Acabou! A dinastia Mubarak chegou ao fim na tarde de ontem! Depois de quase vinte dias de protesto no Egito, o faraó caoético renunciou ao trono e seu reinado virou história. Foi para o seu balneário em algum lugar no Mar Vermelho. Finalmente se tocou que do jeito que estava, não dá e largou o osso. O povo egípcio se encontra agora livre, com um futuro cheio de possibilidades.
Existem várias lições a serem aprendidas nessa história. A primeira delas é que esses e outros que gostam do poder, deveriam se tocar e largar mãos do egoísmo narcisista e enxergar que a estagnação do governo vicia a máquina social, sufoca e leva a eventuais catástrofes - lição que poderia ser aprendia por uns e outros aqui mesmo no Brasil (leia-se: Sarney). Governo não é bem pessoal, é bem social!
Segundo, como já falei, mesmo que a organização de um povo, com um determinado objetivo, derruba até os governos mais resistentes. Como diz o “V”, “Um povo não deveria temer seu governo. Mas um governo deveria temer seu povo”. Ou algo nesse estilo.
Terceira: a internet tem mesmo poderes mágicos. Com sua ajuda, caiu um governo… Será que com a ajuda dela, cairiam também TODOS os governos? Não custa nada sonhar não é mesmo.
Mas acho que o mais impressionante aqui é perceber, numa comparação talvez injusta entre Brasil e Egito, as diferenças sócio-políticas. Nós somos um povo, talvez não oprimido, mas de muitas maneiras, insatisfeito com o rumo que nossos representantes assumem. Histórias de roubos, corrupção e posturas anti-éticas não faltam em nossos jornais. E, no entanto, não fazemos nada para mudar, para exigir as mudanças políticas de que tanto precisamos. Houve uma época no passado brasileiro em que essas manifestações populares mudaram o rumo de nossa história, tal qual aconteceu essa semana no Egito. Duas vezes aliás. Uma, durante a ditadura militar, os protestos e passeatas contra o regime ditatorial em que vivíamos, e depois o impeachment do presidente Fernando Collor. Esses três momentos compartilham grande insatisfação popular, que ferveu ao longo do tempo e explodiu, causando uma revolta que mudou as coisas.
Hoje, as coisas no Brasil não estão tão ruins e não estão faz um bom tempo, pelo menos dez anos. Claro que também não estão bem. Como disse, problemas não faltam. E nesse equilíbrio bizarro talvez se encontre o motivo de nossa apatia política. As coisas não estão bem como gostaríamos, mas não estão tão ruins a ponto de nos tirar da inércia. Propositadamente ou não nosso governantes nos deixaram nessa estranha posição, nem lá nem cá, garantindo assim a quietude política de que precisam para nos explorar e enganar. Talvez, só talvez, nossa apatia política não seja fruto de nossa alienação midiática ou falta de educação exemplar, e, sim, de nossa própria prosperidade.
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