terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Cannabis: Sim ou Não?



Vamos brincar de faz-de-contas? Só que esse jogo tem regras: não vale mentir nem ser hipócrita, ok?

Você é um usuário inveterado da "erva". Ok, não precisa ir tão longe... você´só usa para fins "recreativos"... para aliviar a pressão do dia-à-dia... e ouve, em primeira mão, que a venda e o uso da maconha será legalizado, no Brasil. Qual é a sua primeira reação?

Agora, você é um pai ou uma mãe careta, sabe dos riscos do uso contínuo da maconha, tanto os físicos quanto os psicológicos, ouve que seus filhos adolescentes poderão comprar um maço de Cannabis ali, na padaria da esquina.

Numa terceira situação, você é o Jorginho Ribeirão, traficante carioca, dono do morro e das maiores bocas da cidade, se não, do estado fluminense. Ouve que seu produto principal, vendido ilicitamente, séra disponibilizado ao mercado consumidor por preços módicos e arrecadando impostos para a Únião. O que você faria? (peraí, essa é fácil!)

Último papel: você é o presidente do Brasil, com o governador do Rio de Janeiro no seu gabinete, bradando aos sete ventos, se apoiando em números de pesquisas - de fontes questionáveis - que o principal financiador do crime na Cidade Maravilhosa é o usuário de maconha, que passa a consumir drogas mais pesadas a medida que o vício não pode ser mais saciado pela Cannabis, e drogas mais pesadas são drogas mais caras. O dinheiro do usuário paga o fuzil que mata. Você aprovaria a lei que tira a maconha da ilegalidade?

Mostrei apenas quatro pontos de vista e - creio - já deu pra sentir que a situação é delicada.

Sou moralista até certo ponto, confesso. E minha opinião é altamente tendenciosa! Mas, veja só...

Sob o ponto de vista individual, a legalização gera dois resultados possíveis: o usuário teria fácil acesso à maconha e os que se repreendiam - por medo de subir o morro ou algo assim - ingressariam as fileiras e o consumo dispararia. Aqueles que usavam módicas quantidades da substância poderiam viciar, já que o caminho à droga seria mais fácil e, portanto, mais frequente. O fato é, que para alguns, a ilegalidade da maconha é um inibidor, muitos jovens não arriscariam experimentar por medo. Se esse lacre se romper, o uso dispararia e não podemos nos esquecer que moramos no Brasil, onde tudo é desenfreado...

Quer uma opinião pessoal? num país em que casos de câncer pulmonar por conta de tabaco são alarmantes, legalizar outro tipo de cigarro é quere falir a saúde pública! "Ah! Mas os impostos arrecadados pela venda legal da maconha serão convertidos e investidos na saúde!" Faça-me o favor né! Impostos investidos no Brasil? Pra cima de mim não!
Já que falamos em imposto, saúde pública e Brasil, que tal falar do Estado?

Já disse que a legalizãção da maconha gera arrecadação de impostos - mal aplicados, ms gera. Mas talvez o ponto principal seja o seguinte: a maconha é a porta de entrada para o mundo underground das drogas. Comprada no morro, ela divide a prateleira com drogas mais pesadas e mais caras, como cocaína. Depois da maconha, o bicho pega, o vício é mais violento, é difícil largar e o limite para se saciar, praticamente, se perde.

Dentro da política "dos males, o menor", a legalização dificultaria o acesso às drogas mais pesadas, já que a "porta de entrada" não daria em lugar nenhum; isolaria o usuário a uma droga só! Possível, mas improvável...

E tirando o cargo chefe do comércio de drogas o poder de compra dos traficantes diminuiria e seu poder viria por terra - em teoria. Grande parte da paz voltaria a reinar no mundo dos mortais. Lembrando sempre que papel aceita tudo (até merda), na teoria tudo é lindo. Se a maconha for proibida, os traficantes colocaram outra droga no seu lugar para continuar a renda da organização.

O fato é que uma transição como essa não será fácil, rápida, nem indolor. Seria a mesma coisa que tornar o tabaco ilegal: milhares cairiam, milhares se dariam bem. A opinião pública é importante, mas, numa questão tão séria e profunda, o melhor a fazer é mantê-la longe da decisão final, pois, por ignorância, poderia escolher o caminho errado. Pelo menos, até que o assunto seja bem discutido.

Na minha opinião, o melhor é conscientizar o público do quanto o uso é prejudicial para o indivíduo e para a sociedade até que fumar maconha não seja mais "legal". Mas aí, eu seria utópico demais... o mundo jamais estará livre do vícios ilícitos...

Tudo que é proibido é mais gostoso...



***


Efeitos da Cannabis sativa: Sonolência, alterações na percepção, alucinações, dificuldades para concentração, compulsão, síndrome amotivacional, prejuízos de memória e atenção, conjuntivite crônica, relativa impotência sexual, insônia, taquicardia, sede e náuseas, boca seca.


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4 comentários:

  1. Fiquei aqui pensando a respeito do teu texto...
    Todas as situações são difíceis... E para ser franca, acho que a legalização da maconha não iria resolver problema algum.... O cigarro e a bebida são lícitos para maiores de 18 anos, e quantos menores vc vê consumindo?????? hahahaha milhares!!!

    Como tu disse no final do texto... Liberar não resolve nada... Acho até que pioraria alguns casos...
    O governo deveria investir pesado em campanhas alertando dos perigos, afinal, maconha não mata por overdose, como cocaína... E todos os jovens pensam que isso é bom... Mas maconha mata por parada cardíaca, e isso, a maioria não sabe...

    Quando ouço as pessoas dizendo que maconha não vicia, que faz bem, tenho vontade de pegar um machado e decepá-las, já que não usam o cerébro pra nada... (Aliás, a longo prazo, os usuários de maconha perdem as sinapses entre os neurônios... a maioria não sabe disso tb...).

    A grande verdade é que não existe uma saída pra isso... Tem muita gente envolvida, muito policial corrupto, muito traficante fdp, e muita gente influenciavel...

    Beijos beijos, bom findi!!!

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  2. Realmente nao sei o que falar..
    ate porque nao concordo com voce! Temos visoes diferentes ne?! A gente ja comentou sobre isso..

    Acho sim que a maconha tras maleficios sim, nunca falei que nao... MAs nao é esse monstro que todos pensam e, comprovadamente, usado "bem usado" faz menos mal que a bebida..

    Mas, o que falamos ontem, é mais que certo, o problema de legalizar é que nem todos sabem usar... Isso seria o grande problema!

    É um assunto complexo demais!!!
    quem sabe um dia todos entram em um acordo:?

    bjaoo

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  3. Bom.. acho que existem pontos de vistas diferentes e nunca haverá um consenso sobre esse assunto.
    Liberar extinguiria vários problemas políticos com a polícia e criminalidade. Porém causaria problemas quanto à campanhas educativas, saúde entre outras coisas.
    Quanto à transformar a maconha nesse monstro que tu transformou. Vários sintomas ali, são os mesmo do àlcool. Muitos sintomas do tabaco são piores, e ambos são liberados. Encontrado em qualquer lugar por aí.
    Pra liberar tem de ter muitas campanhas de conscientização.
    Não sou contra a liberação, desde que bem feita.

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  4. Difícil isso... trabalho com pacientes que procuram (ou são obrigados a procurar) o serviço justamente por esses problemas e vejo bem de perto qual a realidade de um usuário em abstinência de drogas... mas daí dizer que a maconha é a grande vilã da história está errado. Uma coisa é certa, ela é o carro chefe, mas não para o início do uso de outras substâncias (isso a gente aprende em casa, quando os pais e seus amigos bebem uma dose pra relaxar e embalar um papo... nós também perpetuamos esse hábito)e sim para que o trafico possa atingir a todos as classes - maconha é barata perto de outras drogas, perdendo espaço agora para o crack que tem um poder alucinógeno infinitamente maior (a dependência e o risco de morte também).
    A maconha não vai (nunca) deixar de ser consumida enquanto usarmos frases do tipo "pode causar" isso ou aquilo... ela é uma "amiga" traiçoeira, chega silenciosa, sem alarmes, tira sua capacidade de raciocínio rápido (com o tempo o lento também), causa sintomas iguais ao da depressão, podendo com o tempo desenvolver uma depressão crônica. Mas "só" isso ainda não é capaz de persuadir um jovem. Que voltem as propagandas que eram vinculadas no início dos anos 90, que mostrava os efeitos (os desejados e os não desejados) no usuário, lembro nitidamente a que a Claudia Ohana fazia (tudo bem que ela não é o melhor exemplo) que mostrava os efeitos da cocaína e foi tirada da mídia por ser muito "agressiva".
    Mas pensando como um futuro pai, prefiro que meus filhos nunca usem, mas se forem (é impossível controlar ou impedir isso), que seja comprando na padaria da esquina que subindo um morro.

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