quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Luíz, José, Mídia e Bom-senso




Extirpar: [Do lat exstirpare.] V.t. d. 1. Arrancar pela raiz; desarraigar; desenraizar. 2. Extrair (ferida, cancro, etc) 3. Extinguir, destruir: extirpar a corrupção. [...]

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Época de eleição geralmente é um inferno. Essa tem sido ainda pior. Talvez, porque minha consciência política tenha amadurecido ou porque situação esteja um pandemônio.

Não acredito que seja possível, sequer, discutir a questão de quebras de sigilo banalizadas ou tráfico de influências na Casa Cívil. Falar que o processo eleitoral se resumiu a escândalos ao invés de se concentrar nas propostas de campanha para melhorar o Brasil, também seria chover no molhado.

O PT se diz vítima de perseguição da mídia "elitista", que defende os ideais e interesses peesedebistas por inúmeras razões e que maximiza, exagera, distorce e manipula a interpretação dos fatos para prejudicar a campanha do PT (porque Dilma já é considerada praticamente eleita, e só mesmo a Marina e o Serra pra continuarem a ter esperança). Sim, não vou dizer que a mídia não seja tendenciosa e manipuladora. Estaria mentindo se afirmasse o contrário. No entanto, o poder manipulativo da mídia acaba quando o telespectador desenvolve seu senso crítico (ok, 90% da população brasileira sequer sabe o que significa senso, o que dirá crítico) e consegue transcender a opinião do veículo de mídia (seja ele Globo, Record, Folha de São Paulo...) e perceber o fato noticiado, e então, desenvolver sua própria opinião.

Outro aspecto que o PT e os partidos de esquerda em geral se esquecem com freqüência (e talvez propositadamente) é que, por mais tendenciosa que a mídia seja, ela jamais inventará fatos! Pode manipular, explorar, vender, exaurir uma notícia. Mas nenhum empresa de comunicação cometerá o suicídio público de inventar uma notícia, independentemente de sua posição política! Chavéz (por quem EU realmente não sinto simpatia nenhuma) é vítima de sucessivas críticas severas da mídia internacional; mas ninguém pode negar o fato que o sujeito está no poder há mais de dez anos, descaracterizando a democracia ao minar as forças de oposição de todo modo possível.

Desse ponto queria analisar duas coisas que me deixaram chocados em questão de dias. A primeira delas foi a declaração do (ainda) presidente Luíz Inácio Lula da Silva (aliás, fiquei pasmo ao saber que "Lula" não é só apelido, é de fato um sobrenome dele!!!) que o partido DEM deveria ser "extirpado" da política brasileira. "Extirpado"... Agora eu lhe pergunto? Ele usou essa palavra como metáfora. Bem, espero que sim, porque os sentido literal é ainda mais sombrio. "Extirpado"...

Ok, eu não fiquei sabendo ainda de nenhum político/candidato filiado ao DEM que fosse honesto. Quando ouço falar no tal partido eu associo imediatamente à políticos corruptos. Se existem algum honestos no partido?... Acredito (espero) que sim, mas é como cabeça de bacalhau: ninguém nunca viu. A questão nem é se deveria ou não extirpar essa especifica legenda, por conta de falcatruas ou por posição política... Não! O "x" da questão (e que Dilma fará questão de salientar na maior inocência que é mais um factóide) é que, mesmo que Lula estivesse "brincando", foi uma terrível escolha de palavra. Na pior das hipóteses, Lula deixou claro ao usar o "extirpar" a intensidade de seus pensamento (se não, sentimentos) em relação à este partido de oposição, consciente ou inconscientemente. Extirpar é uma expressão muito forte para se usar levianamente. E tomara que outras pessoas tenham percebido que essa péssima escolha de palavra apenas corrobora a hipótese gerada pela mídia (e não só ela, mas também de analistas políticos) de que Lula e o PT estão encaminhando as eleições pra garantir uma maioria no Senado e na Câmara e, assim, minimizar as forças de oposição ao ponto de se tornarem insignificantes frente ao seu governo, e, assim como Chavéz, descaracterizar a democracia brasileira; transformando-a numa espécie de oligarquia partidária mascarada.

José Dirceu (lembra, daquele envolvido com um monte de maracutáia uns anos atrás?), numa palestra na Bahia, disse que "há excesso de liberdade de imprensa no Brasil". Bem, é o que os jornais têm colocado em suas manchetes e, aqui, tenho mesmo que dizer que é estratégia para distorcer o entendimento do leitor. Ele não afirmou exatamente isso. A declaração descontextualizada gera confusão. O que foi dito por ele é que no Brasil há um abuso dessa liberdade, que a imprensa abusa do "poder de informar". É triste dizer, mas ele está certo. A mídia esgota, sim, todas as possibilidades de dar informação à sociedade, e muitas vezes equivocadamente.

José Dirceu ainda rebate a idéia de que o PT (e leia aí, todo mundo dessa patota) pretende censurar a imprensa. Mas faça as contas: um presidente afiliado ao partido que diz que deveríamos "extirpar" o DEM, que tem se mobilizado para reduzir a ameaça da oposição em futuros governos, e a mídia é fortemente atrelada a esse movimento. Usando o bom-senso, é óbvio que haverá algum movimento negativo em relação à ela.

É hora de sermos alarmistas e esperarmos uma ditadura, que a democracia está ameaçada? Não acredito. Ainda não, pelo menos. Mas é hora de começarmos a ler nas entrelinhas e perceber que nem tudo que se pinta de vilão é vilão, nem tudo que se pinta de mocinho é mocinho. A política brasileira é cheia de áreas cinzentas, embora os mais afoitos adorem dividir linhas que não existem.

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p.s.: só gostaria de dizer uma coisa. Os únicos governos que temem/odeiam a mídia são as ditaduras e as tiranias.

2 comentários:

  1. posso incluir seu post no movimento eleitor?

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  2. ano de eleição cansa, por n motivos... I hate... e tb odeio meu desejo apolitico de vida! rsrsrs

    Passe em casa, tem um postzinho!

    Bjooo!

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