Nestes últimos tempos, no cenário sócio-político brasileiro, nada me tira mais o sono do que o medo da Censura. Ok, medo pode ser um tanto demasiado. Já falei sobre isso em outras oportunidades de modo muito raso, mas nunca parece ser demais bater na mesma tecla, principalmente quando os outros insistem em seguir o mesmo ritmo...
Décadas atrás, o AI 5 era a forma como a Ditadura Militar impedia que as notícias de seus abusos de poder fossem veiculados entre a sociedade. Não é possível nem classificar essa medida como ilegal ou inconstitucional na época, tendo em vista que fora o próprio governo que a elaborar (mas também não estou dando uma de Dunga e ignorando as repercussões claramente trágicas). Hoje, a Censura tem vindo de órgãos que deveriam ajudar a manter a liberdade de expressão. Juízes aprovam liminares para impedir que determinados tópicos sejam discutidos nos meios de comunicação. É o que está acontecendo no Tocantins, em que o candidato a Governador (ou algo parecido) pelo PMDB é acusado de esquemas de corrupção. O que ele fez, com quem ele fez, como ele fez, não me interessa hoje; afinal, político é político e certas variáveis são irrelevantes para a esta equação. Também não interessa se ele estava certo ou errado, se é inocente ou culpado de corrupção. O que me importa hoje é a absurda idéia de que a justiça esteja protegendo uma única pessoa em detrimento do interesse coletivo.
O processo pode até estar correndo em segredo de justiça; mas daí a censurar completamente dezenas de veículos de comunicação? Parece um pouco demais, não? E esse caso isolado não aumenta meu medo. O que me dá medo é que tal candidato a reeleição faz uma coligação com o PT, que nesta campanha fez várias declarações que deixam clara sua posição em relação à mídia livre e à verdadeira democracia.
Anti-PTista? Anti-Lulista? Eu? Sinceramente, não. Mas parece, sim, haver um movimento da atual situação (pra quem não sabe, na linguagem política "situação" é antônimo de oposição) para vetar o que é dito na imprensa que possa ser prejudicial aos seus interesses.
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p.s.: é muito fácil voltar atrás no que se é dito. Carlos Guadim (o citado governador) e Lula fizeram isso, ao serem veemente criticados por suas posturas diante da mídia. Essa retratação seria verdadeira?...
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