sábado, 18 de julho de 2009

Banho Tomado ou Não

Em breve ele me perguntaria o que houve. E alguma coisa eu teria que responder. Enquanto ele tomava banho, eu esvaziava uma lata de cerveja. Foi quando esse sentimento estranho se apoderou de mim. Uma mistura sombria de sono e embriagues que traz a tona meu ceticismo e frieza. O difícil é encarar e explicar tal mudança, tão repentina quanto um choque térmico. Aliás, talvez seja essa a terminologia certa: um choque de humores amargo e intrínseco. Uma mudança de maré, de alguma forma artificial, anti-natural. O que houve? Agora, ele saiu do banho. O que responderei?

O que responderia para mim mesmo. De certa forma eu sabia. Em partes, era a minha inabilidade de me conectar com outro ser humano. Eu queria dizer, queria expressar, mas eu sabia que ele - banho tomado ou não - nunca seria como eu, nem chegaria perto. Não importava quantos beijos e transas, quantas juras e choros. Eu estaria sempre desconectado dele. E não só dele. De todos. Por isso era tão difícil botar pra fora: ele não entenderia – banho tomado, ou não.