segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entrre a Vida e a Morte, dos Outros: Parte II




Mate-me!

Isso mesmo! Mate-me!

Mas espera aí! Mate-me sob uma condição: só encerre minha vida se eu não puder mais comer, beber, andar, correr, transar, falar, ver, ouvir, pensar. Mate-me quando eu passar do reino animal para o reino vegetal! Por que é isso que se vira quando se tem uma doença degenerativa grave, se sofre um traumatismo craniano e sobrevive para contar a história - ou melhor, não conta, dependendo da situação - ou, então, outras milhares de possibilidades que podem incapacitar uma pessoa.

Você pode até me dizer que a esperança é a última que morre! Justamente! Caso algo aconteça comigo, prefiro morrer antes da esperança!

Bem, na verdade não quero falar de mim, mas sim da situação geral sobre eutanásia. Um assunto controverso e polêmico. Devemos acabar com a vida de alguém que está num leito de hospital, com a vida dependendo de máquinas e da boa vontade dos outros? Não digo nem pelo esforço dos parentes, pois acabar com a vida de alguém apenas para evitar o sofrimento da família seria egoísmo demais. Mas e o sofrimento do paciente?! Não temos a exata dimensão do que ele sente, se é que sente. E se sentissse, gostaria de se ver na posição de vegetal, incrustado numa cama respirando através de uma bomba, alimentado por soro, tomando banho "à seco". Isso se ele tiver a sorte de entrar em coma. E se ainda estiver conscientee? Observando a tudo, sem poder falar, se expressar, se movimentar? Pra onde vai a dignidade dessa pessoa? Engolida goela a baixo, né? Se não houver qualquer chance de recuperação, não seria melhor desligar os aparelhos e deixá-la partir?

Prepotência demais, acharmos que temos o direito de acabar com a vida de alguém? Talvez. Assim estariamos legalizando o assassinato, de certa forma. Mas não acredito muito nisso! Eutanásia e homicídio são dois fenômenos completamente diferentes! A eutanásia é um recurso médico que interrompe o sofrimento físico ou psicológico do paciente e da família dele, quando todas as esperenças foram esgotadas. Afinal, esse é um dos objetivos da medicina: acabar ou reduzir o sofrimento de um doente, e não prolongá-lo apenas por orgulho, por sentimentalismo, por apego. Por medo.

Óbvio que a eutanásia merece uma legislação muito rigorosa, a fim de evitar que vigarista coloquem seus alvos em estado vegetativo e usem a eutanásia como forma de eliminá-lo, para pegar seus bens. Também acredito que a decisão de matar um paciente em coma ou estado vegetativo, não pertença a família, que pode impedir o processo ou adiantá-lo, segundo seus interesses próprios. A decisão deve ser do infeliz que entrar numa situação dessas. Ok... como ele vai dizer se quer ou não ser morto, se não puder fazer nada?! É preciso colocar essa perspectiva nos nossos planos. Não devemos esperar o pior, claro, mas temos que estar preparado para ele. Se uma pessoa não tem força psicológica para se ver numa situação dessas, então é melhor que procure um advogado e faça uma procuração dizendo que, caso sofra algum acidente ou qualquer fenômeno clínico que o leve ao estado vegetativo, deve ser morto, se não houver qualquer chance do quadro se reverter. Se ela prefere morrer depois da esperança, que não faça nada.

O importente é que cada pessoa pense na sua dignidade e que discuta o assunto com a família, porque já passamos do tempo de achar que morte é um tabu! Não é um assunto agradável, mas, afinal de contas, é a única certeza que temos... Na minha opinião, prefiro ser um presunto do que um vegetal... e você?...

3 comentários:

  1. Acho que tudo que acontece na vida, gera aprendizado. E se não houvesse nada após a morte, não existiria razão da vida ser tão cruel para alguns e tão fácil para outros.

    Não sou a favor da eutanásia, assim como não sou a favor da pena de morte. Nada e nem ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, mesmo que seja para aliviar sofrimentos... Sofrimentos estes da família, pois um paciente em estado vegetativo não sofre absolutamente nada, assim como não sente nada, assim como não come, não fala e não anda. Só existe atividade mental, mas não existe resposta do corpo para está atividade.

    Acredito que para cada ação nossa exista uma reação. Logo, deve existir um propósito para uma pessoa passar por algum problema, sobreviver e ficar em estado vegetativo, assim como deve haver uma explicação para existirem pessoas excepcionais.

    As respostas não são tão simples quanto parecem.

    Mas que tudo na vida tem seu propósito, isso é certo, até a hora da tua morte, e a maneira como ela virá. E não cabe a nós, pequenos em evolução, decidirmos sobre o instante de interromper a vida de outra pessoa, mesmo que seja cercado das melhores intenções!

    Beijos beijos

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  2. Eu sou a favor da eutanasia.. Mas nao sei argumentar o pq...
    Nao sei se na pratica, com algum familiar e/ou alguem muito querido e proximo eu pensaria do mesmo jeito... Qualquer tipo de perda eh muito dificil..
    Mas acho que é direito de alguem sim, escolher se quer continuar vivendo ou nao... E nao so em casos de estados vegetativos... Acredito em outros, como o da historia do filme "Menina de Ouro", em que a menina que aprendeu a ser uma vencedora teria que abandonar o sonho dela, e nao queria viver assim, sem as pernas e sem poder continuar luntando... direito dela... Sei la..rs

    bjao
    Jo

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  3. Eu sou contra a eutanásia, porque os médicos não têm como saber se aquela pessoa realmente está vegentando, porque por mais que os médicos façam vários exames para saber se há ou não uma "vida" ali, acho que é muita presunção da parte deles poder definir se uma pessoa está "viva" ou "morta".

    E também, como pessoas que nunca passaram por isso podem dizer se uma pessoa está ou não vegetando?

    É a mesma coisa de definir o que é um átomo, ou o que acontece após a morte. São meras suposições perante uma coisa muito maior do que a nossa rélis mente mortal.

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