domingo, 10 de fevereiro de 2008

Inevitável... sob diversos aspectos...


Eu sempre tive uma mania muito feia!
Na verdade, não chega a ser uma mania e também não sei se chega a ser feia. Bem, vou me explicar...

Desde criança, eu acordava mais cedo e ficava quietinho na minha cama e, às vezes, acabava ouvindo as conversas dos meus pais. De vez enquando, falavam de mim, falavam dele, falavam de outros assuntos. Quando falavam de mim e eu não podia escutar direito ficava muito puto da vida - aliás, foi numa dessas conversas que acabei por descobrir o quanto meu pai confiava nas minhas capacidades intelectuais! Mas não é esse o assunto de hoje...

Hoje de manhã, algo semelhante aconteceu. Entre os meus intervalos de sono, semi-consciência e alerta, ouvi a metade de uma conversa da minha mãe (talvez) perguntando sobre a saúde do meu pai. Ele (talvez) a respondeu que estava tudo certo, falando que sua coagulação estava correta (talvez eu esteja errado, mas acho q foi isso que ouvi), o único problema era o coração, que estava fraco e bombeando pouco sangue. Creio que a conversa tenha surgido da crise de pressão baixa que meu pai teve na sexta feira, que chegou cedo (muito mais cedo que o normal) reclamando de dor de cabeça, enjoo e fraqueza. Sintomas de pressão baixa...

Então, deitado na minha cama, em posição fetal, abraçado ao edredon embolado entre as pernas e os braços, uma idéias passou pela minha cabeça. Sabe aqueles lapsos que às vezes temos, como se o futuro se revelasse para nós num instante? Quase como uma premonição! Aconteceu comigo. Como descrevi antes, ali, deitado na minha cama, vislumbrei o (provável) futuro do meu pai: ele vai morrer do coração...

Quem me conhece, sabe que minha minha relação com meu pai é um tanto conflituosa. Desde muito cedo, eu tento me manter o mais longe possível, por diversas razões. Existem momentos em que experimentamos um intervalo de trégua, nós nos respeitamos, mas não creio que seja como pai e filho. Os motivos dessa briga são vários. O fato é que nós nunca fomos muito chegados um ao outro (ou, pelo menos, eu nunca fui muito chegado a ele...).

Mas vislumbrando aquela possibilidade, meu coração ficou apertado. Já tinha pensado em como seria a morte de outros parentes queridos como minha mãe, minha tia ou até meus primos e, realmente, não me senti tão apreensivo quanto senti ao considerar a morte do meu pai. A morte pra mim sempre foi uma passagem normal da vida, uma etapa necessária e nem os mistérios que estão por trás dela me causam tanto temor quanto para as pessoas. Já perdi minha avó materna e outras pessoas próximas já passaram desta para uma melhor e nunca me abalei. Houve uma pessoa, especialmente próxima, que, quando morreu, eu cheguei até a fazer uma piadinha. Não sobre morta, mas sobre certa ocasião que a envolvia. Olha o nível de frieza!

O que queria dizer é que a morte nunca me causou pavor (a não ser a minha própria...). Medo de perder um ente querido, um parente. Talvez o meu envolvimento com o espiritismo tenha me explicado que a morte não é o último ponto final. É apenas uma passagem para um novo parágrafo.

Meu pai não está moribundo. Sua saúde ainda está boa, e minhas expectativas são de que ele viva mais uns vinte ou trinta anos (mais até do que eu espero pra mim mesmo). No entanto, vislumbar a morte do meu pai foi estranho... ainda mais reconhecendo o (provável) motivo de sua morte. Acho que nunca pensei que meu pai fosse morrer. Minha relação com ele (por mais perturbada que possa ser) sempre foi uma das constantes da minha vida, se não, a única!

Até então, meu pai era imortal...

Não como os filhos, em geral, vêem os pais; como super-herói ou ídolos, mas mais como um fantasma, sempre me assombrando, me cobrando, atormentando, mas sempre ali... e no fim das contas, ele é meu pai! Tenho lá minha dose de carinho por ele, mesmo que enterrada por quilo e mais quilos de conflitos! E a morte dele me deixou apreensivo, agora. Não a ponto de querer reaver minha relação com ele. Acredito que somos melhores isolados um do outro, mas mesmo assim sua morte me deixou apreensivo (sim, eu adoro repetir pensamentos...)

Texto confuso esse... queria escrever algo menos pessoal e com algum tipo de "moral da história". Um texto mais crítico do que desabafo... mas considerando que estou falando de morte, pais e premonições, deve ser inevitável ser emocional/passional e, portanto, toda crítica séria vai para o espaço...

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Um comentário:

  1. Olha eu de novo. heheh
    Mas eu precisava dizer uma coisa sobre esse seu post. Tenho tbm mtos conflitos familiares, isso desde de pequena, mas, no meu caso, é com minha mãe. Concordo em algumas coisas que disse em relação ao seus sentimentos e, talvez essa "premonição" q teve, seja um sinal pra vc rever alguns conceitos ou talvez apenas evitar mais conflitos, pois o tempo passa e agente só dá valor quando perde, pode parecer clichê, mas é verdade e daí o arrependimento bate por não ter dito aquilo queria quando teve chance e fica tarde demais... Apesar q a morte é uma coisa boa sim, claro isso varia mto, mas eu sou espírita e é realmente como vc disse, ela não é o fim e sim um novo recomeço.

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