Outro dia me perguntaram qual era a minha orientação política. De direita ou esquerda. Respondi: nenhum dos dois. Na verdade, como última instância, sou de centro-direita. Mas minha verdadeira afinidade é com o Anarquismo.
Pra começar, vamos esclarecer algumas coisas: Anarquismo não é o caos ou a desordem generalizada. O termo anarquismo e suas derivações lingüísticas foram deturpadas ao longo do tempo pelos moralistas que queriam impedir a ascensão de ideologias políticas contrárias à ordem vigente, ou seja, eram contra o socialismo e o anarquismo, que, para alguns, eram a mesma coisa: artifícios do mal para levar a sociedade à decadência e à barbárie. Bem, hoje, sabemos que socialista não come (ou comia) criancinha, mas parece haver ainda certo estigma sobre o anarquismo. E parte desse estigma foi reforçado pelos próprios ditos anarquistas.
A anarquia não tem nada a ver com violência desordem, caos, agressão e outros sinônimos que você pode achar por aí. Anarquia é uma ideologia, politica que “prega” a não-hierarquização da sociedade, a ausência de estruturas de governo que sejam impostas. Em termos simples: sem chefes, sem caciques, pajés, patrões, generais, faraós, xerifes, xeiques, presidentes, ministros nem nada disso. Sem Estado, sem líderes. A população seria, então, livre para se governar.
A associação da anarquia com o caos vem da óbvia conclusão de que pessoas se tornariam um bando de animais selvagens matando uns aos outros, roubando uns dos outros e por aí vai, caso não sejam liderados por algum tipo de governo central. Bem, é difícil negar que esse cenário é provavelmente o mais provável. Mas, me arriscando a colocar fé de mais na boa vontade humana, será que esse Caos se estenderia indefinidamente. Será mesmo que sem um “líder” (leia-se: estrutura de governo) viveríamos esse estado auto-destrutivo?
A resposta de um leigo em dinâmica social?… Não. Aliás, as teorias anarquistas também não. Nós somos programados- biologicamente - para a auto-preservação, inclusive enquanto sociedade. Claro que mataríamos uns aos outros por um período de tempo, mas, eventualmente, encontraríamos um equilíbrio, com o tempo, nos auto-organizaríamos.
NO entanto, vivemos uma programação ainda mais forte: aquela que nos faz acreditar no “uns mandam, outros obedecem”. A hierarquização da sociedade é mais do que um sistema imposto, é um fator cultural entranhado em nossas concepções. O que torna quase difícil - se não impossível - de, sequer, cogitar a hipótese de um mundo livre de governantes. Para não mencionar a atribuição - talvez equivocada - de privilégios e status a quem ocupa algum tipo de cargo de liderança. Um comportamento também cultural. Quem não quer poder, não é mesmo?
Desde ponto de vista, a anarquia, um mundo sem superiores ou inferiores, é uma utopia, um mundo perfeito além do que se pode alcançar. Sim! Infelizmente. Mas imagine por um segundo, um mundo me que não existe política e, assim, políticos, eleição, impostos, corrupção, cargos públicos…
Só “liberdade”…
Nenhum comentário:
Postar um comentário