terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Barbárie Institucionalizada

 

manchas-de-tinta

Sei que falei recentemente sobre esse assunto aqui no blog, mas como faz tempo que não posto nada e esse texto me rendeu um “brilhante argumentação”, pensei em compartilha-lo com vocês. É um breve texto sobre trote nas universidades, trabalho feito em sala, em uma aula de português. Infelizmente, não foi permitido falar tudo que gostaria, até passei do limite de linha estipulado, e vocês sabem como gosto de falar. Bem, no mais, achei que era um texto merecedor da audiência de vocês, embora seja um assunto repetido. Vamos ao texto…

 

Barbárie Institucionalizada

 

É impressionante que na nossa sociedade ainda haja espaço para certas posturas juvenis absurdas e ilógicas. E é ainda mais impressionante quando costumes baseados na submissão infundada e na humilhação despropositada ache terreno fértil em faculdades e universidades, locais onde, supostamente, deveriam ser cultivados os valores superiores como respeito ao próximo.

Assim acontece com o trote, forma de “boas-vindas” aos que ingressam no ensino superior, que, em versões mais leves, incluem tintas, esmaltes, alimentos mau-cheirosos ou estragados e outros materiais inconvenientes e cortes de cabelo e roupas. A prática se esconde por trás da inocente desculpa de integrar os calouros com os alunos mais avançados, mas, considerando que há formas menos degradantes de se alcançar o mesmo objetivo, as motivações por trás do trote são a diversão às custa da humilhação alheia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Do Outro Lado do Mediterrâneo

mediterraneo

Não são apenas os faraós caotéticos a cair na região do mediterrâneo. Há também os bons e velhos primeiros-ministros caotéticos que se julgam além do bem, do mal, do povo, da própria juventude e do próprio conceito de Ética ou mesmo Respeito.

Em suas últimas declarações, Silvio Berlusconi diz “não estar preocupado” com seu julgamento por… bem, por falta de palavras mais precisas… safadeza com prostitutas menores de idade. No mundo da política, isso não chega a ser surpreendente ou inédito. Escândalos sexuais não são novidade, embora eu nunca tivesse ouvido falar em prostitutas menores de idade. Já ouvi falar em secretárias em salão oval, e outras peripécias. Nada que ultrapasse o limite da legalidade, apenas crimes morais.

Mas afinal, porque Berlusconi estaria preocupado, não é mesmo? Pra quem já sustenta uma história de mais de vinte anos de problemas com a justiça e nunca foi condenado, de corrupção política, fiscal a corrupção de menores. Berlusconi é um daqueles exemplos de governantes que deveria aprender com Mubarak e se mandar do poder enquanto ainda lhe resta a liberdade, porque dignidade, essa?, já se mandou faz tempo. Vergonha na cara, nunca teve…

No entanto, sua megalomania egocêntrica, o apego ao poder não lhe permitem ouvir a população italiana e seus contatos políticos lhe garante a possibilidade de permanecer intocado no poder, enquanto envergonha sua nação com declarações estapafúrdias, sexistas ou homofóbicas. Que a onda de revolução política no mundo árabe se estenda aos italianos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Todos os Impérios Caem

sarcófago

Acabou! A dinastia Mubarak chegou ao fim na tarde de ontem! Depois de quase vinte dias de protesto no Egito, o faraó caoético renunciou ao trono e seu reinado virou história. Foi para o seu balneário em algum lugar no Mar Vermelho. Finalmente se tocou que do jeito que estava, não dá e largou o osso. O povo egípcio se encontra agora livre, com um futuro cheio de possibilidades.

Existem várias lições a serem aprendidas nessa história. A primeira delas é que esses e outros que gostam do poder, deveriam se tocar e largar mãos do egoísmo narcisista e enxergar que a estagnação do governo vicia a máquina social, sufoca e leva a eventuais catástrofes - lição que poderia ser aprendia por uns e outros aqui mesmo no Brasil (leia-se: Sarney). Governo não é bem pessoal, é bem social!

Segundo, como já falei, mesmo que a organização de um povo, com um determinado objetivo, derruba até os governos mais resistentes. Como diz o “V”, “Um povo não deveria temer seu governo. Mas um governo deveria temer seu povo”. Ou algo nesse estilo.

Terceira: a internet tem mesmo poderes mágicos. Com sua ajuda, caiu um governo… Será que com a ajuda dela, cairiam também TODOS os governos? Não custa nada sonhar não é mesmo.

Mas acho que o mais impressionante aqui é perceber, numa comparação talvez injusta entre Brasil e Egito, as diferenças sócio-políticas. Nós somos um povo, talvez não oprimido, mas de muitas maneiras, insatisfeito com o rumo que nossos representantes assumem. Histórias de roubos, corrupção e posturas anti-éticas não faltam em nossos jornais. E, no entanto, não fazemos nada para mudar, para exigir as mudanças políticas de que tanto precisamos. Houve uma época no passado brasileiro em que essas manifestações populares mudaram o rumo de nossa história, tal qual aconteceu essa semana no Egito. Duas vezes aliás. Uma, durante a ditadura militar, os protestos e passeatas contra o regime ditatorial em que vivíamos, e depois o impeachment do presidente Fernando Collor. Esses três momentos compartilham grande insatisfação popular, que ferveu ao longo do tempo e explodiu, causando uma revolta que mudou as coisas.

Hoje, as coisas no Brasil não estão tão ruins e não estão faz um bom tempo, pelo menos dez anos. Claro que também não estão bem. Como disse, problemas não faltam. E nesse equilíbrio bizarro talvez se encontre o motivo de nossa apatia política. As coisas não estão bem como gostaríamos, mas não estão tão ruins a ponto de nos tirar da inércia. Propositadamente ou não nosso governantes nos deixaram nessa estranha posição, nem lá nem cá, garantindo assim a quietude política de que precisam para nos explorar e enganar. Talvez, só talvez, nossa apatia política não seja fruto de nossa alienação midiática ou falta de educação exemplar, e, sim, de nossa própria prosperidade.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sacrifícios

 

Chega-se a uma certa idade, em um certo período da vida em que problemas com relacionamentos são, se não freqüentes, no mínimo, presentes. E com os problemas vêm os conselhos; e com os conselhos, aquelas velhas máximas.

Uma delas, que quase sempre escutei mesmo antes de chegar à idade dos namoros, é que namorar, casar, viver junto, enfim, ter um relacionamento com outra pessoa é uma briga constante, uma verdadeira odisséia, uma jornada que, sem sacrifícios, não vai a lugar algum.

É estranho como essa história possa parecer verdade. Mas será que é mesmo? Talvez essa máxima valesse para o século passado, quando não havia divórcio ou quando ele era mal visto na sociedade. Quando a única opção que se tinha, era viver com a pessoa que você escolheu erroneamente. Dava-se à convivência árdua ares de virtude a ser cativada. Uma desculpa esfarrapada para sustentar uma instituição falida.

Namorar, casar, amar, deve mesmo ser tão difícil assim? Será que é verdade que para se amar é preciso sacrificar e ceder, mesmo contra a vontade própria. Seria apenas uma questão de saber medir, saber equilibrar quando ceder ou não? Amar é se diluir em outra pessoa, e permitir que outra pessoa se dilua em você. Vale a pena carregar esse peso na consciência. Amar não é aceitar o outro como ele é e se alegrar por isso? Então, por que ceder? Por que esperar pelo sacrifício?

Será que me ensinaram a amar errado? Ou eu que não aprendi?…

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Máscaras

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Existem certas idiossincrasias do comportamento humano que me intrigam. Não que isso seja novidade, pois, afinal, eu não entendo muitas coisas desse tal ser “evoluído”. Mas tem umas que realmente me intrigam. E, ao intrigar, instigam meu pensamento na busca por respostas.

Não levo muita fé na bondade humana. Pra mim, todas as pessoas possuem uma essência malévola que é suprimida por certas regras sociais. Assim sendo, quando ouço falar que o trote nas universidades e faculdades é um momento de brincadeira e confraternização para entrosar os calouros e outras choromelas mais, meu sentido cínico logo ataca.

Com outras tantas maneiras de se conseguir entrosar e quebrar o gelo com os novatos, jogar tinta, materiais fedorentos, pós de todos os tipos e cortas roupas e cabelos (para ficarmos apenas nos trotes mais leves, sem mencionar aqueles que acabam em tragédias) me parece ser uma desculpar (das mais esfarrapadas) para se deixar levar por aquela “essência malévola” que falei anteriormente. É como se achassem um momento especial para libertarem o desejo de dominação e superioridade que todos nós escondemos, de exercer poder sobre outros, de humilhar e saciar aquele pequeno demoniozinho que na maior parte das vezes silenciamos dentro de nós.

De onde tirei essa idéia maluca? Da pura e simples observação do comportamento das pessoas ao meu redor e a buscas por outras respostas além das já existentes.

A parte realmente ruim disso tudo é a perpetração dessa cultura mascarada de brincadeira. O desejo de “vingança” deturpado, que se instaura entre um período e outro inocentemente disfarçado, mascarando a perversidade das pessoas e a honestidade delas mesmas.

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O Lobo [Pitty]

Sempre em busca do próprio gozo
E todo zelo ficou pra trás
Nunca cede e nem esquece
O que aprendeu com seus ancestrais
Não perdoa e nem releva
Nunca vê que já é demais.