Eu deveria ter me afastado. Eu sabia isso naquela época, mas até agora eu não consigo entender o porquê. Deveria ter feito tudo diferente. Deveria ter despertado para o que realmente acontecia entre nós. Deveria saber que só eu me machucaria.
Naquele tempo, achei que deveria ter lutado com mais vontade. Que deveria ter te agarrado com unhas e dentes. Hoje, sei que, ter lutado com unhas e dentes, foi justamente o meu maior erro, porque, na minha cabeça, eu ainda estou lutando. Revisito todas as minhas memórias, todas as palavras ditas, cada gesto feito. Cada lágrima e cada sorriso. Cada cicatriz. Volto no passado, estou preso à ele, procurando a única coisa capaz de me libertar desse martírio. Procuro por algo que eu deveria ter feito feito para que tudo fosse diferente.
Deveria ter metido menos os pés pelas mãos? Deveria ter sido mais maduro? Deveria ter me preocupado menos? Deveria ter falado mais? Alguma coisa? Qualquer coisa?! Deveria ter me dedicado mais? Deveria ter perdoado? Deveria ter sido perdoado? Deveria ter deixado as coisas saírem do controle? Deveria ter deixado tudo explodir pelos ares comigo junto? Deveria ter entendido que eu não tinha as rédeas da situação? O quê???
Nada disso. Hoje, eu sei o que eu deveria ter feito.
Eu deveria ter me afastado - Futuro do Pretérito.
Não me afastei - Pretérito Perfeito.
- Pretérito mais que imperfeito.
Belísssimo texto, Igo! Adorei a adoção do novo tempo verbal: pretérito mais que imperfeito! Nada como palavras certas para nos fazer entender o quão doloroso pode ser o nosso passado amoroso.
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