domingo, 29 de maio de 2011

Cannabis: Sim ou Não? 2; O Retorno


Semana passada foi um fuzuê!

Já escrevi sobre esse assunto aqui uns dois anos atrás, mas já que eles insistem em falar sobre isso, eu também tenho que insistir.

Primeiro: sou a favor da liberação da maconha? Não! Acho a coisa mais estúpida do mundo usar, liberar seria ainda mais!

Os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha argumentam que sua causa é benévola, pura. Afinal, cannabis possui uma “inegável” função medicinal. Faz bem, vejam só!

O que não explicam para esse povo, é que o princípio ativo da maconha de “inegável” bem medicinal é preciso ser isolado dos outros componentes que fazem mal. É preciso haver tratamento apropriado para que a maconha faça bem à saúde. Não é qualquer “tapinha” na erva que vai te curar de algum mal bizarro - provavelmente criado na sua cabeça por conta do uso da mesma! Sem contar que os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha não levam em consideração a posologia: ou seja, a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem.

E não! Não acredite quando dizem que maconha não vicia! Não é um baratinho legal pra passar o tempo, pra abrir a mente, pra libertar! Não! Maconha vicia, assim como álcool, tabaco, baralho, dados, CS e até sexo! E desconfie se alguém usar artimanhas, comparando “se cerveja que altera a consciência, vicia, porque maconha não pode?”. Pelo simples fato de que não são a mesma coisa!

E não! Não acredite quando dizem que liberar, legalizar a maconha vá acabar com o tráfico de drogas. Vai diminuir? Vai! Consideravelmente? Não! O mercado drogas ilícitas é muito variado pra que a legalização da maconha diminua consideravelmente o poder do tráfico! Se legalizarem cannabis e for vendida na padaria da esquina, você acha mesmo que os traficantes não vão arrumar outra coisa pra vender no lugar? O oxi está aí!... não mais confinado à selva amazônica.

E não! Não é só porque na Holanda dá certo, não significa que daria certo aqui! As pessoas gostam de comparar o incomparável e construir um argumento volátil! Holanda e Brasil vivem duas situações sociais completamente distintas! O que funciona lá, não funcionaria aqui nem que os maconheiros de plantão que militam pela liberação da maconha prometessem se comportar!

Não se pode legalizar um crime para solucioná-lo. È o mesmo que deixar que as pessoas falem “nóis pega os peixe” só pra dizer que o ensino está funcionando. As políticas públicas de combate às drogas têm que mudar? Sim! Têm! Mas não legalizando o que é ilegal! Fechando as fronteiras no norte, proporcionando melhores condições de vida para a população pobre, como educação e empregos; projetos sociais mais eficientes, que impeçam que crianças e adolescentes de entrarem no mundo da droga ou do crime; enfim... fazer uma política melhor, ao invés de multiplicar o próprio patrimônio por 20 ou fingir que nada disso jamais aconteceu...

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Pharmaecopia, by Mudvayne

Halcium and morphine,
5-methoxy-n, n-dimethyltryptamine,
Psilocybin, mescaline, aspirin, histomine,
Brushite, darvaset, valium, caffeine, cannabis, and LSD,
Ayahuasca, harmine give it all to me I want it

These are just a few of my favorite things

Trisolam and zanex, serotonin, mdma, ibogaine, dopeamine,
Tetra-hydro-chloride, atenolol,
Amanita muscaria,
Boric oxide, arrabinitol, psilocin, and flamizine,
Cylotec and harmaline
Give it all to me I want it

Does your god come in a capsule to sedate you,
Tear the walls down, headless prison,
Cannibals chew to consume you,
Bring the alien

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Absurdo!




Sei que postei muito recentemente sobre a Crise Palocci, e não tão recentemente, um manifesto sobre os mitos levantados pelos religiosos sobre os homossexuais. Mas diante de uma notícia dessas (são duas, essa e essa), é difícil ficar quieto e não discutir o absurdo que acontece na nossa política!

Na verdade eu não sei o que pode ser mais absurdo! Vou tentar estabelecer uma linearidade, apenas a título de organização e não de magnitude.

Primeiro absurdo - Dilma cedeu à pressão da bancada evangélica e suspendeu o “kit-gay”: a intervenção de uma bancada religiosa numa decisão política, num Estado que SE DIZ laico. Mas pra quem tem um Ministério da Educação que “permite” que o sujeito fale “nóis pega o peixe”, não é de surpreender que seja difícil para os políticos entenderem o significado da palavra laico. O material anti-homofobia preparado pelo MEC é de baixa qualidade, é questionável, é equivocado. Então, que se discuta suas falhas técnicas ou didáticas; mas não perpetrando preconceitos que não correspondem à realidade! (Leia-se: não, nós não queremos converter seus filhinhos à homossexualidade. Se ele já é viado ou já é “macho”, não vai ser kit-gay que vá mudar isso!)

Segundo absurdo - A bancada religiosa CHANTAGEOU (não conheço outro termo mais apropriado. Se souber, me avisem) Dilma, ameaçando chamar Palocci para depor em CPI, caso não suspendesse o “kit-gay”: Palocci não foi depor ainda por quê?! Sua convocação não deveria ser negociável! Ainda mais como uma moeda de troca numa negociação tão equivocado quanto a mistura de religião com política!

Faltam-me adjetivos para qualificar o que se passa nessa situação. Vergonhosa? Revoltante? Incompreensível?

Não! Criminosa!

È a expressão mais sórdida do descaso dos políticos brasileiros, todos eles, para com a sociedade! É a expressão magna de que o interesse particular dos políticos é maior que o bem-maior do povo.

É um insulto ter que testemunhar a pregação religiosa numa Câmara de Deputados travestida de “pelo bem da instituição familiar”; é um insulto ter que assistir apuração de uma “irregularidade” (pra não chamar de crime) virar condição e vantagem política, quando ela se faz necessária e obrigatória!

Mas é desesperador ter que ver o cruzamento obsceno entre os dois.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mágica




Eu cresci no meio de certos idealismos. Como estudei em colégio municipal, a presença do sindicato dos professores era forte. E com esses sindicatos, a ideologia política de que o que é do Estado e vem do Estado é bom. Naquela época o PT ainda gozava de boa imagem entre os sindicalistas. Não que hoje não goze, mas era mais forte. Havia menos desilusão, provocada pelo escândalo do mensalão e vários outros que vieram desde que Lula chegou à presidência.

Felizmente, eu amadureci. Talvez, nem tivesse precisado, mas deu-se o fato. Não que eu partilhasse a desilusão dos professores. Meu cinismo cresceu sozinho ao longo dos anos. Político mente! Político rouba! Político é a expressão personificada da corrupção! Uns mais do que outros?, sim! Mas é mais fácil você lidar com o plano geral do que com as particularidades. Político é safado.

No entanto, apesar das minhas dúvidas a respeito dos políticos, continuei a acreditar que Lula seria melhor do que Serra, ou Alckmin. Talvez ele tenha sido. Só não temos como provar, afinal, passado é passado.

Aí vieram as eleições 2010, Dilma inexpressiva, vinda do Escândalo da Casa Civil. Em menos de seis meses de governo Antonio Palocci, uma das baixa do Mensalão, retorna e consegue multiplicar seu patrimônio por 20! Ele fez 10 milhões nos poucos primeiros meses deste ano! Ministro escolhido a dedo, vindo de outros carnavais e com a cara de pau de fazer uma maracutaia dessas!

Então, refletindo sobre a honestidade e a idoneidade daqueles que compõe a equipe política de Dilma Rousseff (e do PT de uma forma geral), decidi abraçar meu lado liberal. Ou seja, abandonei qualquer sonho ideológico de que um partido de orientação socialista pudesse fazer do Brasil um país melhor. Abandonei a crença de que Lula fez do Brasil um país melhor. Me parece mais crível que o país tenha melhorado, não sozinho, mas levado por uma onda (não uma marola) que impulsionou outros diversos países. Aliás, impulso que foi mais forte para esses outros “diversos países”!

É preciso retificar meu pensamento!

Não foi o PT e o Lula e a Dilma que fizeram o país avançar! Não! Eles e sua quadrilha de criminosos acima da lei e da moral estão é nos envergonhando. O trio vermelho que faz de tudo para se livrar e se blindar das acusações que lhe são feitas! É a política do Homem-Teflon: nenhuma sujeira é capaz de grudar!

Isso é uma vergonha.
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p.s.: O título “Mágica” e a imagem do post são uma referência ao Caso Palocci. Como diria minha amiga Amanda Magalhães, “fica na mente da galera”...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Açacinando o Portuges



É incrível como em certas situações o Brasil avança e em outras ele simplesmente retrocede.

Semana retrasada foi legalizada a “união homoafetiva” (termo politicamente correto, embora alguns políticos não achem nem o termo, nem a prática corretos). Essa semana (foi essa semana mesmo?) o MEC divulgou, lançou ou qualquer coisa parecida... um livro para ensino de adultos que diz que não é errado dizer “nós pega o peixe”. Justificativa: é uma oralidade legítima da língua portuguesa. Se fosse apenas um problema de lingüística eu ficaria quieto. Porém...

Lingüistas argumentam que os idiomas evoluem no uso diário que as pessoas fazem desse idioma e, por tanto, ele não é imutável, está em constante transformação, inclusive por causa do uso errado das regras gramaticais e ortográficas. Disseram também que não é errado não conjugar sujeito e verbo no mesmo tempo e número; é apenas inadequado, dependendo do contexto em que se fala.

Sim, está tudo certo. A não ser o incentivo à mediocridade intelectual. A ineficiência educacional brasileira é tão grande que se aceita o errado como certo. A língua evolui quando todos, ou pelo menos a maioria os falantes passam a adotar aquele “erro” e, principalmente, quando o acordo ortográfico decide o que será permitido ou não! É uma questão de lógica! Fazendo uma analogia com a “união homoafetiva” (termo odioso), até semana retrasada, não era permitida, hoje é. Assim funcionaria com a conjugação verbal do MEC e outras “peculiaridades” lingüísticas mais.

E não é apenas uma questão de normas e regras, é questão de lógica. Se dois executam uma ação como um verbo não vai para o plural?!!!

Outro argumento pífio do MEC é que classificar como inadequados certos erros da oralidade da língua, reduziria a baixa auto-estima do falante, diminuiria o preconceito e blá, blá, blá. Primeiro, várias pessoas na escola aprendem a falar certo na escola, porque outras não podem? É pra isso que escola serve, não é?! A pessoa deveria sentir vergonha de falar errado, não! Mas deveria sentir de não aprender a usar o português corretamente e persistir no erro!

Pior ainda é o MEC dizer que “tudo bem” e contribuir para o detrimento da língua portuguesa.


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ps.: esse foi o desabafo louco de alguém que passou mais de quinze anos (e contando) num banco de escola pra aprender e escrever corretamente. Também foi o desabafo de alguém que não tem medo de corrigir, nem de ser corrigido!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manifesto

O Excelentíssimo Deputado Federal Bolsonaro distribuiu 50 mil panfletos alertando sobre os perigos da “Agenda Gay”. Entre outras acusações infundadas, ele coloca no mesmo patamar homossexualidade e pedofilia. Segundo ele, o próximo passo depois de legalizar a união homoafetiva seria descriminalizar a pedofilia. A lógica distorcida provavelmente usada por esse homem é: se pode homem com homem, mulher com mulher, porque não homem com menino? Ele monta seus argumentos pela lenda de que gays se atraem por crianças e, por conta dessa atração, seduzem e aliciam menores de idade para o sexo. É um argumento falacioso, um sofisma, uma idéia que não se sustenta nos fatos. Além de ser uma acusação injusta e leviana, não (só) com os gays, mas (também) com as vítimas da pedofilia.

Pedofilia e homossexualidade não assemelham de forma alguma. A pedofilia se caracteriza pela atração por crianças e pré-adolescentes, independente do sexo dela ou da orientação do pedófilo. Não é raro achar pedófilos de meninos que são casados com mulheres - às vezes entre as vítimas estão inclusive os próprios filhos. Homossexualidade é a atração sexual/emocional pelo gênero oposto e ponto.

E, como se não bastasse essa diferença, a pedofilia produz vítimas, gera danos e traumas psicológicos que muitas vezes são irreversíveis na criança: desde isolamento social à distúrbios de múltiplas personalidades.

Estou dizendo que não existem pedófilos homossexuais? Não! Não estou excluindo os gays dessa categoria. Eles existem, claro que existem! Mas também existem pedófilos entre os heterossexuais. Também existem pedófilos entre os religiosos. Pela lógica racional (parece redundante dizer “lógica racional”, mas faço essa ressalva, considerando que homens como Bolsonaro seguem a “lógica religiosa” ou uma “lógica” que foge aos fatos), há numericamente mais pedófilos entre os “heterossexuais” do que entre os gays, se formos extrapolar a proporção que há de homossexuais entre a população geral. Bolsonaro diz alguma coisa contra esses pedófilos? Sim, diz! Eu espero que diga! Mas me parece injusto relacionar duas coisas completamente diferentes para perpetrar a homofobia.

Nós, gays, também não queremos ser engolidos a força. Não queremos converter seus filhos ao “homossexualismo” - quem muito tenta “converter” as pessoas são, ironicamente, os religiosos. O que Bolsonaro não consegue entender é que não se converte ninguém à homossexualidade, não se transforma ninguém em gay - o contrário também é falso; não existe “ex-gay”. Bolsonaro é o tipo de pessoa que acredita que “é de cedo que se torce o pepino”. Pra algumas coisas isso é verdade, pra outras, como a orientação sexual, não há tapa nem palmada que dê jeito. Se seu filho, não importa a idade que tenha, é heterossexual, não há Kit Gay feito pelo Ministério da Educação que vá trasformá-lo num homossexual! No entanto, há a ideologia vigente da intolerância, que pode transformá-lo num ignorante, numa pessoa incapaz de conviver com as diferenças inevitáveis no atual cenário social. A qualidade do “Kit-gay” feito pelo MEC é duvidosa, deve-se revê-la e reformulá-la, até mesmo vetá-la, mas é incorreto (e perigoso) afirmar que ela vá corromper as crianças e jovens.

Bolsonaro e outros segmentos religiosos também defendem que a união homoafetiva desfigura a imagem da família que deus imaginou para a humanidade. Que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é aprovada por deus. A primeira falha desse argumento é: e quem não acredita em deus? Essa “verdade” deve ser imposta mesmo a quem não partilha desse conceito religioso de família? O direito de se constituir uma vida ao lado de quem quer que seja deve ser negado porque uma parcela da população acredita que “deus não aprova”?

Segundo: se hoje em dia a família padrão não é mais “Pai, Mãe e Filhos”, a culpa não é dos homossexuais. A culpa é da Revolução Industrial que moldou os nossos padrões de consumo e comportamento. Se hoje existem mães solteiras e chefes de família é porque, décadas atrás, as mulheres tiveram que sair para o mercado de trabalho e ajudar nas despesas domésticas e, então, conseguirem se emancipar da concepção patriarcal. O casamento gay não pode desfigurar uma imagem que já se desfigura desde o começo do século passado. Dito isso, me pergunto se o Excelentíssimo Senhor Bolsonaro (e acrescente aí o setor religioso) quererá proibir as mulheres de serem partes do mercado de trabalho sob a inglória justificativa de que elas são uma ameaça a Instituição Familiar. Temo, contudo, que este seja um sonho distante desses senhores.

Ainda há a idéia de que uma relação homossexual não pode gerar filhos, o objetivo divino pro sexo - alguns desses senhores ainda não ouviu falar de Freud. Não há argumento contra a isso. Uma relação sexual entre homens jamais irá gerar um descendente. Mas quantos relacionamentos heterossexuais também não geram, por infertilidade de um dos parceiros, ou até mesmo por opção. Se isso é um obstáculo para se reconhecer a “união homoafetiva”, porque não deveria ser para todos os casais que não tem filhos? Não nos esquecendo que o fato de uma pessoa ser gay não implica que ela seja necessariamente estéril. E há ainda as adoções e tantas outras opções que são asseguradas pela lei aos heterossexuais sem que isso diminua sua condição enquanto instituição familiar.

Outra - e infelizmente não é a última - acusação desse(s) senhor(es) é que existe uma ditadura gay, uma mordaça rosa que os quer silenciar e proibir de pregar seus “preceitos religiosos”. Ela existe? Talvez exista. Assim como há fundamentalistas do lado de lá, há, certamente fundamentalistas do lado de cá também. Se há homofóbicos, não deve ser impossível achar heterófobicos por aí. No entanto, essa última classe existe numa quantidade ínfima, pífia, quando colocada em contraste com a mastodôntica quantidade de homofóbicos. Não queremos silenciar ninguém (a maioria absoluta não quer mesmo!). Se a sua religião prega que deus não aceita a união homossexual, que a homossexualidade é um pecado, abominado por deus, pregue-a! Pregue-a a quem quiser ouvir! Se você acha que não há moralidade em um relacionamento gay, continue achando por favor. E, por favor, diga! Ninguém está dizendo que você deve se calar, ou parar de fazer panfletinhos infames (desde que pagos do seu próprio bolso). Mas lembre-se que é possível pregar, que é possível achar, que é possível se expressar sem agredir o próximo. Essa deveria ser a verdadeira essência da de uma sociedade democrática: conviver com as diferenças. O movimento gay toma ou tomou algumas direções erradas ao longo de seu caminho? Sim! Quem nunca tomou? Mas, por favor, não diga que queremos obrigar as pessoas a viver o nosso estilo de vida; não faça propaganda, insinuando que queremos calar a sociedade - até porque isso seria impossível. Não chegue ao absurdo de insinuar que a partir da legalização da União Homoafetiva todas as pessoas deverão se casar com alguém do mesmo sexo!

Não há Mordaça Gay, não existe uma Agenda Gay, não existe um plano gay pra “Tentar Dominar o Mundo”. Nem pra estuprar crianças, nem para destruir os valores familiares, morais ou religiosos.

Há, sim, um plano! Um plano para conseguirmos nossos direitos, para que sejamos aceitos como iguais numa sociedade que parte justamente do principio da igualdade. Tudo o que queremos é a liberdade de viver em paz, com nossas famílias. Como vocês.

Guerra

A ponta cruel da ignorância, mirando a inocência com ferro e pólvora. A guerra não conhece limite. A guerra não conhece honra. A guerra só conhece o desespero. Matar, morrer, sobreviver. Sobreviver nos escombros, na poeira, dos cacos e restos que restam inteiros no chão; sob retumbante som das metralhadoras, dos morteiros, dos mísseis, granada. Sob o som das ordens ideológicas de homens que só fazem falar, incitar, inflamar a loucura com gasolina, napalm e C4.

Exércitos marcham para lugar nenhum, armas em punho, capacetes nas cabeças, patriotismo (?) no coração; munidos da fé inabalável que o alvo na linha de tiro é o inimigo. Pelo gatilho dispara, a bandeira o exime da culpa de matar soldados, generais, homens, mulheres, velhos e crianças.

A ponta cruel da ignorância não distingue alvos.

As mais tristes baixas da guerra são os inocentes.

sábado, 7 de maio de 2011

Reconhecimento



Juro que neste post farei o máximo de esforço para não tocar no assunto de religião ou da babaquice irracional de uns e outros, baseada na existência de um deus.

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Ganhei um ótimo presente de aniversário. No dia 5 de maio, o STF decidiu por unanimidade, validar (ou qualquer que seja o termo) a “união estável homoafetiva”. Aliás, quem foi o viado que inventou a palavra “homoafetiva”?? É gay mesmo!!! Voltando ao assunto… Para fins legais, casais gays (gays mesmo, nada de homoafetiva) terão os mesmos direitos assegurados por lei a casais heterossexuais (a lista você provavelmente já conhece).

Alguns chegaram muito perto do infarto (#chupamalafaia); outros de uma crise psicótica. Mas a maioria dos que são contra o casamento gay ficaram só na revolta mesmo. O que é - pelo menos pra mim - incompreensível.

O grande argumento do que são contra o movimento gay (pejorativamente chamado de gayismo) é que existe uma ditadura rosa na democracia brasileira atual; que o lobby para aprovar leis que favorecem os gays é fortíssimo; que os gays querem colocar uma mordaça na boca daqueles que “não aprovam a conduta homossexual”; que o gayismo quer acabar com a liberdade de expressão.

A lógica dos argumentos desse povo é que os gays estão tramando um plano diabólico para tentar dominar o mundo. Como se uma lei que permita ou legalize ou reconheça ou legitime o casamento gay fosse obrigar todo mundo a casar com alguém do mesmo sexo! Ou que a PL-122 foi especialmente desenhada para tolher o direito de se expressar. Não é essa nossa intenção. Mas assim como eles têm o direito assegurado de se expressar, nós também queremos o direito de termos uma vida igual, com os mesmos direitos de constituir família e todo o amparo legal em que isso implica (aqui falo pelos que querem, não é um desejo pessoal meu).

Ao contrário do que muitos pensam, não queremos recrutar ninguém para um imaginário Exército do YMCA. Só queremos o direito de sermos feliz. Mais importante, de sermos respeitados.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ele Morreu

Morreu Osama em seu cafofo nada modesto nos arredores de algum vilarejo paupérrimo do Qualquerquistão. Os Estados Unidos estão felizes, afinal, fizeram justiça aos milhares de mortos nos atentados ao World Trade Center, o famigerado 11 de Setembro. Isso pra não mencionar os milhares de outros atentados que pipocaram ao longo desses 10 anos, ao redor do mundo. A comunidade internacional congratula operação que deu fim à vida do procurado nº1 do mundo.

O que isso significa? Pra Obama (cuidado ao ler e não confundir alhos com bugalhos) é a tábua de salvação para as próximas eleições. Na sociedade americana, obcecada pela guerra contra o terrorismo, nada soaria melhor do que “Foi a minha gestão que capturou e matou Osama Bin Laden”. Para Jorginho W. Bush é, em primeira instância, um alívio e, depois, uma vergonha, afinal, Obama fez em meio mandato o que ele tentou em dois.

Para os terroristas islâmicos, os EUA criaram um mártir, um Deus, um profeta. Mataram uma das cabeças da Hidra, apenas para ser usada como um símbolo mais forte dos extremistas na luta contra o imperialismo americano. Antes, Bin Laden era homem que podia ser derrotado, agora é um símbolo indestrutível, capaz de inflamar (e explodir) ainda mais seguidores do que antes. E, em seu lugar, aparecerão os mais sortidos insanos, sedentos por demonstrar que podem substituir o mestre sem deixar a desejar. Matou-se um fanático, apenas para dar lugar a centenas mais.