, mas é algo muito próximo a isso. Assim, para “exorcizá-la” e (re)conquistar a simpatia dos beatos e beatas, ela decidiu rever suas opiniões. Serra impulsionado pela ação da concorrente, está adotando a mesma linha de campanha, clamando para si uma certa aproximação de Marina Silva.

Interessante perceber que, num Estado Dito laico, essa interferência da opinião religiosa (sempre equivocada, baseada em nada mais do que ilusões) apenas atrase certos avanços sociais. Eu pessoalmente também sou contra o aborto, mas com argumentos racionais, como por exemplo: permitir o aborto seria permitir a irresponsabilidade de mulheres e adolescentes que preferem fazer uma cirurgia de alto risco a pagar 3 reais num pacote que vem com 3 camisinha! Preferem remediar do que prevenir! Se você deu sem camisinha, sem pílula, sem DIU, sem nada se achando a toda-poderosa, tem mais é que parir o rebento mesmo! Meus argumentos podem até não ser bem fundamentados, mas é melhor do que dizer “porque Deus acha que é um crime” ou outras retóricas religiosas! Argumentos que se baseiam no comportamento humano, no comportamento social, que sejam analisados do ponto de vista racional, deveriam fazer parte das decisões políticas e não uma bandeira com uma cruz dizendo que a vida, a família e a fé são valores importantes. São? Os dois primeiros são sem sombra de dúvida.

Ainda num Estado Dito Laico, que deveria respeitar todas as religiões e credos, como fica uma mulher grávida, que quer abortar e que não acredita em Deus? Por que ela deveria ser impedida de fazer o procedimento pelo credo (obtuso) dos outros? Num Estado Dito Laico o credo de uns impede o credo dos outros, a liberdade de se acreditar de alguns vira um impasse na vida de outros. A lei dos homens, criada pelos homens, redigida pelos homens e feita para os homens tem que se submeter à esquizofrenia escolhida de um grupo que ainda goza de certo poder nas esferas do poder.

Dar razão a esses grupos religiosos é apenas o começo. Claro que Dilma, um ser criado da noite para o dia da costela política de Lula, pode dizer umas mentiras aqui e outras ali, apenas para conseguir a simpatia das beatas e pastores e fazer algo completamente diferente quando sentar-se em seu trono, mas o simples fato de se dar ouvido a essa gente é um sinal perigoso de que ainda experimentaremos atrasos inexplicáveis e injustificáveis, abençoados por Deus. Porque, se depender dos Partidos Cristãos não será apenas a lei do aborto a cair; cairão também pesquisas com células tronco, os avanços nos direitos civis a homossexuais, arrisco a dizer até mesmo o voto feminino.

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p.s.: você, leitor que por ventura é religioso ortodoxo, que concorda que o aborto é um pecado abominado por Deus, e sem explicação nenhuma chegou até aqui, proponho-lhe pensar no seguinte: o Universo contém quantidades massivas de energia; somente o nosso Sol, que não é lá grandes coisas, tem mais poder do que milhares de bombas atômicas, imagine uma galáxia que tem milhões de bilhões de estrelas; agora imagine inúmeras galáxias vagando pelo Universo, correndo o risco de se chocarem umas com as outras, liberando energia suficiente para rasgar literalmente o tecido da própria realidade. Você realmente acha, SE existe mesmo um Deus - e não estou admitindo que exista - que um ser cósmico superior, que tem que gerenciar o movimento dessas quantidades massivas de energia vai realmente se importar com nossos atos mundanos que não fazem a menor diferença no Universo?!

Rapidinhas: Sociedade

A sociedade humana só o é enquanto sociedade graças à inata habilidade que alguns tem de tomar conta da vida dos outros.

Nostalgia: Sangue




Somos todos animais. Todos nós...

Nossas maravilhas arquitetônicas, nossas obras de arte, nossa tecnologia, nossos cérebros e polegares opositores não podem ocultar nossa selvageria. Somos todos animais. Todos nós...

Você deve estar se perguntando, por que estou dizendo isso?

Bem, posso falar das inúmeras guerras, invasões e saques, feitos mesmo depois que o homem aprendeu a fazer contas, datar calendários, mapear os céus e erguer monumentos. Guerras por terras, domínios e escravos. Egito, Grécia, Mesopotâmia e Roma foram erguidos em cima do sangue uns dos outros. A China construiu uma Grande Muralha para se proteger da Mongólia; Maias e Astecas se matavam entre seus sub-grupos. Terras, domínios e escravos.

Papas, supostos arautos de Deus, do bem e da paz, ordenaram guerras santas; sob o estandarte da cruz, muito sangue foi derramado em nome do Senhor. Muita gente foi queimada só pensar diferente do que mandava a Bíblia. Um pouco mais adiante no tempo, era comum se queimar gatos em praça pública apenas para a diversão das pessoas. Excussões eram programas divertidos de famílias, inclusive dos reis! Poder, dinheiro e medo.

Mesmo sob a "santa violência”, desenvolveu-se muito conhecimento, ciências e artes, o homem começava a esboçar uma civilidade. Começaram as Grandes Navegações e negros e vermelhos foram arrancados de suas terras colocados em grilhões, sob açoite do chicote e do peso trabalho que os brancos não queriam fazer! Homo sapiens subjulgando Homo sapiens; nações inteiras dizimadas. Poder, dinheiro e medo!

O Imperialismo passou, chegou a Revolução Industrial. Muita coisa mudou, muita coisa surgiu. Em 1914, explodiu a Primeira Guerra Mundial, a Europa foi arrasada, a África - colônia do Velho Mundo - foi abandonada, entregue às moscas. Depois que a Guerra acabou, os EUA entraram na Crise de 29, a África Iniciava os primeiros conflitos civis.

Enquanto isso, Hitler reerguia a Alemanha, sob as idéias do Nazismo e outras nações européias seguiram sua ideologia. Como resultado, tivemos milhares de mortos no Holocausto e a Segunda Grande Guerra. Catástrofe! Todos os continentes estiveram envolvidos, o número de mortos foi astronômico! Ao fim da guerra, duas bombas nucleares varreram duas cidades japonesas, uma demonstração desnecessária de poder, que mergulhou o mundo no medo de uma Guerra Nuclear. Poder bélico, submissão.

Houve uma nova Revolução Industrial, a "dos computadores". A tecnologia nunca evoluiu tão rápido. Nem os confrontos. Os judeus, que antes eram vítimas, se tornaram os protagonistas do conflito árabe-israelense, a expulsão dos palestinos de sua terra natal, enquanto a ONU fecha os olhos, os EUA bancaram os israelenses e a URSS ajudou os árabes. Tudo por causa do petróleo - que ia as alturas a mando da OPEP - e da Guerra Fria. Aqueles que já eram iseráveis afundaram ainda mais! A queda da União Soviética jogou várias nações em conflitos civis, no leste europeu, África e Oriente Médio. Sangue.

Hoje, a Guerra no Oriente persiste com homens, mulheres e crianças bombas. A África continua pobre, miserável, faminta e doente. Algum altruísmo fala de quando em quando, mas a miséria é muita para tão poucos heróis.

No entanto, não somos animais só por isso! Somos animais, também, por fomentar a violência, por saciar o vício de sangue e carne fresca. Somos animais selvagens ao projetar games com sangue realista em primeira pessoa, em que o objetivo é apenas matar a pessoa do pc mais próximo! Somos animais selvagens ao admirar a tortura de seres humanos, em telas de cinema! Somos animais selvagens deixando nossos filhos brincarem com arminhas d'água!

Somos todos animais selvagens, esperando, avidamente, pelo próximo jorro de sangue. Nos horrorizamos diante da guerra, apenas pelo medo da nossa própria morte. Nossa compaixão é limitada. Temos sede de sangue!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Alien Vs. Predador




Acabou! Mas só em partes! Ainda restam "30 dias" de martírio até que essa lamúria se dê por encerrada!

Nem a mais messiânica das previsões poderia ter errado tanto quanto nestas eleições, afinal, Dilma foi para o segundo turno, longe daquela suposta "unanimidade" e nem Serra foi tão rejeitado quanto as pesquisas apontavam. Até mesmo Marina Silva teve uma votação mais expressiva do que se esperava. Isso só prova que não se pode confiar tanto assim nessas pesquisas eleitorais, por mais respeitados que os institutos sejam.

Agora é que vem o problema! Segundo turno entre Dilma e Serra. Decisão difícil. Muito difícil! Pelo menos pra mim, porque eu não vejo benefício nenhum em voltar em quem quer que seja. Ambos inexpressivos - salvo o chilique que Serra deu em uma entrevista -; ela representa a discreta movimentação em direção ao Estado na eterna "luta de classe", o veio socialista do PT continua ali, por debaixo de marketeiros, maquiagens e nepotimos e inchaço da máquina pública . Ele que deveria ser de oposição, não fez oposição a nada, simplesmente preferiu chorar a quebra de sigilo bancário da filha; preferiu viver dos erros de Dilma (e Lula) e quando a popularidade dela caiu (segundo as pesquisas), ele não ganhou nada com isso! Aquele que sempre ouvíamos dizer como autoritário linha dura, se mostrou um verdadeiro banana! Em resumo, agora só restam mesmo escolhas ruins. E elas são piores ainda porque são inevitáveis - embora eu possa tentar justificar meu voto...

Por outro lado, fiquei feliz ao ver que Fernando Collor e companhia não conseguiram se reeleger. Será que o povo brasileiro está tomando consciência das burradas de seus governantes? De qualquer forma, só saberemos disso em 2014, porque esse ano, a m**** já esta feita.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Apatia Desmedida




Este ano, boicotei a Copa do Mundo. Mas mesmo que eu quisesse, não conseguiria ficar longe de saber o que acontece, afinal de contas, eu praticamente vivo de olho na internet. É eu sei que falar de Copa agora é um pouco defasado, mas vou chegar a onde quero em breve.

Logo na primeira fase, se não me engano, a Europa ainda enfrentava as conseqüências daquela crise pavorosa que quebrou meio mundo. A recessão enfrentada pela união européia foi a maior catástrofe econômica já enfrentada pelo bloco desde sua criação. A Grécia foi a primeira a chiar, depois Espanha, e então o castelo de cartas começou a cair. Governos anunciaram medidas drásticas para tentar reverter a situação; medidas como congelamento de salários aumento de impostos e outras ainda mais polêmicas. Não me recordo direito, mas foi num dia de jogo ou da Grécia ou da Espanha em que a população torcedora desses países saíram às ruas para protestarem contra as medidas econômicas que prejudicavam, principalmente, a classe trabalhadora. Olha o quão surreal é isso para um brasileiro!

Vamos dizer, por medidas pedagógicas, que a seleção e país em questão seja a Espanha - aliás, campeã do mundial. Imagine então, que é dia de jogo da seleção espanhola, logo da fase eliminatória, aquela expectativa, e o povo espanhol vai às ruas protestar contra seus governos e a União Européia por estratégias econômicas equivocadas.

Sabe porque estou citando este episódio? Sabe quando isso aconteceria no Brasil? NUNCA! E não é questão de um país ter maior ou menor paixão por futebol, não! É questão de maior e menor paixão por sua nação, pela sua vida pública, pelo seu patriotismo que se estende muito além de um gramado verde e meia dúzia de idiotas correndo atrás de uma bola!

Ontem, 29, a Europa inteira se mobilizou contra as chamadas medidas de austeridade pronunciadas pela União européia, que intensificam as ações de arbitrárias que seriam uma tentativa de recuperar a economia, jogando o peso oneroso nos ombros da população! Não é brincadeira! De Lisboa à Bruxelas, de Madri à Atenas, vários países parando e dando dor de cabeça à governos por não aceitarem tamanho abuso! De novo: quando isso aconteceria no Brasil? A resposta é a mesma: NUNCA! É até difícil de acreditar que fomos colonizados e influenciados por mais de cinco séculos por países europeus!

Uma nação que se une sobre uma só bandeira é milhares de vezes mais apática do que um continente com dezenas de nações e bandeiras diferentes, que se organizam e combatem aquilo que acham injusto! Hoje o Brasil está estável economicamente, mas há tanto o que fazer e protestar, mas nós, brasileiros, preferimos parar o país quando é Copa do Mundo - pra assistir um timéco de m**** - e trocar de canal quando está passando debate político pra assistir A Fazenda 3!


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p.s.: pra quem não sabe, a imagem do post é de Europa, um dos satélites galileanos de Júpiter.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pesadelos

Nestes últimos tempos, no cenário sócio-político brasileiro, nada me tira mais o sono do que o medo da Censura. Ok, medo pode ser um tanto demasiado. Já falei sobre isso em outras oportunidades de modo muito raso, mas nunca parece ser demais bater na mesma tecla, principalmente quando os outros insistem em seguir o mesmo ritmo...

Décadas atrás, o AI 5 era a forma como a Ditadura Militar impedia que as notícias de seus abusos de poder fossem veiculados entre a sociedade. Não é possível nem classificar essa medida como ilegal ou inconstitucional na época, tendo em vista que fora o próprio governo que a elaborar (mas também não estou dando uma de Dunga e ignorando as repercussões claramente trágicas). Hoje, a Censura tem vindo de órgãos que deveriam ajudar a manter a liberdade de expressão. Juízes aprovam liminares para impedir que determinados tópicos sejam discutidos nos meios de comunicação. É o que está acontecendo no Tocantins, em que o candidato a Governador (ou algo parecido) pelo PMDB é acusado de esquemas de corrupção. O que ele fez, com quem ele fez, como ele fez, não me interessa hoje; afinal, político é político e certas variáveis são irrelevantes para a esta equação. Também não interessa se ele estava certo ou errado, se é inocente ou culpado de corrupção. O que me importa hoje é a absurda idéia de que a justiça esteja protegendo uma única pessoa em detrimento do interesse coletivo.

O processo pode até estar correndo em segredo de justiça; mas daí a censurar completamente dezenas de veículos de comunicação? Parece um pouco demais, não? E esse caso isolado não aumenta meu medo. O que me dá medo é que tal candidato a reeleição faz uma coligação com o PT, que nesta campanha fez várias declarações que deixam clara sua posição em relação à mídia livre e à verdadeira democracia.

Anti-PTista? Anti-Lulista? Eu? Sinceramente, não. Mas parece, sim, haver um movimento da atual situação (pra quem não sabe, na linguagem política "situação" é antônimo de oposição) para vetar o que é dito na imprensa que possa ser prejudicial aos seus interesses.

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p.s.: é muito fácil voltar atrás no que se é dito. Carlos Guadim (o citado governador) e Lula fizeram isso, ao serem veemente criticados por suas posturas diante da mídia. Essa retratação seria verdadeira?...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Todos Estão Mudos




Como já disse neste mesmo blog, acho que a Pitty é uma das artistas do cenário atual no Brasil que tem as letras mais pertinentes - principalmente diante de BIZARRICES como Restart e companhia. No seu último álbum, Chiarousco, a última faixa Todos Estão Mudos tem essa característica. Uma letra que diz bem algo que percebo na sociedade brasileira, principalmente nesse momento de eleições.

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TODOS ESTÃO MUDOS - Pitty


Já não ouço mais clamores
Nem sinal das frases de outrora
Os gritos são suprimidos
O corvo diz: "nunca mais"

Não parece haver mais motivos
Ou coragem pra botar a cara pra bater
Um silêncio assim pesado
Nos esmaga cada vez mais

Não espere, levante
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar

Há quem diga que isso é velho
Tanta gente sem fé num novo lar
Mas existe o bom combate
É não desistir sem tentar

Não espere, levante
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar

domingo, 19 de setembro de 2010

Poder, Dinheiro, Fama e Morte


Hoje vou postar o rascunho da redação que fiz para último vestibular que prestei. Estou pra postá-lo há muito tempo e só agora lembrei de escrevê-lo aqui. Dentre os temas para a redação, foi pedido para abordar as relações de poder e dinheiro que levam as pessoas famosas ao crime, bem quando o caso do goleiro Bruno estava em evidência. Como achei os outros temas muito chatos, preferi fazer desse mesmo, embora não aguentasse mais ouvir falar em Caso Bruno.

Gostaria de dizer também, que estreei duas seções hoje, no blog. Uma é a "Nostalgia", onde reescrevo alguns dos meus textos mais antigos que acho terem ainda alguma relevância. E a outra é a "Rapidinhas", onde escrevo breves pensamentos que me ocorrem todos os dias, mas que não valem um texto inteiro. Leiam e divirtam-se.

No mais, até a próxima.

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O Poder não muda as pessoas, apenas revela quem elas realmente são. Pegue, por exemplo, o caso do goleiro Bruno, do Flamengo, suspeito de envolvimento na morte da amante Eliza (Samudio). Um crime de motivo banal, recheado de requintes de crueldade, que revela a frieza e a falta de respeito pela vida humana. Ameaçado por ma ex-amante, Bruno decide simplesmente eliminá-la. Tal - ilusão de - poder vem dos privilégios que a fama e a fortuna trazem.

O instinto criminoso, provavelmente, não aparece logo no começo. Há de se considerar os inúmeros exemplos divulgados exaustivamente de pequenos e médios delitos ignorados por oficiais da lei em troca de dinheiro. A sensação, certamente inebriante, de "comprar" privilégios, acessos, facilidades, gera a ilusão de que todo o resto pode ser resolvido através do dinheiro ou influência; inclusive, quando a solução mais fácil parece ser matar ou aterrorizar alguém, e o medo da punição por tais crimes caí por terra quando se acha que pode, também, barganhar a Lei ou, até, ser alheio à ela.

No entanto, não se pode culpar apenas o dinheiro por estes desvios de caráter. Temos que atentar também - se não principalmente - para fatores sociais e econômicos do criminoso. Numa sociedade como a nossa, em que a ascensão meteórica, embora rara, é possível, alguém sem um exemplo do que o dinheiro pode ou não, deve ou não fazer, confunde seus papéis e adquire uma noção deturpada de seus limites, ou seja, desconhece ou ignora os rigores da lei que deveria seguir, trocando-as pelas próprias.

Claro que isso não justifica a barbárie dos crimes de uma dita elite brasileira. É preciso lembrar a eles e à sociedade que ninguém está acima de nenhuma lei, seja por dinheiro, fama, influência ou simplesmente arrogância. Todos os infratores devem ser julgados, condenados e punidos por seus crimes, independentemente de quem sejam.

Rapidinhas: Felicidade

Descobri porque pessoas religiosas são felizes: ignorância é felicidade.

Nostalgia: Egoísmo, Amino-ácidos e a Minha Inveja

Cheguei ao ápice da minha paciência (óbvio que isso é mentira! ou melhor: drama!). Não sei porque, mas cansei de olhar para esse mundo e ficar de fora. Qual o sentido primo de tudo o que vivemos? Será que não existe sentido? Será que não existe nada em qual nos apoiar? Não falo de um motivo momentâneo. Quero algo que me motive de verdade, que me faça tomar fôlego e dizer: aqui vou eu! Mas não vejo nada assim! Por um lado vejo pessoas se acabando em orgasmos e orgias, por outro vejo o desinteresse em massa pelo bem coletivo, vejo a destruição de uns que se acham deuses. Vejo egoísmo, hipocrisia, mentira, traição, leviandade, inconseqüência.

Para ser muito sincero, isso é apenas inveja. Inveja de não ser assim, de ter aprendido os valores "errados" da vida. Queria ser desenfreado, desimpedido, gozar por gozar, pisar na cabeça dos outros, roubar e ter a coragem para dizer que não fui eu. Pior! Dizer que foi o outro! Quero ter irresponsabilidade para engravidar uma garota de 14 anos, quero ter o sangue frio ou a loucura para matar meu melhor amigo! Quero ser promiscuo o suficiente para fazer uma suruba num banheiro de rodoviária!

É inveja! Pura inveja! Inveja de não ser lindo, gostoso e mau-caráter! Só os maus-caracteres evoluem! Imaginem se as primeiras cadeias de aminoácidos fossem éticas, onde estaríamos nesse momento?! Seriamos meras cadeias de aminoácidos com bilhões de anos, não! O mal impera! Temos que ser destruidores para prosseguir.

Mais uma vez perdi a minha linha de raciocínio... O que aliás não é tão surpreendente. Afinal, parece que o mundo perdeu sua linha de raciocínio também.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Luíz, José, Mídia e Bom-senso




Extirpar: [Do lat exstirpare.] V.t. d. 1. Arrancar pela raiz; desarraigar; desenraizar. 2. Extrair (ferida, cancro, etc) 3. Extinguir, destruir: extirpar a corrupção. [...]

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Época de eleição geralmente é um inferno. Essa tem sido ainda pior. Talvez, porque minha consciência política tenha amadurecido ou porque situação esteja um pandemônio.

Não acredito que seja possível, sequer, discutir a questão de quebras de sigilo banalizadas ou tráfico de influências na Casa Cívil. Falar que o processo eleitoral se resumiu a escândalos ao invés de se concentrar nas propostas de campanha para melhorar o Brasil, também seria chover no molhado.

O PT se diz vítima de perseguição da mídia "elitista", que defende os ideais e interesses peesedebistas por inúmeras razões e que maximiza, exagera, distorce e manipula a interpretação dos fatos para prejudicar a campanha do PT (porque Dilma já é considerada praticamente eleita, e só mesmo a Marina e o Serra pra continuarem a ter esperança). Sim, não vou dizer que a mídia não seja tendenciosa e manipuladora. Estaria mentindo se afirmasse o contrário. No entanto, o poder manipulativo da mídia acaba quando o telespectador desenvolve seu senso crítico (ok, 90% da população brasileira sequer sabe o que significa senso, o que dirá crítico) e consegue transcender a opinião do veículo de mídia (seja ele Globo, Record, Folha de São Paulo...) e perceber o fato noticiado, e então, desenvolver sua própria opinião.

Outro aspecto que o PT e os partidos de esquerda em geral se esquecem com freqüência (e talvez propositadamente) é que, por mais tendenciosa que a mídia seja, ela jamais inventará fatos! Pode manipular, explorar, vender, exaurir uma notícia. Mas nenhum empresa de comunicação cometerá o suicídio público de inventar uma notícia, independentemente de sua posição política! Chavéz (por quem EU realmente não sinto simpatia nenhuma) é vítima de sucessivas críticas severas da mídia internacional; mas ninguém pode negar o fato que o sujeito está no poder há mais de dez anos, descaracterizando a democracia ao minar as forças de oposição de todo modo possível.

Desse ponto queria analisar duas coisas que me deixaram chocados em questão de dias. A primeira delas foi a declaração do (ainda) presidente Luíz Inácio Lula da Silva (aliás, fiquei pasmo ao saber que "Lula" não é só apelido, é de fato um sobrenome dele!!!) que o partido DEM deveria ser "extirpado" da política brasileira. "Extirpado"... Agora eu lhe pergunto? Ele usou essa palavra como metáfora. Bem, espero que sim, porque os sentido literal é ainda mais sombrio. "Extirpado"...

Ok, eu não fiquei sabendo ainda de nenhum político/candidato filiado ao DEM que fosse honesto. Quando ouço falar no tal partido eu associo imediatamente à políticos corruptos. Se existem algum honestos no partido?... Acredito (espero) que sim, mas é como cabeça de bacalhau: ninguém nunca viu. A questão nem é se deveria ou não extirpar essa especifica legenda, por conta de falcatruas ou por posição política... Não! O "x" da questão (e que Dilma fará questão de salientar na maior inocência que é mais um factóide) é que, mesmo que Lula estivesse "brincando", foi uma terrível escolha de palavra. Na pior das hipóteses, Lula deixou claro ao usar o "extirpar" a intensidade de seus pensamento (se não, sentimentos) em relação à este partido de oposição, consciente ou inconscientemente. Extirpar é uma expressão muito forte para se usar levianamente. E tomara que outras pessoas tenham percebido que essa péssima escolha de palavra apenas corrobora a hipótese gerada pela mídia (e não só ela, mas também de analistas políticos) de que Lula e o PT estão encaminhando as eleições pra garantir uma maioria no Senado e na Câmara e, assim, minimizar as forças de oposição ao ponto de se tornarem insignificantes frente ao seu governo, e, assim como Chavéz, descaracterizar a democracia brasileira; transformando-a numa espécie de oligarquia partidária mascarada.

José Dirceu (lembra, daquele envolvido com um monte de maracutáia uns anos atrás?), numa palestra na Bahia, disse que "há excesso de liberdade de imprensa no Brasil". Bem, é o que os jornais têm colocado em suas manchetes e, aqui, tenho mesmo que dizer que é estratégia para distorcer o entendimento do leitor. Ele não afirmou exatamente isso. A declaração descontextualizada gera confusão. O que foi dito por ele é que no Brasil há um abuso dessa liberdade, que a imprensa abusa do "poder de informar". É triste dizer, mas ele está certo. A mídia esgota, sim, todas as possibilidades de dar informação à sociedade, e muitas vezes equivocadamente.

José Dirceu ainda rebate a idéia de que o PT (e leia aí, todo mundo dessa patota) pretende censurar a imprensa. Mas faça as contas: um presidente afiliado ao partido que diz que deveríamos "extirpar" o DEM, que tem se mobilizado para reduzir a ameaça da oposição em futuros governos, e a mídia é fortemente atrelada a esse movimento. Usando o bom-senso, é óbvio que haverá algum movimento negativo em relação à ela.

É hora de sermos alarmistas e esperarmos uma ditadura, que a democracia está ameaçada? Não acredito. Ainda não, pelo menos. Mas é hora de começarmos a ler nas entrelinhas e perceber que nem tudo que se pinta de vilão é vilão, nem tudo que se pinta de mocinho é mocinho. A política brasileira é cheia de áreas cinzentas, embora os mais afoitos adorem dividir linhas que não existem.

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p.s.: só gostaria de dizer uma coisa. Os únicos governos que temem/odeiam a mídia são as ditaduras e as tiranias.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Outro Reality Show? Really?!...




Ainda me perguntou: por que perco tempo vendo televisão? Claro que não vejo sempre. A Internet já chegou ao ponto em que tudo que preciso de cultura e informação, eu tiro dela, e tiro com muito proveito, obrigado. Mas infelizmente, a televisão ainda é uma onipresença em certos lugares. Mais precisamente, quando não há Internet por perto... Por exemplo: neste exato momento, estou na casa do meu namorado, offline (escrevendo no Word), assistindo o mais novo Reality Show nojento da Globo: Hipertensão.

Acredito que esse filão seja uma mistura de Saw (Jogos Mortais) homeopático com No Limite - lembra, aquele que tentaram ressuscitar o ano passado e não deu muito certo porque ninguém mais agüenta ver gente anônima comendo olho de cabra? Então... esse mesmo! O Hipertensão lembra também aquele fracasso que foi apresentado pelo Paulinho Vilhena, em que os participantes tinham que pegar dinheiro em meio a um monte de nojeiras. Pensando melhor, esse último talvez fosse um piloto desse Hipertensão. Que, aliás, também tem aquela coisa de casa, confinamento... BBB - aliás, as inscrições da 11ª edição já começaram. Vou correndo pegar minha câmera e fazer um vídeo e mandar pro Bial [ironia mode: on (¬¬”)] - Enfim... A Globo não se contentou em fazer vários programas péssimos e juntou-os num único, pra fazer um superior à todos os outros!

Primeira consideração: Necessidade

Pra quê inventar um “Reality Show fora de época”?! BBB já não era ruim o bastante para a programação televisiva e para a cultura brasileira?! Tinha mesmo que fazer outro?!

Mas não é só apenas outro (a redundância foi proposital) Reality Show! Ele tem um quê de adrenalina, de esporte radical, além da nojeira de ratos, baratas e cobras. Ou seja. A demanda da audiência não se limita mais à simplesmente ver a convivência “real” (porque aquilo é tudo, menos real) de anônimos estranhos entre si dentro de uma casa; Não! A mediocridade cultural brasileira tem que ir além! Agora eles querem adrenalina, hipertensão! Isso me lembra um pouco o comportamento de dependentes químicos. Com o tempo o viciado precisa de drogas mais pesadas!

Eu até assistiria, se não houvesse cabos de segurança, pára-quedas, toda aquela parafernália que anula as chances de um acidente fatal e que os bichos nojentos não fossem pegos de viveiros isolados, que fossem devidamente limpos. Ou seja: que a coisa fossem perigosa mesmo!

Segunda Consideração: Peitinhos

O Hipertensão já perdeu a pouca simpatia que eu poderia ter logo no primeiro episódio. Por quê? Na primeira prova, na chamada dos participantes, me aparece uma mulher, de braços cruzados, girando num efeito maravilhoso de câmera... de topless! Pagando peitinho!!! Peitinho!!! Agora, você imagina e pense comigo... Como uma mulher se presta a fazer uma coisa dessas? Claro, a Cléo Pires foi capa da Playboy semana passada (foi semana passada mesmo?) e pelo que vi de algumas fotos foi um trabalho excepcional! Milhares, centenas de milhares de mulheres pagam peitinho em incontáveis filmes pornô (algumas pagam até útero...). Qual o problema do raio da mulher pagar peitinho no Hipertensão?! A diferença é que a Cléo Pires se prontificou a pagar peitinho num veículo de comunicação que se presta a mostrar o peitinho das mulheres. O Hipertensão se presta a quê? Mostrar mulheres pagando peitinho também?

“Ah! Mas você é gay! Viadinho não quer ver mulher pagando peitinho na televisão!”, você poderia argumentar, caro leitor. Mas homens saradões semi-nus também me incomodaram. Se eu quisesse ver homem lindo, tesão, bonito, gostosão e tatuado, era só ir no Pornotube, que veria bem mais coisa. Só tem UM, 01, I, um único homem menos definido. A palavra chave aqui é “menos”! Aliás, esse programa poderia também se chamar Next Brasilian Top Model - afinal, já que é pra ser ruim, vamos ao fundo do poço e colocar o nome em inglês. Não há uma só pessoa, macho ou fêmea, que não possa ser modelo dentro desse jogo! Alguns precisam de alguns retoques, mas em via de regra, não tem uma única pessoa feia participando do programa! E isso me faz pensar o seguinte: seria esse o artifício de um programa vazio pra conseguir atrativos e, assim, audiência? Mostrar gente bonita se ferrando em provas teoricamente perigosas? Até por que, quem quer ver um gordo pulando numa piscina com pedras de gelo?... Ou uma baranga berrando diante de um prato de pizza de minhocas?... Ninguém né?

Éh! Por esse lado posso entender. Um programa totalmente sem conteúdo tem mais é que lançar outros pseudo-artistas e pseudo-modelos enquanto o martírio de janeiro não chega [ironia mode: ainda on (¬¬”)³]

Conclusão

Sabe o que é pior? Não ter Internet neste momento, onde eu possa escolher o que ver, na hora que eu quiser. Mulher pagando peitinho, homem de sunga, gente pagando mico ou se ferrando no Youtube.

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p.s.¹: Você poderia dizer também, caro leitor: “Porque não desligou a p**** da televisão e foi ler um livro?” Sim, concordo que teria perdido menos neurônios e menos da minha parca paciência; mas minha revolta foi instantânea e vim partilhá-la com vocês. Sim, a adorável peculiaridade de aproximar as pessoas da Internet.

p.s.²: Pra você que não saca nada de inglês e não entendeu o título, aí vai a tradução/explicação: o “really” é uma expressão de espanto em inglês, equivalente ao nosso “mesmo”. Tipo, alguém vira pro você e fala: “Sabe fulano? Morreu!” e você responde: “Mesmo?!” Então é isso.

p.s.³: Não sei o que pode ser pior... Na minha cidade, a emissora regional exibe nas noites de domingo um programa de entrevistas com pessoas importantes e proeminentes (existe alguma diferença?) das redondezas. Ou seja, ninguém que realmente valha a pena entrevistar. Resumo da ópera... estou f*****!

p.s.4: Poderia também, ligado o Media Player, mas estranhamente hoje, não estou com saco nenhum pra ouvir música... Mas se o tivesse feito, não teria feito esse lindo post. =DD

p.s.5: Sem mais ps’s...


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Demos




Democracia vem do grego demo (povo) kratos (governo), sendo assim, governo do povo. Platão era contra essa democracia. Fato comprovado em sua diversas obras, principalmente aquelas que seguem a morte de seu mestre, Sócrates, condenado à morte pelas sua reflexões filosóficas sobre a religião ateniense. Claro que Sócrates não foi morto só por isso; sua filosofia questionava os fundamentos religiosos, que os políticos usavam para manter o poder. Platão, então, critica esse governo que serve aos propósitos particulares.

Platão defendia uma aristocracia do saber, onde a polis seria governada pelos filósofos, os homens sábios da época, argumentando que os homens comuns não tinham esse saber aprofundado das coisas, portanto eram incapazes de governar corretamente.

De certa forma, concordo com Platão. Não no que diz respeito à capacidade dos "homens do saber" de governar, principalmente do ponto de vista da filosofia. Concordo quando Platão diz que o povo não tem capacidade para se governar uma vez que não possuí a exata compreensão do que é o governo. Brasileiro, então? Nem se fala.

Como esperar que um povo eleja seus governantes, se seu conhecimento das engrenagens do poder é limitado, parco, impreciso, muitas vezes manipulado? As estruturas de um governo são complexas demais para que alguém de fora as compreenda de forma adequada. Quem sabe pra que serve o Senado, a Câmara dos Deputados, a Casa Cívil? Fomos criados para acreditar que democracia é apenas ir nas urnas de quatro em quatro anos (ou dois em dois, se você contar as eleições pra prefeitos e vereadores), que governar é ser apenas eleito, que governar é apenas ganhar nas urnas e tomar posse de presidente. E continuamos a acreditar nisso.

Talvez por não percebermos a real profundidade dos governos é que sempre escolhemos errados nossos representantes, transformando a nobre idéia de democracia dos gregos (que nem era tão nobre assim) numa oligarquia maquiada de livre escolha do povo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Não Se Engane



Continuo minha cruzada pelos confins de mim mesmo, correndo o risco de soar demasiadamente fútil em tempos tão conturbados. Mas, diante das obrigações da minha nova vida acadêmica e dos interesses viciantes por política, economia a afins. Gostaria de avisar, também, acompanhando essa nota de esclarecimento, que tenho vivido um momento de crise intelectual. Todo o meu conjunto de idéias sobre o mundo e tudo que ele contém sofreu um sério ataque e estou meio em órbita. Talvez um dia eu volte ao normal, mas é provável que não. Sem mais delongas... o post de hoje:

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Não Se Engane
Por Igo Araújo dos Santos


Não se engane, não se engane
Não quero a ti, não quero mais
Roubado fui, uma vez basta
O que foi não volta mais
Esperança, perdão, amor

Não se engane, não se engane, não
Em minha mente está, não mais no peito
Roubado fui, morto fui
Feridas abertas sobre feridas abertas
O sangue que foi não volta mais, não
Vontade, paixão, estupor

Não se engane, não se engane
Memórias vívidas, memórias sombrias
Roubado fui, uma vez basta
O que foi não volta mais
Amor, amor, amor

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mais Imparcialidade? Impossível!




Só para parafrasear um conhecido nosso: "Nunca na história desse país" se viu uma eleição tão... estranha. A começar pela completa falta de oposição. Embora candidatos de partidos diferentes critiquem falhas administrativas um dos outros, o clima geral é sucintamente demonstrado no slogan "Para o Brasil continuar mudando", usado por Dilma Rousseff, candidata à presidência pelo PT (eu sei disso, você sabe disso e, a essa altura do campeonato, até o mais isolado dos sertanejos também sabe; mas como agora sou graduando em Comunicação Social, tenho que fazer o texto mais claro possível, mesmo que isso signifique recorrer ao óbvio e à redundância). Claro que para a presidenciável do PT, isso quer dizer a continuidade que seu mentor (ventriloquista) fez nos oito anos de governo. Para os outros candidatos (leia-se: Serra) essa filosofia de "continuar mudando" quer dizer, principalmente, não ofender ou, sequer, criticar com mais afinco o trabalho de Lula, não porque acham que ele foi um ótimo governante, mas porque seria um tiro pela culatra.

Outro ponto ainda mais estranho, embora não exatamente uma novidade no processo eleitoral brasileiro, é a teatralidade a la cabaret: elitista se passando por "Zé" e má-drasta por "mãe". Claro que descer ao nível da classe D abraçado pedreiro e beijando criancinha tentando disfarçar a cara de nojo já é estratégia batida e não se pode ensinar novos truques à cachorro velho... mas no caso de JOSÉ Serra, isso é um pouco demais. O "Zé" foi uma tentativa pífia de simular uma origem humilde - mas não pobre - e equipará-lo à Lula, para evitar o tiro ela culatra.

Ok. Nem tudo é trevas e destruição. Existe um raiozinho verde de esperança. Não para essa eleição; essa já está perdida, claro! No entanto, Marina Silva pode estar criando a nova aparêcia da política brasileira para os próximos anos. Não porque ela seja uma pessoa íntegra, idônea, séria - talvez até seja, mas, afinal, não ponho a mão no fogo por político nenhum -, mas porque ela tem tido "grande" popularidade entre os jovens, seja por sua imagem de defensora do meio ambiente - única coisa que ela conseguiu provar até agora -, que tem muito apelo junto aos baixinhos, seja por ela representar uma opção - jamais uma oposição - num cenário polarizado e apático. Infelizmente - para Marina Silva - as chances de vitória são menores que zero. Menores que 10%, na verdade. E mesmo que suas chances fossem até maiores, a única contribuição que ela poderia dar é justamente essa: o ponta-pé inicial na mudança tão necessária no eleitorado brasileiro para os próximos anos. Óbvio que isso é a mais pura conjectura (falar em especulação em época de eleição é sempre um perigo).

Por aí já se vê que crises de identidade são o principal problema desta eleição. Transferência de votos, falta de imposição, de personalidade, debates apáticos, ventriloquismo são tão prejudiciais para a democracia quanto a aparição corriqueira de Dossiês Escusos que costumam aparecer nessa época. É trocar seis por meia-dúzia. A Eleição deste ano é um Frankstein, um monstro, uma aberração. Sem opões viáveis, sem... opções. A dificuldade este ano não é em quem votar por qualidades ou defeitos; é simplesmente, em quem votar?...

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p.s.¹: não consegui encaixar no texto uma opinião minha que creio ser imprescindível, então, coloco-a neste adendo. Não pense que só porque os partidos de oposição estão dizendo que vão dar "continuidade" ao trabalho de Lula. Não se enganem. Não preciso nem entrar no mérito se ele foi ou não um bom governante; mas, como disse, quem ousar ser abertamente contra o que ele fez, estará cometendo suicídio político. Essa "simpatia" pelo trabalho do inimigo é puro marketing, afinal, estamos falando de eleições.

p.s.²: já reparou que, mesmo nas propagandas dos partidos elitistas, não se encontra um único classe média, ou mesmo classe média baixa... só dá povão?... Aí você poderia pensar: "Ok, a maior parte da população brasileira é pobre. Mas e o resto?..."

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Choices
[Mudvayne]

We don't have a choice, anymore, anyway
We don't have a voice, anymore anyway
There's no choice in freedom
There's no voice in freedom

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Medo à Paranóia




Medo. Elemento básico da sobrevivência humana, senão da sobrevivência de todos os seres vivos de maior complexidade. O medo é um componente evolutivo vital, afinal se você não pode lutar, sobreviver só é lógico se fugir, e estar vivo aumenta consideravelmente suas chances de perpetuar seus genes, por conseqüência, suas características.

No entanto, o medo cria diversas outras anomalias. O medo do desconhecido gera raiva, afinal, se você não sabe com o que está lidando, o mais sensato é lutar ou pelo menos se defender. Novamente, há um valor evolutivo neste caso, embora muitas vezes seja deturpado: já ouviu falar que preconceito é fruto da ignorância? Pois então...

Porém, existe o medo daquilo que já se conhece; em que saber o que está em baixo da cama não ajuda em nada. Só piora! O pânico, o pavor de ser engolido, dilacerado ou simplesmente encurralado. As coisas fogem do controle.

E há o pânico. O medo exacerbado de se encontrar com seu pior pesadelo no meio da rua, no supermercado. Você enxerga monstros onde não existem, confunde rostos, sons, cheiros, imagens. Uma mulher segurando um casaco roxo pode parecer a pessoa que você mais quer evitar. É um dos primeiros sintomas de que você está ficando maluco.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Burn The Bridge




Burn The Bridge


[Mudvayne]


No integrity, no sincerity, no credibility, no regret
No principal, no ethic, no honor, makes no fucking sense
No inside to the future, no thinking and no respect

No authority, no veracity, no honesty, no penitence
No pride, no power, just a criminal
No morals

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

So violent, so dissident, no more requiem, so I lament
So simple to revere to respect down and left for dead
So forget my forgiveness, you've all failed to protect

No persistence, insistence my will, my stubbornness
Consume, devore, like a criminal.
No standards

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

Before I saw the light
I crawled through darkness my whole life
So empty
Before I found my life
I embraced the death that's coming
So Certain
Drawing Near
Its coming closer
It's approaching

I know the signs
I've got the number
I got my vision
I know the motion
My eyes forever opened

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

The Out Sider




Me cansei de destratar as religiões, as políticas, as pessoas. Hoje, vou retornar a um ambiente ao qual faz tempo que não compareço e que, muitas vezes, é estranho até mesmo para mim: eu mesmo.

Devo ser uma pessoas extremamente desagradável. Talvez - e, desta vez, não só "talvez" -, eu devesse arrumar uma maneira de ser menos , uma ideologia de vida menos esnobe. Do que me adianta saber de pulsares, Hipócrates, Behaviorismo, ou que a França está expulsando ciganos de seu território, quando meus "amigos" só falam de Pânico na TV, CQC, Josy e outros assuntos mundanos? E antes que você pense errado, não, não estou sendo irônico! É uma pergunta legítima!

Nunca achei que programas de televisão ou tietagem acrescentariam algo na minha vida. Bem, podem até não acrescentar, mas porque parecem que estão subtraindo? Essa cultura frívola é evidentemente uma marca de coesão social, de identificação coletiva, de formação de grupos, pessoas que partilham o mesmo interesse. Interesse que, mesmo no meu mais hercúleo esforço, jamais me encantaria. Como disse: "que valor essas coisas vão agregar à minha pessoa?" É ou não é um certo esnobismo? Pode falar! Na minha concepção, há coisas tão mais interessantes para se conhecer no mundo do que essa futilidade midiática. Mas, ao que me parece, o errado ou eu!

Você poderia ainda dizer, numa tentativa pífia de me consolar - pífia porque eu mesmo já me disse a mesma coisa -, que eu já havia abraçado e aceitado essa minha "inadequação" social; que a estranheza me fez um pensador melhor; que a solidão me fez mais inteligente, atento, meticuloso. Fez mesmo? Ou é apenas um prêmio de consolação? Será que essa cultura "útil" não fez de mim um chato?

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ps.: aliás, do que me adianta saber também sobre pulsares, Hipócrates, ou mesmo a extradição de ciganos da França? Seria todo saber - que não técnico - inútil?


domingo, 15 de agosto de 2010

Manifesto Ateu




A Ciência é minha guia e ela jamais me faltará. Tua Luz me mostrará o caminho através dos vales sombrios da ignorância dos homens. Teu pensamento lógico e racional derrubará os dogmas obtusos dos parasitas e revelará a mentira fantástica dos acomodados.

Que a Ciência expanda os horizontes, não daqueles que se contenta em "crer", mas daqueles que querem Saber. Apoia-te nos ombros dos gigantes, para vislumbrar os fenômenos do Universo. E não só isso: compreendá-os.

Lance o medo do conhecimento no coração dos fiéis, dos amedrontados. Tirá-lhes a ilusão acolhedora de uma vida depois desta e diga-lhes que esta é a única chance de fazer valer a pena. Arranca-lhes o Céu e o Inferno e dê-lhes a verdadeira moral: não precisamos de um deus para sermos bons.

Dita-lhes o mais perfeito dos mandamentos: sobreviva o mais apto. Mas que isso não é motivo para crueldade. Crueldade é mentir e manipular, governar pelo medo de um castigo póstumo. Lembra-te: o inferno são os outros.

Regozija-te ao saber como nascem e morrem as estrelas, ao entender, nem que o mínimo, os fenômenos sub-atômicos que as fez. Admira-te diante do Universo Visível e a matéria escura, que os deuses míopes jamais enxergariam. Admira-te frente ao Homem Vitruviano e a Teoria da Relatividade Geral. Alegra-te : tú és primo do macaco! E se algum herege duvidar de tuas palavras, perdoe-o. Ele não sabe o que fala. A Ciência e as datações de Carbono 14 não mentem. A Ciência jamais lhe faltará.

Quando não compreender Tuas leis e caminhos, não se desespere, não desista e, acima de tudo, não reze! Refaça seus cálculos, revise suas conclusões. A razão jamais falha.

Leve, não minhas palavras, mas as Dela. Tuas fórmulas e teorias. Teus métodos.

Eureka!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não Seja Diferente




Já faz um tempo que venho percebendo isso. Aliás, mais de um ano, e só me deu na telha de escrever agora - como sabem, venho travando uma verdadeira luta com minha criatividade. Pois então, vamos ao que interessa. Hoje, por mais que me irrite e, de certa forma, me entristeça, vou permanecer no óbvio: nossa sociedade ainda é preconceituosa.
Vejo - via - muitas campanhas de inclusão social do tipo "empregue um deficiente físico" ou "dê emprego à um ex presidiário" ou tantas outras minorias sociais secular e irracionalmente marginalizadas e excluídas do mercado de trabalho. Campanhas televisivas, outdoors, incentivos fiscais à empresas que contratam integrantes dessas minorias injustiçadas. Não estou dizendo que não deveriam existir. Pelo contrário, deveriam ser ainda mais enfáticas.

A questão é outra:

Alguém já viu alguma campanha publicitária conscientizando, demandando, pedindo ou mesmo implorando facilidades trabalhistas para gays? Se viu, por favor me mostre urgentemente!

Claro que a atual geração está muito mais tolerante em relação à homossexualidade alheia. Desnecessário dizer que, há dez, quinze, vinte anos atrás, ser gay era extremamente difícil, se assumir então era quase impossível. Amigos não podiam saber, família nem sonhar. Hoje a coisa corre meio solta. A America Latina já está entrando na onda do casamento gay...

Exceto nos ambientes de trabalho. Se assumir gay em escritórios, fábricas ou seja lá o que for. E quanto mais "braçal" mais preconceituoso. Dizer que se relaciona com alguém do mesmo sexo, ou só aparentar, reduz drasticamente suas chances de conseguir uma promoção ou indicação à um cargo melhor. Sem contar a já conhecida exclusão social entre colegas de trabalho, que começam a olhar de rabo de olho e quem era amigável, vira as costas; muitas vezes não por preconceito, mas por medo de ser de alguma forma envolvido na exclusão.

Ok, não chega a ser uma novidade? Mas porque ninguém faz campanha publicitária para os gays? Talvez porque, diferente de um deficiente ou um ex-presidiário, a condição de homossexual possa ser omitida ou escondida?... Não concorda que, mesmo que não seja preconceituoso, é no mínimo estranho. Ou talvez, essa "conscientização" fiquei por conta das paradas gays que lutam por tantos outros direitos dos homossexuais. Eu nunca ouvi nenhuma reivindicação específica contra "homofobia no trabalho" e mesmo que tivesse visto, alguém hoje em dia acredita que paradas gays sejam algo além de um carnaval fora de época?... Eu não!

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ps.: o carnaval fora de época gay da minha cidade começa essa semana (ou já começou, não tenho certeza)...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Véu da Ignorância




Eu juro que tento, com todas as forças. Ok, talvez eu não tente com tanto afinco assim, mas é um verdadeiro disparate! Quando eu não quero mais falar de religião, não me sobra outra alternativa.

A polêmica já vem rolando há algum tempo, mas minha indignação só surgiu, quando o Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio (Lula) da Silva disse que não intercederia por Sakineh Mohammadi Ashtiani junto ao governo iraniano por que estaria supostamente desrespeitando as leis de um país. Mais vergonhoso ainda foi sua retratação, ao se contradizer e por fim dizer que aceitaria dar asilo à mulher. Por que dar asilo político a essa mulher ou interceder por ela? Ela é a vítima da mais brutal e evidente demonstração da ignorância de uma religião estagnada numa era sombria - por que não dizer apenas "de uma religião"?

Sakineh foi condenada não apenas a 99 chibatadas por ter, supostamente, mantido "relações ilegais" com homens - que por** isso significa eu não sei - mas também foi condenada a morte por apedrejamento. Detalhe cruel que alguns desconhecem: você deve imaginar que tal infeliz é simplesmente jogado numa praça, cercado por pessoas e elas atiram pedras nele. Engana-se. Homens são enterrados até a cintura e mulheres até o pescoço, uma clara percepção do machismo da religião islâmica, porque enterradas até o pescoço, as mulheres não têm a chance de usar os braços para amenizar os ataques, como acontece com os homens! E as pedras não podem ser grandes nem médias; tem que ser pequenas, para o condenado não morrer rapidamente.

Gostaria de citar também que, nos EUA, onde a pena de morte é motivo de muita controvérsia, o modo mais "violento" de execução é a cadeira elétrica, que, na minha opinião, por mais brutal que deva ser, não se compara ao terror de ser alvejado por pedras, levando-se em consideração também, o absurdo da acusação!

Sakineh - viúva e mãe - é, como já disse, vítima de uma religião estagnada no tempo, bárbara, que, quando alvo de críticas ocidentais, diz valorizar a vida humana, mas que insiste em condenar crimes estúpidos e penalizá-los com sentenças cruéis e desumanas e exaltar os mais hediondos. Não existe nenhuma base racional por trás da justiça iraniana (e islâmica em geral), tudo se baseia no absurdo inglório de que aquelas são as palavras e a vontade de Alá.

Os representantes iranianos dizem que o "senhor Lula" - e, com isso, nós todos - não conhece(mos) com exatidão os crimes de Sakineh. Mesmo que não conheça(mos), o que pode ter ela feito de tão terrível para merecer morte tão cruel? Conhecendo a insanidade da religião muçulmana (se não, de todas as religiões) seu "crime capital" deve ter sido se recusar a se explodir no meio de uma base militar ou perto de alguma embaixada americana. Mesmo que seja isso, faz algum sentido atirar pedras numa mulher até sua morte???

A resposta óbvia: não!

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p.s.: meu tempo pra medir as palavras passou. Bancar o diplomata comigo não funciona mais. Irresponsabilidade, minha? Talvez. Mas já tem gente responsável demais no mundo.