terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mais Imparcialidade? Impossível!




Só para parafrasear um conhecido nosso: "Nunca na história desse país" se viu uma eleição tão... estranha. A começar pela completa falta de oposição. Embora candidatos de partidos diferentes critiquem falhas administrativas um dos outros, o clima geral é sucintamente demonstrado no slogan "Para o Brasil continuar mudando", usado por Dilma Rousseff, candidata à presidência pelo PT (eu sei disso, você sabe disso e, a essa altura do campeonato, até o mais isolado dos sertanejos também sabe; mas como agora sou graduando em Comunicação Social, tenho que fazer o texto mais claro possível, mesmo que isso signifique recorrer ao óbvio e à redundância). Claro que para a presidenciável do PT, isso quer dizer a continuidade que seu mentor (ventriloquista) fez nos oito anos de governo. Para os outros candidatos (leia-se: Serra) essa filosofia de "continuar mudando" quer dizer, principalmente, não ofender ou, sequer, criticar com mais afinco o trabalho de Lula, não porque acham que ele foi um ótimo governante, mas porque seria um tiro pela culatra.

Outro ponto ainda mais estranho, embora não exatamente uma novidade no processo eleitoral brasileiro, é a teatralidade a la cabaret: elitista se passando por "Zé" e má-drasta por "mãe". Claro que descer ao nível da classe D abraçado pedreiro e beijando criancinha tentando disfarçar a cara de nojo já é estratégia batida e não se pode ensinar novos truques à cachorro velho... mas no caso de JOSÉ Serra, isso é um pouco demais. O "Zé" foi uma tentativa pífia de simular uma origem humilde - mas não pobre - e equipará-lo à Lula, para evitar o tiro ela culatra.

Ok. Nem tudo é trevas e destruição. Existe um raiozinho verde de esperança. Não para essa eleição; essa já está perdida, claro! No entanto, Marina Silva pode estar criando a nova aparêcia da política brasileira para os próximos anos. Não porque ela seja uma pessoa íntegra, idônea, séria - talvez até seja, mas, afinal, não ponho a mão no fogo por político nenhum -, mas porque ela tem tido "grande" popularidade entre os jovens, seja por sua imagem de defensora do meio ambiente - única coisa que ela conseguiu provar até agora -, que tem muito apelo junto aos baixinhos, seja por ela representar uma opção - jamais uma oposição - num cenário polarizado e apático. Infelizmente - para Marina Silva - as chances de vitória são menores que zero. Menores que 10%, na verdade. E mesmo que suas chances fossem até maiores, a única contribuição que ela poderia dar é justamente essa: o ponta-pé inicial na mudança tão necessária no eleitorado brasileiro para os próximos anos. Óbvio que isso é a mais pura conjectura (falar em especulação em época de eleição é sempre um perigo).

Por aí já se vê que crises de identidade são o principal problema desta eleição. Transferência de votos, falta de imposição, de personalidade, debates apáticos, ventriloquismo são tão prejudiciais para a democracia quanto a aparição corriqueira de Dossiês Escusos que costumam aparecer nessa época. É trocar seis por meia-dúzia. A Eleição deste ano é um Frankstein, um monstro, uma aberração. Sem opões viáveis, sem... opções. A dificuldade este ano não é em quem votar por qualidades ou defeitos; é simplesmente, em quem votar?...

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p.s.¹: não consegui encaixar no texto uma opinião minha que creio ser imprescindível, então, coloco-a neste adendo. Não pense que só porque os partidos de oposição estão dizendo que vão dar "continuidade" ao trabalho de Lula. Não se enganem. Não preciso nem entrar no mérito se ele foi ou não um bom governante; mas, como disse, quem ousar ser abertamente contra o que ele fez, estará cometendo suicídio político. Essa "simpatia" pelo trabalho do inimigo é puro marketing, afinal, estamos falando de eleições.

p.s.²: já reparou que, mesmo nas propagandas dos partidos elitistas, não se encontra um único classe média, ou mesmo classe média baixa... só dá povão?... Aí você poderia pensar: "Ok, a maior parte da população brasileira é pobre. Mas e o resto?..."

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Choices
[Mudvayne]

We don't have a choice, anymore, anyway
We don't have a voice, anymore anyway
There's no choice in freedom
There's no voice in freedom

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Medo à Paranóia




Medo. Elemento básico da sobrevivência humana, senão da sobrevivência de todos os seres vivos de maior complexidade. O medo é um componente evolutivo vital, afinal se você não pode lutar, sobreviver só é lógico se fugir, e estar vivo aumenta consideravelmente suas chances de perpetuar seus genes, por conseqüência, suas características.

No entanto, o medo cria diversas outras anomalias. O medo do desconhecido gera raiva, afinal, se você não sabe com o que está lidando, o mais sensato é lutar ou pelo menos se defender. Novamente, há um valor evolutivo neste caso, embora muitas vezes seja deturpado: já ouviu falar que preconceito é fruto da ignorância? Pois então...

Porém, existe o medo daquilo que já se conhece; em que saber o que está em baixo da cama não ajuda em nada. Só piora! O pânico, o pavor de ser engolido, dilacerado ou simplesmente encurralado. As coisas fogem do controle.

E há o pânico. O medo exacerbado de se encontrar com seu pior pesadelo no meio da rua, no supermercado. Você enxerga monstros onde não existem, confunde rostos, sons, cheiros, imagens. Uma mulher segurando um casaco roxo pode parecer a pessoa que você mais quer evitar. É um dos primeiros sintomas de que você está ficando maluco.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Burn The Bridge




Burn The Bridge


[Mudvayne]


No integrity, no sincerity, no credibility, no regret
No principal, no ethic, no honor, makes no fucking sense
No inside to the future, no thinking and no respect

No authority, no veracity, no honesty, no penitence
No pride, no power, just a criminal
No morals

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

So violent, so dissident, no more requiem, so I lament
So simple to revere to respect down and left for dead
So forget my forgiveness, you've all failed to protect

No persistence, insistence my will, my stubbornness
Consume, devore, like a criminal.
No standards

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

Before I saw the light
I crawled through darkness my whole life
So empty
Before I found my life
I embraced the death that's coming
So Certain
Drawing Near
Its coming closer
It's approaching

I know the signs
I've got the number
I got my vision
I know the motion
My eyes forever opened

[Your greed] You'd burn the bridge around me to save yourself
[Your Envy] You can't be what I am even with my help
[Gluttony] Take everything from me take it for yourself
[My Wrath] I'll just live my own life

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

The Out Sider




Me cansei de destratar as religiões, as políticas, as pessoas. Hoje, vou retornar a um ambiente ao qual faz tempo que não compareço e que, muitas vezes, é estranho até mesmo para mim: eu mesmo.

Devo ser uma pessoas extremamente desagradável. Talvez - e, desta vez, não só "talvez" -, eu devesse arrumar uma maneira de ser menos , uma ideologia de vida menos esnobe. Do que me adianta saber de pulsares, Hipócrates, Behaviorismo, ou que a França está expulsando ciganos de seu território, quando meus "amigos" só falam de Pânico na TV, CQC, Josy e outros assuntos mundanos? E antes que você pense errado, não, não estou sendo irônico! É uma pergunta legítima!

Nunca achei que programas de televisão ou tietagem acrescentariam algo na minha vida. Bem, podem até não acrescentar, mas porque parecem que estão subtraindo? Essa cultura frívola é evidentemente uma marca de coesão social, de identificação coletiva, de formação de grupos, pessoas que partilham o mesmo interesse. Interesse que, mesmo no meu mais hercúleo esforço, jamais me encantaria. Como disse: "que valor essas coisas vão agregar à minha pessoa?" É ou não é um certo esnobismo? Pode falar! Na minha concepção, há coisas tão mais interessantes para se conhecer no mundo do que essa futilidade midiática. Mas, ao que me parece, o errado ou eu!

Você poderia ainda dizer, numa tentativa pífia de me consolar - pífia porque eu mesmo já me disse a mesma coisa -, que eu já havia abraçado e aceitado essa minha "inadequação" social; que a estranheza me fez um pensador melhor; que a solidão me fez mais inteligente, atento, meticuloso. Fez mesmo? Ou é apenas um prêmio de consolação? Será que essa cultura "útil" não fez de mim um chato?

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ps.: aliás, do que me adianta saber também sobre pulsares, Hipócrates, ou mesmo a extradição de ciganos da França? Seria todo saber - que não técnico - inútil?


domingo, 15 de agosto de 2010

Manifesto Ateu




A Ciência é minha guia e ela jamais me faltará. Tua Luz me mostrará o caminho através dos vales sombrios da ignorância dos homens. Teu pensamento lógico e racional derrubará os dogmas obtusos dos parasitas e revelará a mentira fantástica dos acomodados.

Que a Ciência expanda os horizontes, não daqueles que se contenta em "crer", mas daqueles que querem Saber. Apoia-te nos ombros dos gigantes, para vislumbrar os fenômenos do Universo. E não só isso: compreendá-os.

Lance o medo do conhecimento no coração dos fiéis, dos amedrontados. Tirá-lhes a ilusão acolhedora de uma vida depois desta e diga-lhes que esta é a única chance de fazer valer a pena. Arranca-lhes o Céu e o Inferno e dê-lhes a verdadeira moral: não precisamos de um deus para sermos bons.

Dita-lhes o mais perfeito dos mandamentos: sobreviva o mais apto. Mas que isso não é motivo para crueldade. Crueldade é mentir e manipular, governar pelo medo de um castigo póstumo. Lembra-te: o inferno são os outros.

Regozija-te ao saber como nascem e morrem as estrelas, ao entender, nem que o mínimo, os fenômenos sub-atômicos que as fez. Admira-te diante do Universo Visível e a matéria escura, que os deuses míopes jamais enxergariam. Admira-te frente ao Homem Vitruviano e a Teoria da Relatividade Geral. Alegra-te : tú és primo do macaco! E se algum herege duvidar de tuas palavras, perdoe-o. Ele não sabe o que fala. A Ciência e as datações de Carbono 14 não mentem. A Ciência jamais lhe faltará.

Quando não compreender Tuas leis e caminhos, não se desespere, não desista e, acima de tudo, não reze! Refaça seus cálculos, revise suas conclusões. A razão jamais falha.

Leve, não minhas palavras, mas as Dela. Tuas fórmulas e teorias. Teus métodos.

Eureka!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não Seja Diferente




Já faz um tempo que venho percebendo isso. Aliás, mais de um ano, e só me deu na telha de escrever agora - como sabem, venho travando uma verdadeira luta com minha criatividade. Pois então, vamos ao que interessa. Hoje, por mais que me irrite e, de certa forma, me entristeça, vou permanecer no óbvio: nossa sociedade ainda é preconceituosa.
Vejo - via - muitas campanhas de inclusão social do tipo "empregue um deficiente físico" ou "dê emprego à um ex presidiário" ou tantas outras minorias sociais secular e irracionalmente marginalizadas e excluídas do mercado de trabalho. Campanhas televisivas, outdoors, incentivos fiscais à empresas que contratam integrantes dessas minorias injustiçadas. Não estou dizendo que não deveriam existir. Pelo contrário, deveriam ser ainda mais enfáticas.

A questão é outra:

Alguém já viu alguma campanha publicitária conscientizando, demandando, pedindo ou mesmo implorando facilidades trabalhistas para gays? Se viu, por favor me mostre urgentemente!

Claro que a atual geração está muito mais tolerante em relação à homossexualidade alheia. Desnecessário dizer que, há dez, quinze, vinte anos atrás, ser gay era extremamente difícil, se assumir então era quase impossível. Amigos não podiam saber, família nem sonhar. Hoje a coisa corre meio solta. A America Latina já está entrando na onda do casamento gay...

Exceto nos ambientes de trabalho. Se assumir gay em escritórios, fábricas ou seja lá o que for. E quanto mais "braçal" mais preconceituoso. Dizer que se relaciona com alguém do mesmo sexo, ou só aparentar, reduz drasticamente suas chances de conseguir uma promoção ou indicação à um cargo melhor. Sem contar a já conhecida exclusão social entre colegas de trabalho, que começam a olhar de rabo de olho e quem era amigável, vira as costas; muitas vezes não por preconceito, mas por medo de ser de alguma forma envolvido na exclusão.

Ok, não chega a ser uma novidade? Mas porque ninguém faz campanha publicitária para os gays? Talvez porque, diferente de um deficiente ou um ex-presidiário, a condição de homossexual possa ser omitida ou escondida?... Não concorda que, mesmo que não seja preconceituoso, é no mínimo estranho. Ou talvez, essa "conscientização" fiquei por conta das paradas gays que lutam por tantos outros direitos dos homossexuais. Eu nunca ouvi nenhuma reivindicação específica contra "homofobia no trabalho" e mesmo que tivesse visto, alguém hoje em dia acredita que paradas gays sejam algo além de um carnaval fora de época?... Eu não!

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ps.: o carnaval fora de época gay da minha cidade começa essa semana (ou já começou, não tenho certeza)...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Véu da Ignorância




Eu juro que tento, com todas as forças. Ok, talvez eu não tente com tanto afinco assim, mas é um verdadeiro disparate! Quando eu não quero mais falar de religião, não me sobra outra alternativa.

A polêmica já vem rolando há algum tempo, mas minha indignação só surgiu, quando o Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio (Lula) da Silva disse que não intercederia por Sakineh Mohammadi Ashtiani junto ao governo iraniano por que estaria supostamente desrespeitando as leis de um país. Mais vergonhoso ainda foi sua retratação, ao se contradizer e por fim dizer que aceitaria dar asilo à mulher. Por que dar asilo político a essa mulher ou interceder por ela? Ela é a vítima da mais brutal e evidente demonstração da ignorância de uma religião estagnada numa era sombria - por que não dizer apenas "de uma religião"?

Sakineh foi condenada não apenas a 99 chibatadas por ter, supostamente, mantido "relações ilegais" com homens - que por** isso significa eu não sei - mas também foi condenada a morte por apedrejamento. Detalhe cruel que alguns desconhecem: você deve imaginar que tal infeliz é simplesmente jogado numa praça, cercado por pessoas e elas atiram pedras nele. Engana-se. Homens são enterrados até a cintura e mulheres até o pescoço, uma clara percepção do machismo da religião islâmica, porque enterradas até o pescoço, as mulheres não têm a chance de usar os braços para amenizar os ataques, como acontece com os homens! E as pedras não podem ser grandes nem médias; tem que ser pequenas, para o condenado não morrer rapidamente.

Gostaria de citar também que, nos EUA, onde a pena de morte é motivo de muita controvérsia, o modo mais "violento" de execução é a cadeira elétrica, que, na minha opinião, por mais brutal que deva ser, não se compara ao terror de ser alvejado por pedras, levando-se em consideração também, o absurdo da acusação!

Sakineh - viúva e mãe - é, como já disse, vítima de uma religião estagnada no tempo, bárbara, que, quando alvo de críticas ocidentais, diz valorizar a vida humana, mas que insiste em condenar crimes estúpidos e penalizá-los com sentenças cruéis e desumanas e exaltar os mais hediondos. Não existe nenhuma base racional por trás da justiça iraniana (e islâmica em geral), tudo se baseia no absurdo inglório de que aquelas são as palavras e a vontade de Alá.

Os representantes iranianos dizem que o "senhor Lula" - e, com isso, nós todos - não conhece(mos) com exatidão os crimes de Sakineh. Mesmo que não conheça(mos), o que pode ter ela feito de tão terrível para merecer morte tão cruel? Conhecendo a insanidade da religião muçulmana (se não, de todas as religiões) seu "crime capital" deve ter sido se recusar a se explodir no meio de uma base militar ou perto de alguma embaixada americana. Mesmo que seja isso, faz algum sentido atirar pedras numa mulher até sua morte???

A resposta óbvia: não!

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p.s.: meu tempo pra medir as palavras passou. Bancar o diplomata comigo não funciona mais. Irresponsabilidade, minha? Talvez. Mas já tem gente responsável demais no mundo.